quarta-feira, 9 julho, 2025
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O que é conversa boa e o que é balela na política acreana rumo a 2026?

Eliton Lobato Muniz – Cidade AC News

Nos últimos dias, as conversas sobre as eleições de 2026 no Acre tomaram conta dos bastidores e das rodas de conversa — seja em grupos de WhatsApp, cafés no Centro de Rio Branco ou programas de rádio. E muita coisa que se fala por aí é apenas fumaça. Afinal, o que é realmente conversa boa, baseada em fatos, e o que é balela plantada para confundir ou inflar egos?

Vamos começar pelo mais comentado: a vice-governadora Mailza Assis. Tem gente dizendo que ela virou uma espécie de “Odete Roitman” da política acreana, como se tivesse adotado um estilo agressivo e autoritário. Mas quem conhece a trajetória de Mailza sabe que isso não faz sentido. Ela sempre foi reconhecida pela postura moderada e pela capacidade de costurar apoios em silêncio — qualidades que a colocaram no centro das articulações políticas e mantêm seu nome forte para 2026. O que ela fez, agora, foi apenas mostrar mais firmeza em seus posicionamentos, algo natural para quem almeja comandar o Estado.

Outro ponto que precisa ser colocado em pratos limpos: a história de que “Gladson é Mailza e ponto final”. Quem já acompanhou algumas eleições no Acre sabe que política por aqui muda como o clima amazônico — rápido e inesperado. A aliança entre Gladson e Mailza hoje existe e é forte, mas vai depender de muitos fatores até 2026: pesquisas, desempenho do governo, articulações em Brasília e até mudanças no comando nacional do PP podem mexer nesse tabuleiro.

E o MDB? Tem quem aposte que o partido está fora do jogo porque líderes como Vagner Sales estariam incomodados com o protagonismo de figuras do governo. Balela. O MDB sempre foi mestre em negociar — é da sua essência — e, no Acre, já mostrou mais de uma vez que não hesita em mudar de lado ou compor com quem for mais interessante eleitoralmente. Em 2022, mesmo depois de ter candidato próprio, o MDB acabou apoiando Gladson no segundo turno. Isso mostra que o partido não vai simplesmente se retirar do tabuleiro.

Falando de Bocalom, não faz sentido afirmar que ele será descartado se atrapalhar Márcio Bittar. Bocalom é um nome consolidado em Rio Branco, principalmente nas periferias, e pesquisas internas o mantêm como um candidato competitivo. Se esses números continuarem favoráveis, dificilmente o PL vai abrir mão dele, mesmo que isso signifique bater de frente com outros aliados. No fundo, o PL busca votos e vitória, e não apenas um discurso de unidade.

Quando se trata da esquerda, as especulações sobre PSOL, PCdoB, PV e PT se unirem em torno de um nome fora do PT, como André Kamai, soam mais como desejo do que realidade. Historicamente, essas siglas caminham em separado no Acre, cada uma tentando manter sua identidade e seus próprios candidatos. Em 2020, lançaram nomes diferentes para prefeito; em 2022, divergiram até nas alianças para o Senado. Hoje, a fragmentação é um dos maiores desafios para que a esquerda volte a ter força eleitoral no Estado.

Sobre Jorge Viana, dizer que ele está “perdendo tempo” por estar envolvido em pautas como a regulação das redes sociais é uma leitura rasa. Embora Jorge não esteja todos os dias no Acre, ele segue atuando em Brasília, onde articula projetos que podem ter impacto direto nas alianças para 2026. Nos bastidores, aliados confirmam que ele está construindo pontes com partidos do centro, o que pode fazer diferença mais adiante.

Por outro lado, análises que apontam o desgaste de Márcio Pereira são, sim, conversa boa. Sua saída da articulação da prefeitura de Rio Branco esvaziou seu capital político, deixando-o sem força para as articulações que estavam em curso. Já o PL, partido que mais cresce no Acre, aparece como protagonista nas eleições de 2026 — isso é fato.

No fim das contas, quem quer entender de verdade a política acreana precisa separar o que é análise séria do que é balela espalhada para confundir. O cenário segue aberto, e até agosto de 2026 — prazo para registro de candidaturas — muita água vai rolar. Por isso, é fundamental estar atento às movimentações concretas, ouvir fontes confiáveis e não se deixar levar por narrativas que parecem novela, mas que não passam de cortina de fumaça.

Mailza Assis: mais “Dama de Ferro” do que “Odete Roitman”
A comparação de Mailza Assis com Odete Roitman não se sustenta nem como brincadeira. Se há algo mais próximo de sua postura atual, é o espírito de liderança de Margaret Thatcher, a “Dama de Ferro”, que sabia quando endurecer para proteger seus projetos, mas também valorizava diálogo e articulação. Mailza está apenas mostrando que não aceita ser figura decorativa e quer comandar seu próprio caminho.
A política acreana está passando por um momento de mudanças profundas, em que velhas alianças estão se reorganizando e novos atores ganham espaço. Quem reduzir esse movimento a um roteiro de novela vai errar feio na leitura do cenário. Mailza, ao invés de vilã, surge como protagonista de uma história que ainda terá muitos capítulos até 2026 — e quem apostar que ela não tem força para chegar lá, corre sério risco de se surpreender.
Por Eliton Lobato Muniz – Cidade AC News

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