A partir de 1º de janeiro de 2025, o salário mínimo no Brasil foi reajustado para R$ 1.518, um aumento de 7,5% em relação aos R$ 1.412 de 2024, conforme decreto presidencial publicado em 30 de dezembro de 2024. O ajuste, que beneficia cerca de 59 milhões de trabalhadores, aposentados e beneficiários de programas sociais, reflete a nova política de valorização sancionada no final de 2024, combinando a inflação de 4,84% (medida pelo INPC) com um ganho real limitado a 2,5%. O novo valor, pago a partir de fevereiro, influencia diretamente aposentadorias, Bolsa Família e abono salarial, em um contexto de equilíbrio entre poder de compra e controle fiscal. A mudança na fórmula de cálculo, que introduziu o teto de ganho real, gerou debates sobre seus efeitos na economia e no bolso dos trabalhadores.
O reajuste representa um acréscimo de R$ 106 no valor bruto, mas descontos como o INSS reduzem o montante líquido. A nova regra, válida até 2030, busca conter despesas públicas, enquanto trabalhadores esperam impactos positivos no consumo. A seguir, os principais pontos do aumento:
- Valor líquido: Após desconto de 7,5% do INSS, o salário fica em cerca de R$ 1.404,15.
- Benefícios ajustados: Aposentadorias, abono salarial e Bolsa Família acompanham o novo valor.
- Impacto fiscal: Cada R$ 1 de aumento eleva despesas públicas em R$ 392 milhões.
A alteração na política de reajuste marca um momento de ajustes fiscais, com o governo projetando economia de R$ 2 bilhões em 2025.

Nova política de valorização
A fórmula de cálculo do salário mínimo foi reformulada para 2025. Anteriormente, o reajuste somava a inflação acumulada pelo INPC até novembro do ano anterior ao crescimento do PIB de dois anos antes. Em 2024, o INPC registrou 4,84%, e o PIB de 2023 foi de 3,2%. Sem a nova limitação, o salário mínimo poderia chegar a R$ 1.525, mas o teto de 2,5% para o ganho real, estabelecido pela Lei nº 15.077, reduziu o valor final em R$ 7. A medida, sancionada em dezembro de 2024, faz parte de um pacote fiscal que visa economizar R$ 110 bilhões até 2030.
O governo defende que a limitação garante estabilidade econômica, mas críticos argumentam que ela restringe o poder de compra dos trabalhadores. A nova regra será aplicada anualmente até 2030, com revisões previstas apenas em caso de mudanças significativas no cenário econômico.
Efeitos nos contracheques
O aumento de 7,5% eleva o salário mínimo bruto para R$ 1.518, mas o valor líquido é reduzido por descontos obrigatórios. A contribuição ao INSS, de 7,5% para quem recebe o mínimo, corresponde a R$ 113,85, deixando o trabalhador com aproximadamente R$ 1.404,15. Outros descontos, como vale-transporte ou pensão alimentícia, podem diminuir ainda mais o montante, dependendo do contrato de trabalho.
Trabalhadores com renda de até dois salários mínimos (R$ 3.036 em 2025) continuam isentos do Imposto de Renda Retido na Fonte, o que ameniza a carga tributária. No entanto, a inflação de 2024, especialmente em itens como alimentação (7,6%) e transportes (3,77%), pode limitar a percepção de ganho real para famílias de baixa renda.
Benefícios sociais atualizados
O salário mínimo serve como base para diversos programas sociais e previdenciários, impactando milhões de brasileiros. Segundo estimativas, 19 milhões de aposentados e pensionistas do INSS, além de beneficiários de programas como Bolsa Família e BPC, terão seus valores ajustados. Os principais impactos incluem:
- Aposentadorias do INSS: Benefícios iguais ao mínimo sobem para R$ 1.518; os acima do mínimo são corrigidos pelo INPC (4,77%).
- Bolsa Família: A renda per capita para elegibilidade passa a ser de até R$ 759.
- Abono salarial: O teto para recebimento é ajustado para R$ 3.036.
- Seguro-desemprego: O piso do benefício também sobe para R$ 1.518.
Esses ajustes garantem a manutenção do poder de compra, mas a limitação do ganho real a 2,5% reduz os benefícios para aposentados com valores acima do mínimo, que recebem apenas a reposição inflacionária.
Dinâmica econômica
O reajuste do salário mínimo influencia o consumo e a economia nacional. Um aumento acima da inflação tende a estimular a demanda, especialmente entre famílias de baixa renda, que gastam a maior parte de sua renda em itens básicos. Para 2025, o governo projeta crescimento econômico de 2,64% e inflação de 3,3%, sugerindo recuperação moderada. O incremento de R$ 106 no mínimo pode injetar bilhões na economia, mas o teto de 2,5% limita esse efeito.
Por outro lado, o aumento pressiona as contas públicas. Cada R$ 1 de reajuste eleva as despesas em cerca de R$ 392 milhões, devido à vinculação com benefícios sociais e previdenciários. A nova política de cálculo busca mitigar esse impacto, mas setores como comércio e serviços, dependentes do consumo popular, podem sentir efeitos reduzidos.
Pisos regionais
Alguns estados brasileiros adotam salários mínimos regionais, autorizados pela Lei Complementar nº 103 de 2000, que superam o valor nacional. Esses pisos atendem a categorias específicas e refletem o custo de vida local. Exemplos incluem:
- São Paulo: Piso regional de R$ 1.640 para 2025, aplicado a empregados domésticos e outras categorias.
- Rio de Janeiro: Valores variam por profissão, geralmente acima do mínimo nacional.
- Paraná: Ajustes regionais consideram custos locais, superando R$ 1.518.
Esses pisos regionais oferecem maior poder de compra em estados com custo de vida elevado, mas sua aplicação é restrita a trabalhadores sem acordos coletivos.
Histórico de ajustes
O salário mínimo no Brasil passou por diversas reformulações desde sua criação. Instituído em 1940, durante o governo Vargas, ele variava por região até 1984, quando foi unificado nacionalmente. Entre 2003 e 2016, a política de valorização garantiu ganhos reais significativos, mas entre 2017 e 2022 os reajustes foram limitados à inflação. A retomada da valorização em 2023 marcou o início de uma nova fase, culminando na regra de 2025, com teto de 2,5% para o ganho real.
Discussões sobre a nova regra
A limitação do ganho real a 2,5% gerou debates entre economistas e sindicatos. A medida é vista como necessária para manter a previsibilidade fiscal em um cenário de déficit público, mas críticos apontam que ela reduz o impacto do salário mínimo na redução da desigualdade. Estimativas indicam que o valor ideal para sustentar uma família de quatro pessoas seria superior a R$ 6.000, destacando o desafio de alinhar o mínimo às necessidades reais.
A inflação de alimentos e transportes, que pesa no orçamento das famílias de baixa renda, também levanta questões sobre a eficácia do ganho real limitado. A nova regra será monitorada nos próximos anos para avaliar seus efeitos no poder de compra.
Setores afetados
O aumento do salário mínimo impacta diversos setores da economia. Pequenas empresas, que empregam muitos trabalhadores com salários próximos ao mínimo, enfrentam custos maiores. Já o setor de serviços, como bares e restaurantes, pode se beneficiar do aumento do consumo. Outros impactos incluem:
- Microempreendedores Individuais (MEI): Contribuição mensal sobe para R$ 75,90 (5% do mínimo).
- Empregadores domésticos: Custo maior para manter empregados formais.
- Setor público: Pressão sobre orçamentos municipais e estaduais.
A interação entre esses fatores determinará o impacto líquido do reajuste na economia, influenciado por indicadores como inflação e crescimento.
Projeções para o futuro
A nova política de valorização, com teto de 2,5% para o ganho real, será aplicada até 2030, com revisões previstas apenas em cenários econômicos excepcionais. O governo monitorará indicadores como inflação e PIB para avaliar a sustentabilidade da medida. Enquanto isso, trabalhadores e beneficiários acompanham os efeitos do novo valor no dia a dia, especialmente em um contexto de alta nos preços de itens essenciais.