Por Wanglézio Braga
Em um momento decisivo para a agropecuária do Acre, o Instituto de Defesa Agropecuária e Florestal (IDAF) optou pela ausência. Nesta quarta-feira (4), Rio Branco foi palco do pontapé inicial para o levantamento mais abrangente já feito sobre os custos de produção e margens de lucro da pecuária no estado. O projeto Campo Futuro, promovido pela Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) com o Cepea/Esalq-USP, reuniu os principais atores do setor em Rio Branco e região, com exceção do órgão que, ironicamente, deveria ser um dos que daria tal suporte para aferir dados do setor: o IDAF.
Enquanto técnicos, pesquisadores, produtores e até representantes da Embrapa e da Secretaria de Agricultura sentaram à mesa para traçar o retrato da pecuária local, o IDAF optou por um comportamento inexplicavelmente omisso. A organização confirmou à nossa reportagem que o órgão foi convidado. Mesmo assim, não enviou sequer um observador. Pior: ao ser questionado, o IDAF não respondeu à demanda da imprensa, preferindo manter-se mudo diante de uma situação que expõe sua desconexão com os interesses do setor produtivo. A ausência também foi sentida por alguns pecuaristas que afirmaram: “Seria uma peça-chave nos debates”.
A ausência do instituto em um evento técnico-científico de tal magnitude escancara uma preocupante desarticulação entre o poder público e os agentes que movem o campo acreano. A colaboração do IDAF seria crucial não apenas para enriquecer os dados coletados, mas também para alinhar políticas sanitárias e regulatórias com as reais necessidades dos produtores. Ao se ausentar, o órgão fecha os olhos para os desafios do setor e sabota, indiretamente, a construção de um agro mais eficiente e competitivo no estado que vem sendo pregado pelo governo do Acre. O que se esperava do IDAF era, no mínimo, compromisso com o futuro da agropecuária acreana.