quinta-feira, 4 dezembro, 2025

Aborto no Brasil | O direito à vida em disputa

Eliton Muniz - Free Lancer - Cidade AC News

Aborto divide o Brasil entre princípios bíblicos, direitos individuais e decisões judiciais que mudam o rumo da legislação.

📍 Rio Branco – Acre | Tempo de leitura: 7 min

O aborto voltou ao centro das discussões políticas no Brasil. O tema divide opiniões, mobiliza grupos religiosos e pressiona o Congresso a tomar decisões que tocam em valores éticos, sociais e espirituais profundos.

O que diz a legislação sobre aborto no Brasil

O Código Penal brasileiro, em vigor desde 1940, prevê duas hipóteses legais de aborto: quando a gravidez resulta de estupro e quando há risco de morte para a gestante. Ao longo das décadas, essas exceções foram alvo de debates intensos, mas permaneceram praticamente inalteradas.

Em 2012, o Supremo Tribunal Federal ampliou o alcance dessas permissões ao autorizar, por meio da ADPF 54, a interrupção de gestações em casos de fetos anencéfalos. A decisão foi considerada um marco por defensores da legalização e um retrocesso por lideranças religiosas.

Mais recentemente, em 2024, o PL 1904/2024, de autoria do deputado Sóstenes Cavalcante (PL-RJ) e apoiado por parlamentares da bancada evangélica, reacendeu a polêmica. O texto propõe equiparar abortos realizados após 22 semanas de gestação ao crime de homicídio simples, mesmo quando a gravidez decorre de estupro. A medida foi recebida com protestos por entidades médicas, movimentos feministas e organizações de direitos humanos.

O conflito de visões: fé x direitos individuais

O embate sobre o aborto não se limita ao Brasil. Na América Latina, países como Argentina e Colômbia ampliaram recentemente o acesso à interrupção voluntária da gravidez, enquanto El Salvador e Nicarágua mantêm proibições rígidas, criminalizando qualquer forma de aborto.

No Brasil, pesquisas do Datafolha mostram que a maioria da população ainda se posiciona contra a ampliação das permissões legais. Ao mesmo tempo, levantamentos do Ministério da Saúde indicam que milhares de mulheres recorrem anualmente a procedimentos clandestinos, com riscos à saúde e à vida.

O impacto social e político do aborto no Brasil

  • Setores progressistas defendem que negar o aborto em casos extremos é violar direitos humanos básicos, além de expor mulheres a situações de violência institucional. Para eles, o Estado deve garantir autonomia sobre o próprio corpo e políticas de saúde pública eficazes.
  • Lideranças cristãs, especialmente evangélicas e católicas, sustentam que a vida começa na concepção e que qualquer tentativa de ampliar permissões fere princípios bíblicos. O versículo de Jeremias 1:5 (“Antes que te formasse no ventre, eu te conheci”) é frequentemente citado como base espiritual.

O impacto social

A polarização em torno do tema é evidente. Grupos pró-vida afirmam que a legislação brasileira tem cedido a pressões ideológicas, relativizando valores fundamentais. Já movimentos pró-escolha veem em projetos como o PL 1904 um risco de retrocesso e criminalização da mulher em situação de vulnerabilidade.

No Acre, estado de forte identidade cristã, o assunto repercute de forma intensa. Pastores e padres reforçam a defesa da vida em cultos e missas, enquanto coletivos feministas denunciam a falta de políticas de saúde que acolham mulheres em situações de risco. O debate também chega às redes sociais, onde opiniões se chocam em tom acalorado.

O dilema ético: quem decide sobre a vida?

Por trás das estatísticas e das leis, permanece uma questão essencial: quem tem autoridade para decidir sobre a vida que se forma no ventre? Para uns, a resposta está no direito individual e na autonomia da mulher. Para outros, o princípio inegociável é que a vida é dom de Deus e deve ser preservada em qualquer circunstância.

Caminhos possíveis

Especialistas apontam que, independentemente do rumo da legislação, o país precisará avançar em políticas de prevenção: educação sexual, acesso a métodos contraceptivos e atendimento integral a gestantes em situação de risco. Esses pontos, menos polarizados, podem representar uma agenda comum para reduzir danos sociais sem abrir mão de convicções morais.


💬 E você, leitor? A vida começa na concepção ou em outro momento? O Estado tem autoridade para legislar sobre isso? O debate continua em aberto.


✍️ Por Eliton Lobato Muniz — Cidade AC News
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