
Rio Branco testemunha, nesta quinta-feira (5), um capítulo inédito na história política do Acre. Pela primeira vez, os 241 vereadores dos 22 municípios se reúnem num mesmo espaço para discutir, refletir e se qualificar no exercício de seus mandatos. O 1º Encontro de Vereadores do Acre, promovido pelo Governo do Estado, por meio da Secretaria de Governo (Segov), é mais do que um evento institucional — é um símbolo de valorização do legislativo municipal e um gesto ousado de fortalecimento da democracia na base.
O encontro foi planejado com foco em três pilares: formação técnica, valorização política e troca de experiências reais entre quem vive o dia a dia da vida pública. Com uma programação intensa de palestras, debates e diálogos diretos com o Executivo, o evento promove reflexões profundas sobre o papel do vereador, que vai muito além de aprovar leis ou fazer indicações. É o parlamentar que conhece o cheiro da poeira das ruas e o drama das famílias que batem na porta do poder público em busca de solução.
Durante a abertura, o governador Gladson Cameli não poupou palavras ao criticar o uso da expressão “legislativo mirim”, reafirmando o valor do vereador como “os olhos e ouvidos da população”. E mais: anunciou a criação de uma sala exclusiva no governo estadual para atendimento direto aos vereadores, estabelecendo um canal institucional permanente entre os poderes. Um gesto político importante — e necessário — para quem reconhece que é no município onde a vida acontece.
O secretário de Governo, Luiz Calixto, foi direto ao ponto: “Os problemas da sociedade se resolvem com decisão política. E, para isso, precisamos políticos qualificados”. É o tipo de frase que deveria estar esculpida em todas as câmaras municipais do Brasil. A política de resultados começa com preparo, visão e compromisso.
A força da comunicação no mandato parlamentar também teve espaço de destaque, com a secretária de Comunicação, Nayara Lessa, lembrando que saber se comunicar é saber representar. Já palestras sobre fiscalização de recursos públicos, desenvolvimento regional, oratória e estrutura legal do município trouxeram aos vereadores instrumentos técnicos essenciais para mandatos mais eficientes, éticos e transformadores.
Vereadores como Ronaldo Ferraz, de Xapuri, reforçaram a importância prática do encontro: “Aqui eu aprendo e levo para o meu povo”, disse. É esse espírito de pertencimento e responsabilidade que deve nortear todo agente público — o de ouvir, aprender e aplicar com resultado.
E quando o presidente da União dos Vereadores do Brasil (UVB), Gilson Conzatti, declarou que “não queremos vereadores médios, queremos agentes de transformação”, ele tocou na essência do que deve ser o mandato parlamentar no século 21. Conzatti lembrou que são os vereadores quem vivem os problemas do povo e têm a responsabilidade de propor soluções reais — com técnica, coragem e visão.
Declarações como as dos deputados federais Socorro Neri e Coronel Ulysses, do prefeito Tião Bocalom e da vice-governadora Mailza Assis também trouxeram um reforço simbólico importante: a união entre diferentes níveis de poder em prol do fortalecimento da base democrática.
A programação do evento foi estruturada como uma verdadeira imersão no universo legislativo. Desde a fiscalização de recursos públicos, passando pela comunicação institucional, oratória, desenvolvimento regional, Lei Orgânica Municipal e, claro, o tema central: “O Poder do Vereador”, que fecha o ciclo com a professora Mônica Lopes em palestra final.
Esse encontro precisa entrar para o calendário oficial do estado — e mais do que isso: precisa gerar frutos concretos na prática parlamentar, nos municípios e nas comunidades. Não há democracia sólida sem vereadores bem preparados, e não há município forte com um legislativo enfraquecido ou desacreditado.
O que se viu hoje foi um sopro de renovação na política acreana. Um reconhecimento claro de que o futuro das cidades começa na escuta do povo, passa pela sensibilidade do vereador e se transforma em ação concreta com base técnica, ética e coragem.
Porque, no fim das contas, o verdadeiro poder do vereador está em não se esquecer de onde veio — e para quem serve.