Na manhã de quarta-feira, 23 de julho de 2025, moradores da comunidade Salvador, zona rural de Tarauacá, fecharam a ponte de madeira que dá acesso à vila, alegando risco iminente de desabamento. A estrutura histórica, com mais de 50 anos, apresenta tábuas quebradas, vigas comprometidas e ausência de manutenção regular. A manifestação iniciou-se às 7h, quando dezenas de agricultores, estudantes e profissionais de saúde impediram o tráfego de veículos pequenos e pedestres. O bloqueio foi decidido em assembleia comunitária realizada na noite anterior. Procurada, a Secretaria Municipal de Infraestrutura declarou que já existe projeto de reconstrução em fase inicial, mas falta liberação orçamentária.
O presidente da associação de moradores, João Evangelista, afirmou que a ponte é única via de acesso para ambulância, ônibus escolar e transporte de produção agrícola – especialmente mandioca e peixe – e que a situação se agravou após as últimas chuvas intensas, que aceleraram o apodrecimento das toras de sustentação. Ele destacou ainda que a rede de energia elétrica corre risco, pois um poste que passava pela ponte sofreu desnível de cerca de 30 cm. “Se não nos ouvirem, teremos que manter o protesto, pois nossa segurança e economia estão em jogo”, afirmou.
O prefeito de Tarauacá, em coletiva após o protesto, garantiu que a prefeitura encaminhou pedido de verbas junto ao governo do estado e que a ponte será reconstruída em madeira tratada com maior durabilidade, além de suporte metálico adicional. Técnicos da Secretaria indicaram previsão de início da obra em até 90 dias, com prazo de conclusão estimado em seis meses, dependendo da liberação dos recursos.
A ponte dá acesso a cerca de 120 famílias que residem na comunidade Salvador e arredores. Sem a travessia segura, caminhar até a sede do município implica percorrer trajeto alternativo de 18 km por estrada de terra vicinal. A dificuldade prejudica crianças que participam do transporte escolar e retarda entrega de cestas básicas e remédios às residências. A zona rural também enfrenta risco de isolamento em casos de emergência médica ou questões judiciais.
A mobilização comunitária já ganhou apoio de vereadores da Bancada Ruralista e de deputados estaduais, que se comprometeram a acompanhar o trâmite do projeto no orçamento. O presidente da Câmara Municipal afirmou que abrirá uma sessão extraordinária para tratar do tema ainda nesta semana.
Especialistas em transporte rural afirmam que, com a nova ponte, a Secretaria deve instalar sistema de drenagem adequado nas cabeceiras para evitar acúmulo de água e erosão. A nova estrutura precisará atender às normas da ABNT e suportar veículos de até 3,5 toneladas, incluindo ambulâncias e caminhões leves de entrega.
A situação em Tarauacá destaca a vulnerabilidade das comunidades rurais no Acre, que dependem de infraestrutura básica. A falta de investimento regular nas pontes de madeira foi agravada pelas mudanças climáticas na Amazônia, que tem registrado ventos fortes e chuvas concentradas, contribuindo para a deterioração rápida dessas estruturas.
Eliton Lobato Muniz – Cidade AC News – Rio Branco – Acre
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