Introdução
O Superávit Acre 2025 em agosto, de US$ 6,1 bilhões, foi apresentado pelo presidente da Apex, Jorge Viana, como uma “vitória para o Brasil” diante do tarifaço de 50% imposto pelos Estados Unidos. Em discurso no Acre, ele exaltou a diversificação de mercados e o esforço do governo Lula para abrir novos destinos comerciais. Mas a narrativa, embora otimista, chega ao estado com mais marketing político do que consistência econômica.

O que aconteceu
Em entrevista, Jorge Viana destacou mais de 16 missões empresariais realizadas em todos os continentes, 7 mil empresários envolvidos e a abertura de mais de 400 mercados desde o início do governo. Segundo ele, a diversificação, com foco em Índia, Canadá, Austrália e União Europeia, é a explicação para o Superávit Acre 2025.
Contudo, a realidade mostra que o saldo positivo veio principalmente da alta do dólar e da força das commodities — soja, minério e petróleo – que já dominam a pauta exportadora do Brasil.
Por que importa
O discurso de “vitória” precisa ser relativizado:
- O câmbio elevado aumentou a competitividade das exportações.
- O Superávit Acre 2025 repete a dependência histórica de commodities.
- O tarifaço americano prejudicou setores industriais, como aço e calçados.
A vitória, portanto, é mais conjuntural do que estrutural.
Contradições
- Exportações para os EUA caíram: até produtos fora do tarifaço foram atingidos por insegurança política.
- Diversificação é promessa de longo prazo: acordos com Índia e União Europeia ainda não estão fechados.
- Indústria em risco: a perda de espaço nos EUA ameaça empregos e cadeias produtivas.
Repercussão
No Acre, onde promessas políticas já foram repetidas e esquecidas, a população recebe com ceticismo o discurso de “vitória”. O Superávit Acre 2025 não resolve gargalos locais de infraestrutura, transporte e logística, nem garante competitividade para o setor industrial regional.
Contexto histórico
O Brasil segue dependente da exportação primária. A cada crise externa, o país comemora superávits que refletem mais fatores conjunturais do que reformas estruturais. O Superávit Acre 2025 mantém o padrão: saldo positivo em números, mas sem inovação, tecnologia ou agregação de valor. Essa dependência de commodities não é novidade. Desde o ciclo da borracha na Amazônia até a atual predominância da soja, o país sempre apostou em produtos de baixo valor agregado, sujeitos à volatilidade do mercado internacional. Quando os preços estão em alta, os números parecem robustos; quando caem, castelo desmorona.
No Acre, essa lógica se repete. A economia regional ainda carece de infraestrutura adequada, incentivos à industrialização e políticas de inovação que permitam transformar recursos naturais em riqueza duradoura. Sem diversificação produtiva, o superávit atual pode ser apenas uma fotografia passageira, incapaz de garantir desenvolvimento real.
O que é Superávit
Superávit é quando o governo, empresa ou até uma pessoa arrecada ou ganha mais do que gasta em determinado período. Ou seja, as receitas superam as despesas, gerando sobra de dinheiro no caixa. Esse resultado positivo pode ser usado para pagar dívidas, investir em novos projetos ou simplesmente reforçar as reservas.
Próximos passos
Especialistas apontam que, sem medidas estruturais, o país continuará dependente de commodities. Para transformar números em desenvolvimento real, o Acre e o Brasil precisam:
- Investir em logística e infraestrutura.
- Modernizar rodovias e portos da Amazônia.
- Ampliar segurança jurídica para atrair investimentos.
- Incentivar tecnologia e inovação industrial.
Enquanto isso não ocorre, discursos de vitória soam como slogans de ocasião.
✍️ Por Eliton Lobato Muniz — Cidade AC News
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