Em um movimento aguardado por milhões de brasileiros, o governo federal apresentou, no dia 15 de abril de 2025, o projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias (PLDO) que propõe um salário mínimo de R$ 1.630 para 2026. O valor representa um aumento de R$ 112 em relação aos atuais R$ 1.518, equivalente a um reajuste de 7,4%. A proposta, enviada ao Congresso Nacional, impacta diretamente cerca de 60 milhões de pessoas, incluindo trabalhadores formais, aposentados e beneficiários de programas sociais. Se aprovada, a medida entrará em vigor em janeiro de 2026, com os primeiros pagamentos ajustados a partir de fevereiro. O projeto reflete o compromisso do governo de manter o poder de compra do salário mínimo, mas também levanta debates sobre seu impacto nas contas públicas.
A elaboração do novo valor considera a soma da inflação acumulada até novembro de 2025, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), e o crescimento real do Produto Interno Bruto (PIB) de 2024, limitado a 2,5%. Essa fórmula, adotada desde 2023, busca equilibrar ganhos reais para os trabalhadores com as restrições fiscais impostas pelo arcabouço fiscal. A definição final do salário mínimo, no entanto, depende da confirmação do INPC no fim de 2025, o que pode trazer ajustes na projeção.
Cerca de 59,9 milhões de brasileiros, segundo o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), têm seus rendimentos atrelados ao salário mínimo. O grupo inclui 28,15 milhões de segurados do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), além de trabalhadores informais e beneficiários de programas como o Benefício de Prestação Continuada (BPC). O aumento de R$ 112, embora modesto, pode fazer diferença no orçamento de famílias que dependem exclusivamente desse valor.
Como o reajuste é calculado
O cálculo do salário mínimo segue uma metodologia definida por lei, que combina dois indicadores principais. A inflação, medida pelo INPC, garante que o poder de compra não seja corroído pelos aumentos de preços. Já o crescimento do PIB dos dois anos anteriores adiciona um ganho real, limitado a 2,5% até 2030, conforme aprovado pelo Congresso em 2024. Essa limitação visa conter o impacto do reajuste nas despesas públicas, especialmente em benefícios previdenciários e trabalhistas.
Para 2026, a projeção do governo considera o INPC acumulado até novembro de 2025 e o desempenho econômico de 2024. A combinação desses fatores resulta no reajuste de 7,4%, elevando o salário mínimo de R$ 1.518 para R$ 1.630. O valor final será confirmado em dezembro de 2025, quando o INPC de novembro for divulgado, podendo sofrer ajustes caso a inflação supere ou fique abaixo das estimativas.
- Inflação (INPC): Corrige o poder de compra com base nos preços ao consumidor.
- Crescimento do PIB: Adiciona ganho real, limitado a 2,5% até 2030.
- Prazo de definição: Valor final será conhecido em dezembro de 2025.
Impacto econômico e social do aumento
O salário mínimo desempenha um papel central na economia brasileira, funcionando como referência para trabalhadores formais, informais e beneficiários de programas sociais. O reajuste de 7,4% projetado para 2026 pode impulsionar o consumo, especialmente entre famílias de baixa renda, que destinam a maior parte de seus ganhos a bens essenciais, como alimentos, transporte e moradia. Em regiões como o Norte e o Nordeste, onde o custo de vida é mais baixo, o salário mínimo tem um peso ainda maior no orçamento familiar.
Entre os aposentados, o impacto do aumento é significativo. Dos 28,15 milhões de segurados do INSS vinculados ao salário mínimo, muitos dependem exclusivamente desse valor para despesas com saúde, medicamentos e alimentação. O ganho real de 2,5% garante que o benefício acompanhe o crescimento econômico, ainda que dentro de limites fiscais. Para trabalhadores informais, o novo piso também serve como base para negociações salariais, ampliando seu efeito na economia.
O aumento do salário mínimo também reforça seu papel como ferramenta de distribuição de renda. Em estados menos desenvolvidos, o piso nacional contribui para reduzir desigualdades regionais, incentivando a circulação de renda em pequenos comércios e serviços. No varejo, a expectativa é de um incremento nas vendas de bens de consumo básico, como vestuário e alimentos, especialmente em cidades menores.

Efeitos nas contas públicas
O reajuste do salário mínimo eleva automaticamente as despesas do governo, já que benefícios previdenciários, abono salarial e seguro-desemprego não podem ser inferiores ao piso nacional. Cálculos oficiais indicam que cada R$ 1 a mais no salário mínimo gera um impacto de aproximadamente R$ 400 milhões nas contas públicas. Com o aumento de R$ 112, o governo estima um incremento de R$ 44,8 bilhões em despesas obrigatórias em 2026.
Esse montante pressiona o orçamento, especialmente em um contexto de restrições impostas pelo arcabouço fiscal. O governo busca equilibrar o aumento do salário mínimo com medidas de contenção de gastos, como o teto de 2,5% para o ganho real. A gestão dessas despesas exige planejamento rigoroso para evitar desequilíbrios fiscais, o que torna a aprovação da LDO no Congresso um passo crucial.
Além do impacto direto, o reajuste influencia outros gastos indiretos. Benefícios como o abono salarial, pago a trabalhadores que ganham até dois salários mínimos, e o BPC, destinado a idosos e pessoas com deficiência de baixa renda, terão seus valores ajustados. O seguro-desemprego, que segue o piso nacional como valor mínimo, também será impactado, aumentando o suporte financeiro a trabalhadores demitidos.
Histórico de reajustes e política de valorização
Nos últimos anos, o salário mínimo passou por ajustes que combinaram reposição da inflação e ganhos reais. Em 2023, o valor subiu para R$ 1.320, com um aumento de 8,9%. Em 2024, alcançou R$ 1.412, e, em 2025, chegou a R$ 1.518, com um reajuste de 7,5%. A proposta para 2026 segue essa tendência, mantendo o compromisso de proteger o poder de compra e garantir ganhos reais.
A política de valorização do salário mínimo, retomada em 2023, restabeleceu a inclusão do crescimento do PIB no cálculo do reajuste. Entre 2020 e 2022, os aumentos limitaram-se à reposição da inflação, o que reduziu o ganho real para os trabalhadores. A fórmula atual, com o teto de 2,5% para o ganho real, busca equilibrar benefícios sociais com sustentabilidade fiscal, uma medida adotada para adequar as despesas às regras fiscais.
- 2023: Salário mínimo de R$ 1.320, com aumento de 8,9%.
- 2024: Valor ajustado para R$ 1.412, com ganho real.
- 2025: Piso de R$ 1.518, com reajuste de 7,5%.
- 2026: Projeção de R$ 1.630, com aumento de 7,4%.
Desafios para aprovação no Congresso
A tramitação da LDO no Congresso Nacional será um teste para a articulação política do governo. A proposta, que define as prioridades e metas para 2026, enfrenta um longo caminho até a aprovação final. O salário mínimo é um dos pontos mais sensíveis, devido a seu impacto nas contas públicas e na vida de milhões de brasileiros.
Parlamentares de diferentes partidos já sinalizaram interesse em discutir o reajuste. Alguns defendem um aumento maior, argumentando que o valor de R$ 1.630 ainda é insuficiente para atender às necessidades básicas das famílias. Outros alertam para os riscos fiscais, destacando a necessidade de manter o equilíbrio orçamentário. O governo precisará negociar com deputados e senadores para garantir que a proposta seja aprovada sem alterações que comprometam as metas fiscais.
A tramitação da LDO ocorre em paralelo à análise do Orçamento de 2025, que destinou R$ 50 bilhões para emendas parlamentares. Esse contexto político pode influenciar as negociações, com parlamentares buscando atender demandas regionais. O governo trabalha para manter o texto original da LDO, evitando mudanças que aumentem as despesas além do previsto.
Benefícios atrelados ao salário mínimo
O salário mínimo serve como base para diversos benefícios sociais e trabalhistas, ampliando o impacto do reajuste. Aposentadorias e pensões do INSS, que representam 28,15 milhões de beneficiários, serão ajustadas para R$ 1.630. O Benefício de Prestação Continuada (BPC), pago a idosos e pessoas com deficiência de baixa renda, também seguirá o novo valor, garantindo maior suporte a populações vulneráveis.
O abono salarial, destinado a trabalhadores com renda de até dois salários mínimos, terá seu cálculo atualizado, beneficiando milhões de brasileiros. O seguro-desemprego, que não pode ser inferior ao piso nacional, oferecerá um valor inicial maior, aliviando o impacto financeiro da perda de emprego. Esses ajustes reforçam o papel do salário mínimo como pilar da proteção social.
- Abono salarial: Pago a trabalhadores com renda de até dois salários mínimos.
- BPC: Benefício de um salário mínimo para idosos e pessoas com deficiência.
- Seguro-desemprego: Valor mínimo igual ao salário mínimo vigente.
- Aposentadorias: 28,15 milhões de segurados do INSS vinculados ao mínimo.
Planejamento econômico para 2026
A LDO detalha as prioridades do governo para 2026, incluindo investimentos em saúde, educação e infraestrutura. O aumento do salário mínimo é uma das medidas mais aguardadas, mas também uma das mais desafiadoras, devido ao impacto fiscal. A equipe econômica projeta um cenário de inflação controlada e crescimento moderado do PIB, condições essenciais para sustentar o reajuste sem pressionar as contas públicas.
O governo aposta na aprovação de reformas estruturais para ampliar a arrecadação e financiar despesas obrigatórias. Medidas como a simplificação tributária e o combate à sonegação estão no radar, com o objetivo de aumentar a receita sem elevar a carga de impostos. O planejamento busca conciliar crescimento econômico com responsabilidade fiscal, um equilíbrio delicado em um contexto de demandas sociais crescentes.
A definição do salário mínimo será acompanhada de perto por trabalhadores, aposentados e empresários. O valor final, a ser confirmado em dezembro de 2025, terá reflexos diretos na economia, influenciando desde o consumo familiar até o planejamento orçamentário do governo.
O que o aumento representa para as famílias
Para famílias de baixa renda, o reajuste de R$ 112 por mês pode significar maior acesso a itens básicos, como alimentos, transporte e contas domésticas. Em um contexto de recuperação econômica, o aumento estimula o consumo, beneficiando setores como varejo e serviços. Pequenos negócios, especialmente em regiões menos desenvolvidas, tendem a se beneficiar do incremento na circulação de renda.
Entre os aposentados, o impacto é ainda mais relevante. Muitos dependem exclusivamente do salário mínimo para cobrir despesas com saúde e moradia. O ganho real de 2,5% garante que o valor do benefício acompanhe o crescimento econômico, ainda que dentro de limites fiscais. Para trabalhadores informais, o novo piso serve como referência para negociações salariais, ampliando seu impacto no mercado de trabalho.
O aumento também reforça o papel do salário mínimo como ferramenta de inclusão social. Em estados como Maranhão, Piauí e Alagoas, onde o custo de vida é mais baixo, o piso nacional é um fator de redução da pobreza, permitindo que mais famílias tenham acesso a bens e serviços essenciais.
Próximos passos no Congresso
A tramitação da LDO marcará os próximos meses, com debates que vão além do salário mínimo. A proposta precisa ser aprovada até o fim de 2025 para orientar a elaboração do Orçamento de 2026. Parlamentares devem propor emendas à LDO, buscando atender demandas locais e regionais, o que pode prolongar as negociações.
O governo trabalha para manter o texto original, evitando alterações que comprometam o equilíbrio fiscal. A articulação envolverá líderes partidários, relatores e a equipe econômica, em um processo que testará a capacidade de negociação do Executivo. A aprovação da LDO é apenas o primeiro passo, seguido pelo envio da Lei Orçamentária Anual, que detalhará como os recursos serão gastos em 2026.
A definição do salário mínimo estará no centro das discussões, devido a seu impacto social e fiscal. O valor de R$ 1.630, embora sujeito a ajustes, sinaliza a continuidade da política de valorização, mas também destaca a necessidade de planejamento para garantir a sustentabilidade das contas públicas.
Calendário do salário mínimo
O processo de definição do salário mínimo segue um cronograma anual, com etapas bem definidas:
- Abril: Envio da LDO ao Congresso, com a projeção do salário mínimo.
- Novembro: Divulgação do INPC, que define a inflação acumulada.
- Dezembro: Confirmação do valor final para o próximo ano.
- Janeiro: Novo salário mínimo entra em vigor.
- Fevereiro: Pagamento do valor ajustado aos trabalhadores e beneficiários.
Expectativas para 2026
O aumento do salário mínimo é uma das medidas mais aguardadas para 2026, com reflexos diretos na vida de trabalhadores, aposentados e beneficiários de programas sociais. A proposta de R$ 1.630 reflete o esforço do governo para conciliar crescimento econômico com inclusão social, em um cenário de desafios fiscais.
A tramitação da LDO será acompanhada de perto, com parlamentares e sociedade civil debatendo o impacto do reajuste. O governo aposta em um cenário de inflação controlada e crescimento moderado para sustentar o aumento, enquanto busca reformas para ampliar a arrecadação. O valor final, a ser confirmado em dezembro de 2025, definirá o rumo de uma das políticas mais importantes do país.
O salário mínimo, mais do que um número, é um instrumento de justiça social e desenvolvimento econômico. Seu aumento, embora modesto, fortalece o consumo, reduz desigualdades e garante maior segurança financeira para milhões de brasileiros, especialmente os mais vulneráveis.