O Príncipe William, em sua primeira visita oficial à Estônia, passou dois dias intensos no país entre quinta-feira, 20 de março, e sexta-feira, 21 de março, destacando o papel do Reino Unido na segurança europeia e o apoio às iniciativas locais. Como Coronel-em-Chefe do Regimento Mércia, ele esteve no Campo de Tapa, a cerca de 100 quilômetros da fronteira com a Rússia, para acompanhar as atividades da Operação Cabrit, uma missão da OTAN que reforça o flanco oriental da aliança contra possíveis ameaças. Acompanhado de tropas britânicas e estonianas, o príncipe participou de uma cerimônia de transferência de comando entre a Guarda Real dos Dragões e o Regimento Mércia, enfatizando a continuidade do compromisso britânico com a defesa da região. A visita ocorre em um momento de tensões geopolíticas, com a guerra na Ucrânia e a presença de cerca de 60 mil refugiados ucranianos na Estônia, país de apenas 1,3 milhão de habitantes, como pano de fundo. Além do foco militar, William explorou o avanço estoniano em energia renovável, participando de um workshop com startups da Cleantech Association em Tallinn, e visitou a Freedom School, uma instituição criada para apoiar a educação de crianças ucranianas deslocadas pelo conflito.
Em Tallinn, a capital estoniana, o príncipe foi recebido pelo presidente Alar Karis no Gabinete Presidencial, onde discutiram a colaboração entre os dois países e o suporte à Ucrânia. A agenda incluiu momentos de interação com a população local, como quando ele recebeu um boneco da personagem infantil estoniana Lotte para seus filhos e posou para selfies com dezenas de cidadãos. A visita também trouxe um tom pessoal, com William elogiando a resiliência dos ucranianos em uma aula de língua na Freedom School e brincando sobre a filha, Charlotte, que provavelmente tentaria pegar o bracelete de amizade nas cores da Ucrânia que ele ganhou dos alunos.
A passagem pelo país báltico combinou compromissos militares e humanitários com um olhar para o futuro sustentável. Na Cleantech Association, o príncipe ouviu como empresas locais estão inovando em soluções de energia limpa, como drones movidos a hidrogênio e painéis solares, em um contexto em que Estônia, Letônia e Lituânia recentemente se desconectaram da rede elétrica controlada pela Rússia, integrando-se ao sistema europeu. Sem impacto na produção de petróleo, segundo a Petrobras em outro contexto noticiado recentemente, a greve de petroleiros no Brasil não interferiu na narrativa da visita, mas reforça a relevância global da segurança energética, um tema que também ecoou nas discussões de William na Estônia.
- Encontro com o presidente Alar Karis
- Visita à Freedom School para apoio a ucranianos
- Workshop com startups da Cleantech Association
- Participação na Operação Cabrit no Campo de Tapa
Compromisso com a OTAN no flanco oriental
A Operação Cabrit, que o Príncipe William veio fortalecer com sua presença, é a maior mobilização permanente do Exército Britânico no exterior, com cerca de 900 militares estacionados na Estônia. No Campo de Tapa, ele acompanhou exercícios de treinamento em trincheiras, subiu em um tanque Challenger 2 e dirigiu um veículo de artilharia Archer, demonstrando apoio direto às tropas do Regimento Mércia. A missão, parte da Presença Avançada Reforçada (eFP) da OTAN, reúne forças do Reino Unido, França, Dinamarca e Estônia para deter possíveis agressões russas, em um momento em que os países bálticos monitoram de perto os desdobramentos na Ucrânia.
A cerimônia de transferência de comando no Campo de Tapa simbolizou a renovação do compromisso britânico com a segurança regional. O Regimento Mércia assumiu as funções da Guarda Real dos Dragões, trazendo experiência acumulada em operações anteriores. Durante o evento, William conversou com soldados estonianos e britânicos, perguntando sobre sua rotina e elogiando a colaboração entre as forças. A proximidade da base com a fronteira russa, a apenas 183 quilômetros, reforça a importância estratégica da presença militar, que o príncipe destacou como essencial para a estabilidade na Europa Oriental.
Solidariedade com a Ucrânia na Freedom School
Na Freedom School, fundada em maio de 2022 pelo Ministério da Educação e Pesquisa da Estônia, o Príncipe William mergulhou no esforço do país para acolher refugiados ucranianos. A instituição foi criada em resposta à invasão russa e atende crianças e jovens deslocados, oferecendo educação e suporte psicológico. Durante a visita, ele se encontrou com professores ucranianos que compartilharam suas histórias de adaptação em Tallinn e os desafios de cuidar do bem-estar mental dos alunos, muitos dos quais deixaram suas casas em meio ao conflito.
William participou de uma aula de língua ucraniana, tentando dizer “boa tarde” nos idiomas ucraniano e estoniano, e se envolveu em uma atividade de basquete com os estudantes, embora sem acertar a cesta. Em um momento descontraído, ele recebeu um bracelete nas cores azul e amarelo da bandeira ucraniana, comentando que sua filha Charlotte adoraria o presente. A visita destacou a resiliência dos alunos, com o príncipe elogiando sua força e espiritualidade diante de anos difíceis, reforçando o apoio do Reino Unido à causa ucraniana desde o início da guerra.
Exploração da energia limpa em Tallinn
O interesse do Príncipe William por sustentabilidade, evidenciado por sua criação do Earthshot Prize, encontrou eco na visita à Cleantech Association. Em um workshop em Tallinn, ele conheceu startups que desenvolvem tecnologias como drones a hidrogênio e painéis solares apresentados em programas como o Grand Designs. Essas empresas fazem parte de uma associação que promove a colaboração entre negócios de tecnologia limpa, dialoga com formuladores de políticas e busca conexões internacionais para impulsionar uma economia mais verde.
A recente desconexão dos países bálticos da rede elétrica russa, em favor da integração ao sistema europeu, foi um tema central. Essa mudança, concluída no último mês, aumentou a independência energética da Estônia e abriu espaço para fontes renováveis como solar e eólica. William ouviu como essas inovações estão fortalecendo a segurança energética da região, um passo crucial em um contexto de tensões com a Rússia, e incentivou as startups a continuarem expandindo suas soluções para um futuro sustentável.
- Drones movidos a hidrogênio
- Painéis solares inovadores
- Desconexão da rede elétrica russa
- Integração ao sistema europeu
Cronograma da visita à Estônia
A agenda do Príncipe William na Estônia foi dividida em dois dias intensos:
- 20 de março: Encontro com o presidente Alar Karis, visita à Freedom School e workshop na Cleantech Association
- 21 de março: Chegada ao Campo de Tapa, cerimônia de transferência no Regimento Mércia, visita à área de treinamento e interação na cantina NAAFI
Apoio às tropas e bem-estar militar
No Campo de Tapa, além dos exercícios militares, o Príncipe William visitou a equipe de bem-estar, que detalhou o suporte emocional e psicológico oferecido aos soldados da Operação Cabrit. Com cerca de 900 britânicos em rotação contínua ao lado de forças estonianas, francesas e dinamarquesas, a missão exige cuidados especiais para manter a saúde mental dos militares, muitos dos quais passam meses longe de casa. Ele também passou um momento descontraído na cantina do Navy, Army and Air Force Institutes (NAAFI), onde jogou sinuca e futebol de mesa com as tropas, reforçando o moral do grupo.
A presença de William no treinamento em trincheiras e no uso de sistemas de armas como o tanque Challenger 2 e o veículo Archer mostrou o comprometimento do Reino Unido com a preparação das forças. Ele perguntou aos soldados estonianos sobre sua experiência com os britânicos, brincando para que não se sentissem obrigados a elogiá-los por sua causa, o que gerou risadas e um clima leve entre os presentes. A visita ao NAAFI, um espaço informal para compras e socialização, encerrou o dia com uma nota de proximidade entre o príncipe e os militares.
Significado diplomático da visita
A passagem do Príncipe William pela Estônia vai além de uma visita militar. Encontrar o presidente Alar Karis reforçou os laços entre Reino Unido e Estônia, especialmente em um momento em que líderes europeus discutem o envio de tropas para a Ucrânia como força de paz, conforme mencionado pelo presidente estoniano. A presença britânica no país, com 900 soldados, é vista como um sinal claro de apoio à OTAN e à segurança dos países bálticos, que temem uma escalada russa após anos de ocupação soviética no passado. A visita segue outras ações diplomáticas recentes, como a de Sir Keir Starmer e John Healey, que também reafirmaram o compromisso com a região.
A interação com a população em Tallinn, onde William foi recebido por cerca de 200 pessoas em um dia frio, mostrou o apelo da monarquia britânica no exterior. Ele posou para selfies, recebeu presentes como um cesto de alimentos e uma boneca Sipsik, e ouviu histórias de cidadãos como o banqueiro Julius Lwanga, que ficou emocionado com o encontro. A combinação de temas militares, humanitários e ambientais na agenda do príncipe reflete sua evolução como figura de relevância global, alinhando-se aos interesses estratégicos do Reino Unido e às suas paixões pessoais por sustentabilidade e apoio às vítimas de conflitos.
