O Acre vive silenciosamente uma epidemia emocional. E a porta de saída começa por uma pergunta que ninguém faz.
Existe uma cortesia enganosa no nosso dia a dia:
perguntamos “Você está bem?” como quem cumpre um ritual social.
Ninguém quer, de fato, a resposta.
E, por costume, ninguém dá a verdadeira.
Mas há uma diferença enorme — e decisiva — entre estar bem e estar se sentindo bem.
“Estar bem” virou uma performance.
É o que você responde para o mundo, para manter a máquina funcionando, para não preocupar ninguém.
É o estado socialmente aceito, o rótulo que você veste para seguir o fluxo.
Quase sempre é uma mentira educada.
Já “estar se sentindo bem” é outra coisa.
É íntimo.
É emocional.
É orgânico.
É a pergunta que não se faz para fora — faz-se para dentro.
Trata do que pulsa por trás do seu rosto, do que pesa nos ombros, do que o corpo tenta avisar em silêncio.
Só que ninguém pergunta isso.
Nem para o outro.
Nem para si mesmo.
Por isso, um estado inteiro atravessa a vida no piloto automático, respondendo “tô bem” enquanto vive cansado, ansioso, desregulado, com uma tristeza sem nome e um nó na garganta que nunca se desfaz.
A pergunta que salva não é “Você está bem?”.
É:
“Como eu estou me sentindo hoje?”
Essa pergunta quebra o teatro e abre a porta para a verdade interna.
Ela revela desalinhamentos antes invisíveis, crises antes abafadas, dores escondidas atrás de sorrisos disciplinados.
E quando essa verdade aparece, uma segunda necessidade se impõe:
procurar ajuda profissional.
Psicólogo e psiquiatra não são atalhos da loucura.
São instrumentos de cuidado.
São técnicos da saúde emocional.
São a engenharia silenciosa que sustenta vidas que desmoronariam sozinhas.
Porque a vida não exige que você esteja impecável.
Exige que você seja honesto com o que sente.
E, na hora em que o “estou bem” desmorona — e acontece com todos — você precisa ter aprendido a fazer a única pergunta que realmente te devolve para dentro:
“O que eu estou sentindo agora?”
Essa é a pergunta que desarma o medo.
Que oferece caminho.
E que te lembra que pedir ajuda não é falha: é maturidade.
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📲 Por Eliton Lobato Muniz — Cidade AC News
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