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Depressão e burnout avançam e afetam produtividade, vínculos sociais e saúde pública no Brasil

Profissional sentado com cabeça baixa em ambiente de trabalho, simbolizando esgotamento

Profissional sentado com cabeça baixa em ambiente de trabalho, simbolizando esgotamento

OMS aponta Brasil como um dos países mais afetados por transtornos mentais; empresas e governos ainda falham na resposta estruturada

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O Brasil enfrenta uma epidemia silenciosa de depressão e burnout. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 15% da população brasileira apresenta sintomas depressivos em algum momento da vida, enquanto a síndrome de burnout afeta trabalhadores em diversos setores. O impacto é direto na produtividade, nos vínculos sociais e na saúde pública — e a resposta ainda é considerada tímida por especialistas, tanto na iniciativa privada quanto nas políticas públicas.

O retrato alarmante da saúde mental no país

Dados recentes da OMS, da Fiocruz e do Ministério da Saúde apontam que:

E no ambiente de trabalho, os efeitos são cada vez mais visíveis:

Burnout: o fogo lento do esgotamento invisível

A síndrome de burnout é caracterizada por esgotamento físico e emocional intenso, sentimento de ineficácia profissional e distanciamento afetivo. Reconhecida como doença ocupacional pela OMS, ela tem se tornado comum entre profissionais de saúde, educação, segurança pública e setores administrativos, especialmente após a pandemia de Covid-19.

“Burnout é a ponta do iceberg. A empresa vê a queda de desempenho, mas não o colapso interno que levou até ali”, explica a psicóloga organizacional Beatriz Sampaio.

A nova NR‑01 já exige que riscos psicossociais, como estresse crônico, sejam mapeados nos Programas de Gerenciamento de Riscos (PGR), mas a fiscalização ainda engatinha.

Depressão: da rotina ao colapso

Diferente do estigma de “tristeza”, a depressão é um transtorno clínico grave, multifatorial, que causa:

Em muitas regiões, como o Acre e outros estados do Norte, a escassez de psicólogos no SUS e o preconceito ainda dificultam o diagnóstico precoce, aprofundando a crise.

O impacto vai além do indivíduo

A depressão e o burnout rompem redes sociais, enfraquecem vínculos afetivos e sobrecarregam famílias inteiras. O impacto sobre filhos, cônjuges e colegas de trabalho é profundo. A sobrecarga emocional se alastra, gera afastamentos em cadeia e afeta o ambiente coletivo.

“Meu marido foi diagnosticado com depressão no fim de 2024. Perdemos renda, vínculo, energia. A doença é da família inteira, não só do paciente”, relata Luciana M., 38 anos, moradora de Rio Branco.

Poder público ainda responde de forma fragmentada

Apesar da gravidade dos números, especialistas alertam que o Estado brasileiro ainda trata a saúde mental como apêndice. A maioria dos municípios não tem programas preventivos robustos. A fila para atendimento psicológico no SUS pode ultrapassar 6 meses em algumas capitais — no Acre, chega a um ano em cidades do interior.

Iniciativas como a Lei 13.819/2019, que institui a Política Nacional de Prevenção da Automutilação e do Suicídio, ainda carecem de orçamento e execução.

Conclusão: de frescura à falência coletiva

O que antes era visto como “fraqueza” ou “mimimi” hoje se revela uma crise estrutural, com custo humano e financeiro altíssimo. O país que negligencia o emocional do seu povo compromete o presente e o futuro. O colapso da saúde mental não se resolve com frases motivacionais ou mesa de ping-pong na empresa. É hora de parar de tratar o emocional como invisível. Porque o que adoece em silêncio, explode no coletivo.

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Assinado por:

Eliton L. Muniz – Estagiário
Cidade AC News – www.cidadeacnews.com.br

Fontes:

 

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