A morte de Gene Hackman, ícone de Hollywood com mais de 80 filmes em sua carreira, chocou o mundo em fevereiro de 2025, quando seu corpo e o de sua esposa, Betsy Arakawa, foram encontrados em sua casa em Santa Fe, Novo México. A autópsia final do ator, divulgada recentemente, trouxe à tona detalhes comoventes e complexos sobre os últimos dias do astro de 95 anos. Problemas cardíacos, Alzheimer em estágio avançado e indícios de jejum prolongado foram confirmados como fatores centrais em seu falecimento, enquanto a investigação revelou um cenário de isolamento e tragédia. A morte de Betsy, causada por hantavírus, uma rara doença transmitida por roedores, ocorreu cerca de uma semana antes, deixando Hackman sozinho em casa, possivelmente sem plena consciência devido à demência.
Os exames conduzidos pelo escritório do investigador médico chefe de Novo México detalharam o estado de saúde de Hackman. O ator, conhecido por papéis memoráveis em filmes como Operação França e Os Imperdoáveis, enfrentava há anos problemas cardíacos graves. Desde 2019, ele utilizava um marcapasso biventricular para tratar insuficiência cardíaca, além de stents e uma válvula aórtica implantada. Esses dispositivos, no entanto, não foram suficientes para evitar o desfecho fatal, apontado como hipertensão aterosclerótica cardiovascular.
Além das condições cardíacas, a autópsia revelou que Hackman sofria de Alzheimer em estágio avançado, com alterações significativas no cérebro que comprometiam sua capacidade cognitiva. A combinação de demência e a ausência de Betsy, que cuidava dele, pode ter contribuído para os sinais de jejum prolongado detectados no exame. Níveis elevados de cetonas no sangue, com 5,3 mg/dL contra um valor normal de até 0,3 mg/dL, indicaram que o ator passou dias sem se alimentar adequadamente, um quadro agravado pela solidão e pela doença.
Contexto da tragédia em Santa Fe
A casa de Hackman e Betsy, localizada em um condomínio fechado em Santa Fe, tornou-se o epicentro de uma investigação que revelou condições preocupantes. A propriedade, avaliada em cerca de 4 milhões de dólares, abrigava sinais de infestação por roedores, com fezes, ninhos e armadilhas encontradas em anexos, embora não na residência principal. Esses elementos corroboraram a causa da morte de Betsy, atribuída ao hantavírus pulmonar, uma infecção rara e frequentemente fatal.
A sequência dos eventos sugere que Betsy faleceu por volta de 12 de fevereiro, enquanto Hackman, cuja última atividade registrada pelo marcapasso ocorreu em 18 de fevereiro, morreu dias depois. A descoberta dos corpos, em 26 de fevereiro, foi feita por um funcionário da manutenção que avistou Betsy caída através de uma janela. A cena encontrada pelos policiais incluía não apenas os corpos do casal, mas também o de um de seus cães, que provavelmente morreu de fome e desidratação.
- Hantavírus: Doença rara transmitida por roedores, com sintomas como febre, dores musculares e dificuldade respiratória.
- Alzheimer avançado: Compromete memória, raciocínio e funções básicas, podendo levar à incapacidade de cuidados pessoais.
- Jejum prolongado: Elevação de cetonas no sangue indica falta de alimentação, agravada por demência e isolamento.

Investigação detalha últimos dias do casal
A investigação conduzida pelas autoridades de Santa Fe trouxe à luz os últimos momentos de Hackman e Betsy. Registros telefônicos mostram que Betsy fez uma ligação para uma clínica médica em 12 de fevereiro, buscando orientações sobre sintomas de congestão. Ela havia cancelado uma consulta no dia anterior, alegando a necessidade de cuidar de Hackman, que apresentava sintomas semelhantes a um resfriado. Esses detalhes sugerem que Betsy, mesmo doente, priorizou o bem-estar do marido, sem plena consciência da gravidade de sua própria condição.
A autópsia de Betsy confirmou que o hantavírus, caracterizado por sintomas iniciais semelhantes aos de uma gripe, evoluiu rapidamente para insuficiência respiratória e cardíaca. A presença de roedores na propriedade, embora não na casa principal, foi considerada um fator determinante para sua infecção. A análise do corpo de Hackman, por outro lado, mostrou um coração marcado por múltiplas intervenções cirúrgicas, incluindo evidências de ataques cardíacos prévios e alterações renais devido à hipertensão crônica.
O estado avançado de Alzheimer de Hackman provavelmente o impediu de perceber a morte de Betsy ou de buscar ajuda. A ausência de comida em seu estômago, conforme constatado na autópsia, reforça a hipótese de que ele passou seus últimos dias em um estado de confusão e desnutrição. A investigação também revelou que o casal vivia de forma extremamente reservada, o que pode ter contribuído para a demora na descoberta dos corpos.
Vida privada e legado de Gene Hackman
Gene Hackman, nascido em 30 de janeiro de 1930, em San Bernardino, Califórnia, construiu uma carreira lendária em Hollywood. Com mais de 80 filmes, ele se destacou em papéis que mesclavam intensidade dramática e carisma, como o detetive Popeye Doyle em Operação França, que lhe rendeu o Oscar de melhor ator em 1972, e o xerife Bill Daggett em Os Imperdoáveis, que garantiu o Oscar de melhor ator coadjuvante em 1993. Sua versatilidade o levou a papéis em gêneros variados, de thrillers como A Conversação a blockbusters como Superman, onde interpretou Lex Luthor.
Após se aposentar do cinema em 2004, Hackman mudou-se com Betsy para Santa Fe, buscando uma vida longe dos holofotes. O casal, que se conheceu na década de 1980 e se casou em 1991, compartilhava um estilo de vida discreto, focado em arte e privacidade. Betsy, uma pianista clássica, era descrita como o principal apoio de Hackman, especialmente nos anos em que sua saúde começou a declinar.
A relação do casal era marcada por gestos de afeto, como revelado por notas trocadas entre eles, divulgadas como parte da investigação. Hackman, mesmo com Alzheimer, escrevia mensagens humorísticas e carinhosas para Betsy, chamando-a de “minha garota adorável”. Essas cartas oferecem um vislumbre da conexão profunda entre os dois, mesmo em meio às dificuldades impostas pela doença.
Fatores que agravaram a tragédia
Vários elementos contribuíram para o desfecho trágico do casal. A ausência de cuidadores regulares na casa, especialmente após a morte de Betsy, deixou Hackman desamparado. Sua condição de Alzheimer, que afetava gravemente sua capacidade de tomar decisões ou buscar ajuda, foi um fator determinante. Além disso, a infestação por roedores na propriedade, embora limitada a anexos, expôs Betsy ao hantavírus, uma doença com taxa de mortalidade de cerca de 38% em casos confirmados.
A investigação também destacou a falta de contato frequente com familiares ou amigos próximos. Hackman, que tinha três filhos de um casamento anterior, mantinha uma relação distante com eles, o que pode ter contribuído para o isolamento do casal. A decisão de viverem de forma tão reservada, embora refletisse seus valores, acabou limitando o suporte externo em um momento crítico.
- Isolamento: Vida privada extrema reduziu contato com familiares e amigos.
- Falta de cuidadores: Após a morte de Betsy, Hackman ficou sem assistência.
- Condições da propriedade: Presença de roedores aumentou risco de doenças como hantavírus.
Cronologia dos eventos
A sequência dos acontecimentos que culminaram na morte de Hackman e Betsy foi reconstruída com base em evidências coletadas pelas autoridades:
- 8 a 12 de fevereiro: Betsy pesquisa sintomas de gripe e COVID-19, faz contato com uma clínica médica e cancela uma consulta para cuidar de Hackman.
- Cerca de 12 de fevereiro: Betsy morre de hantavírus pulmonar, provavelmente sem perceber a gravidade de sua condição.
- 18 de fevereiro: Última atividade registrada pelo marcapasso de Hackman, indicando arritmia atrial.
- 26 de fevereiro: Corpos do casal e de um cão são encontrados por um funcionário da manutenção.
- 27 de fevereiro: Autópsias são realizadas, confirmando as causas das mortes.
- Março e abril de 2025: Investigação avança com liberação de registros e detalhes da autópsia.
Impacto da morte de Hackman no cinema
A morte de Gene Hackman reacendeu discussões sobre seu impacto no cinema. Considerado um dos maiores atores de sua geração, Hackman trouxe profundidade a personagens complexos, muitas vezes retratando homens comuns enfrentando dilemas morais. Sua habilidade de transitar entre papéis principais e coadjuvantes, sempre com presença marcante, o tornou uma referência para atores contemporâneos.
Filmes como Bonnie e Clyde (1967), que marcou sua ascensão em Hollywood, e Mississippi em Chamas (1988), onde interpretou um agente do FBI, mostram sua versatilidade. Mesmo após sua aposentadoria, Hackman continuou sendo celebrado por fãs e críticos, com retrospectivas de sua obra organizadas em festivais de cinema. Sua decisão de se afastar das telas, motivada por preocupações com a saúde cardíaca após um teste de estresse em Nova York, foi respeitada, mas deixou um vazio na indústria.
A tragédia de sua morte, agravada pela solidão e pela demência, também trouxe à tona debates sobre o cuidado de idosos com doenças neurodegenerativas. A falta de suporte para Hackman em seus últimos dias levanta questões sobre a importância de redes de apoio para pessoas em situações semelhantes, especialmente aquelas que optam por uma vida reservada.
Detalhes da autópsia e saúde de Hackman
A análise post-mortem de Hackman forneceu um retrato detalhado de sua saúde debilitada. O coração do ator apresentava cicatrizes de múltiplos procedimentos, incluindo cirurgias para colocação de stents e substituição da válvula aórtica. A hipertensão crônica, que afetava seus rins, também foi confirmada como um fator de risco adicional. O marcapasso, implantado em 2019, registrou arritmia atrial em seus momentos finais, um sinal de que o coração já não suportava as demandas do corpo.
O exame do cérebro revelou placas amiloides e emaranhados neurofibrilares, características típicas do Alzheimer avançado. Essas alterações indicam que Hackman provavelmente enfrentava dificuldades significativas com memória, orientação e autocuidado, o que explica sua incapacidade de responder à morte de Betsy ou buscar ajuda. A presença de cetonas elevadas no sangue, um marcador de cetose, sugere que ele passou pelo menos alguns dias sem ingerir alimentos, um quadro comum em pacientes com demência grave que vivem sozinhos.
A autópsia também descartou desidratação significativa, mas confirmou função renal comprometida, outro reflexo da hipertensão de longa data. Esses dados, combinados com a ausência de cuidadores, pintam um quadro de vulnerabilidade extrema nos últimos dias de Hackman, agravado pela perda de Betsy, que era sua principal companheira e cuidadora.
Repercussão e privacidade do casal
A morte de Hackman e Betsy gerou comoção entre fãs e colegas de Hollywood. Atores como Clint Eastwood, com quem Hackman trabalhou em Os Imperdoáveis, e diretores que colaboraram com ele ao longo dos anos expressaram tristeza pela perda. No entanto, a família do ator, incluindo seus três filhos, buscou preservar a privacidade do casal, solicitando a restrição de imagens e vídeos da cena da morte.
Uma decisão judicial em março de 2025 determinou que fotos ou vídeos mostrando os corpos de Hackman e Betsy não seriam divulgados, embora relatórios de autópsia e outros registros, como áudios de policiais, pudessem ser liberados. Essa medida reflete o desejo de longa data do casal de manter sua vida pessoal longe dos holofotes, um valor que Hackman defendeu desde sua mudança para Santa Fe na década de 1990.
A liberação de notas trocadas entre Hackman e Betsy, no entanto, trouxe um toque humano à tragédia. As mensagens, escritas em meio ao avanço do Alzheimer, mostram o humor e o carinho de Hackman, que se referia a Betsy com apelidos afetuosos. Esses documentos, parte da investigação, oferecem uma janela para a vida do casal, marcada por amor e apoio mútuo, mesmo diante de desafios de saúde.
Reflexos da tragédia em saúde pública
O caso de Hackman e Betsy trouxe atenção para questões de saúde pública, como o manejo de doenças neurodegenerativas e a prevenção de infecções zoonóticas. O hantavírus, embora raro, é uma preocupação em áreas rurais como Novo México, onde roedores são comuns. Campanhas de conscientização sobre a limpeza de propriedades e o uso de armadilhas adequadas ganharam força após o caso, com autoridades locais reforçando a importância de medidas preventivas.
O Alzheimer, por sua vez, afeta milhões de pessoas em todo o mundo, com cerca de 50 milhões de casos diagnosticados globalmente, segundo estimativas da Organização Mundial da Saúde. A tragédia de Hackman destaca os desafios enfrentados por pacientes em estágios avançados, especialmente quando vivem em isolamento. A falta de cuidadores formais ou de uma rede de apoio pode levar a situações de risco, como desnutrição ou incapacidade de responder a emergências.
- Prevenção de hantavírus: Limpeza regular de áreas propensas a roedores e uso de máscaras ao manipular materiais contaminados.
- Cuidados com Alzheimer: Monitoramento regular, cuidadores capacitados e redes de apoio comunitário.
- Saúde cardíaca: Controle de hipertensão e acompanhamento médico para evitar complicações.
Legado duradouro de Hackman
Gene Hackman deixa um legado que transcende suas conquistas no cinema. Sua dedicação à arte, combinada com sua escolha de viver uma vida simples e reservada, inspira reflexões sobre equilíbrio e autenticidade. Seus filmes continuam a ser revisitados por novas gerações, com clássicos como Operação França e Os Imperdoáveis mantendo relevância cultural e artística.
A tragédia de sua morte, marcada por Alzheimer, problemas cardíacos e jejum prolongado, também serve como um lembrete da fragilidade humana, mesmo para figuras lendárias. A história de Hackman e Betsy, com sua conexão profunda e final trágico, ressoa como um apelo por maior atenção às necessidades de idosos e à importância de sistemas de suporte robustos.
O impacto de Hackman no cinema e na cultura popular permanece intacto, com sua obra servindo como testemunho de uma carreira marcada por talento e integridade. Enquanto fãs lamentam sua perda, sua história continua a inspirar discussões sobre saúde, privacidade e o valor de uma vida bem vivida.