Um incêndio em uma subestação elétrica próxima ao aeroporto de Heathrow, em Londres, desencadeou um caos global na aviação nesta sexta-feira, 21 de março. O incidente, que interrompeu as operações de um dos terminais aéreos mais movimentados do planeta, afetou diretamente quase 1,4 mil voos, segundo dados do Flightradar24. Passageiros de diversas partes do mundo, incluindo brasileiros, enfrentaram desvios, cancelamentos e atrasos, enquanto autoridades correm para restabelecer a normalidade no tráfego aéreo e investigar as causas do problema.
A retomada das operações em Heathrow começou de forma gradual às 18h no horário local (15h em Brasília), com a chegada do primeiro voo após o incêndio. Representantes do aeroporto afirmaram que a expectativa é alcançar “plena operação” no sábado, 22 de março, mas companhias aéreas como a British Airways alertaram que 85% de sua programação pode ser cumprida, embora atrasos sejam inevitáveis. A National Grid UK, responsável pelo fornecimento de energia, anunciou uma “solução provisória” ao reconfigurar a rede elétrica, mas a situação expôs vulnerabilidades na infraestrutura que ainda geram questionamentos.
No Brasil, os impactos foram sentidos em voos diretos entre São Paulo, Rio de Janeiro e Londres. O voo da Latam, que partiu de Guarulhos, precisou ser desviado para Madri, na Espanha, enquanto outro, programado para sair de Heathrow rumo a São Paulo, foi cancelado. Passageiros afetados foram realocados para o domingo, 23 de março. Já a British Airways também redirecionou um voo de São Paulo para a capital espanhola, evidenciando como o incidente reverberou em rotas internacionais.

Origem do caos: o que aconteceu em Heathrow
Localizado em Hayes, a apenas 2,5 km do aeroporto, o incêndio na subestação North Hyde começou na noite de quinta-feira, 20 de março, com os serviços de emergência acionados às 23h23 (20h23 em Brasília). As chamas, que atingiram um transformador com 25 mil litros de óleo de resfriamento, geraram colunas de fumaça visíveis a quilômetros de distância. Vídeos nas redes sociais capturaram a intensidade do fogo, que só foi controlado às 6h28 da sexta-feira (3h28 em Brasília), após horas de trabalho intenso dos bombeiros.
A queda de energia resultante paralisou Heathrow, um hub crucial que movimenta milhões de passageiros e cargas anualmente. O Corpo de Bombeiros de Londres descreveu o incêndio como “muito visível e significativo”, destacando os desafios para conter as chamas em uma estrutura crítica. Moradores próximos receberam orientações para manter portas e janelas fechadas devido à fumaça, e várias ruas foram interditadas, ampliando o impacto na região oeste de Londres.
Embora as causas do incêndio permaneçam desconhecidas, o secretário de Energia do Reino Unido, Ed Miliband, revelou que o gerador de reserva da subestação sofreu danos, o que agravou a crise. A ausência de um sistema de backup eficiente no aeroporto também levantou críticas, já que, apesar de possuir geradores a diesel e fontes de alimentação ininterruptas, eles não foram capazes de suprir toda a demanda operacional durante a emergência.
Impactos globais e a resposta emergencial
Heathrow, o aeroporto mais movimentado da Europa, é um ponto nevrálgico para o comércio e o turismo global. A paralisação afetou não apenas voos locais, mas também conexões internacionais, gerando um efeito dominó em rotas pelo mundo. Dados do Flightradar24 mostram que, além dos 1,4 mil voos diretamente impactados, companhias aéreas tiveram de reorganizar escalas e redirecionar aeronaves para outros aeroportos, como Madri e Paris.
A British Airways, principal operadora em Heathrow, informou que está ajustando sua malha para minimizar transtornos, mas pediu paciência aos passageiros. Já o Heathrow Express, trem que conecta o aeroporto ao centro de Londres, operou em regime reduzido, com saídas a cada meia hora, para facilitar a saída de viajantes retidos nos terminais. Enquanto isso, a National Grid UK trabalhou na reconfiguração da rede elétrica, garantindo o retorno parcial da energia ao aeroporto.
No cenário brasileiro, os quatro voos diretos entre o país e Heathrow sofreram alterações drásticas. Além dos desvios para Madri, o voo da British Airways que partiria do Galeão, no Rio de Janeiro, enfrentou atrasos significativos. Passageiros foram orientados a evitar o aeroporto londrino a menos que recebessem instruções específicas de suas companhias, uma medida que reflete a gravidade da situação.
Cronologia do incidente em Heathrow
O incêndio em North Hyde e seus desdobramentos seguem uma linha do tempo marcada por desafios logísticos e operacionais. Confira os principais momentos:
- Quinta-feira, 20 de março, 23h23 (20h23 em Brasília): Serviços de emergência são acionados após o início do incêndio na subestação North Hyde, em Hayes.
- Sexta-feira, 21 de março, 6h28 (3h28 em Brasília): Bombeiros controlam as chamas, mas a energia em Heathrow já está comprometida.
- Sexta-feira, 21 de março, manhã: Aeroporto anuncia fechamento total, afetando quase 1,4 mil voos e gerando caos entre passageiros.
- Sexta-feira, 21 de março, 18h (15h em Brasília): Primeiro voo pousa em Heathrow, sinalizando o início da retomada das operações.
- Sábado, 22 de março: Previsão de retorno à “plena operação”, segundo representantes do aeroporto.
Essa sequência de eventos evidencia a rapidez com que um problema localizado pode escalar, afetando uma infraestrutura considerada essencial para o Reino Unido e o mundo.
Fragilidades expostas: por que o backup falhou
Apesar de sua relevância global, Heathrow revelou limitações em sua capacidade de resposta a crises energéticas. O aeroporto conta com sistemas de backup, incluindo geradores a diesel e fontes de alimentação ininterruptas, mas eles se mostraram insuficientes para manter as operações em larga escala. Uma fonte interna informou que a ativação dessas alternativas demanda tempo, e os sistemas precisam ser reiniciados e testados antes de voltar ao funcionamento pleno.
Jonathan Smith, vice-comissário do Corpo de Bombeiros de Londres, detalhou que o transformador envolvido no incêndio continha 25 mil litros de óleo, o que intensificou as chamas e complicou o combate ao fogo. A proximidade da subestação ao aeroporto, a apenas 2,5 km, também contribuiu para a gravidade do impacto. Especialistas já apontam que a dependência de uma única fonte energética primária pode ser um ponto fraco a ser revisto na infraestrutura do terminal.
A situação gerou debates sobre a resiliência de Heathrow diante de emergências. Enquanto a National Grid UK trabalha para estabilizar a rede, o incidente serve como alerta para outros grandes aeroportos sobre a necessidade de sistemas de contingência mais robustos, capazes de suportar falhas críticas sem paralisar operações.
Investigação em curso e próximos passos
Agentes antiterrorismo da Polícia Metropolitana assumiram a liderança na investigação do incêndio, devido ao impacto na infraestrutura nacional crítica. Até o momento, não há evidências de que o fogo tenha sido resultado de um ato criminoso ou terrorista, mas todas as possibilidades estão sendo analisadas. O Corpo de Bombeiros de Londres colabora com as autoridades, fornecendo dados técnicos sobre o combate às chamas e a extensão dos danos.
A subestação North Hyde, que abastece não apenas Heathrow, mas também áreas residenciais e comerciais no oeste de Londres, continua sob avaliação. A National Grid UK informou que a “solução provisória” implementada deve garantir o fornecimento de energia até que reparos completos sejam realizados. No entanto, o tempo necessário para uma recuperação total ainda é incerto, mantendo o alerta entre operadores e autoridades.
Para os passageiros, a recomendação é clara: acompanhar atualizações das companhias aéreas antes de se deslocar ao aeroporto. A British Airways e a Latam já estão realocando viajantes afetados, mas a normalização total depende de fatores como testes de segurança nos sistemas elétricos e a capacidade de Heathrow de absorver o fluxo represado de voos.
Dicas para viajantes afetados pelo caos em Heathrow
Milhares de passageiros ainda lidam com as consequências do incêndio. Veja algumas orientações práticas:
- Verifique o status do seu voo diretamente com a companhia aérea antes de ir ao aeroporto.
- Considere rotas alternativas, como voos via outros hubs europeus, caso a viagem seja urgente.
- Monitore atualizações em tempo real pelo Flightradar24 ou pelos canais oficiais de Heathrow.
- Planeje-se para atrasos, levando em conta que 85% da malha da British Airways pode operar no sábado, mas com ajustes.
Essas medidas ajudam a reduzir transtornos em um momento de instabilidade no tráfego aéreo.