O governo federal, sob a gestão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, divulgou a projeção para o salário mínimo em 2026, que deve alcançar R$ 1.630. O valor representa um aumento em relação aos R$ 1.550 estimados para 2025 e reflete a política de valorização do piso nacional, que considera a inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) e o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB). A proposta, incluída no Projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias (PLDO) de 2026, foi encaminhada ao Congresso Nacional em abril de 2025 e busca garantir o poder de compra dos trabalhadores, além de impulsionar a economia. O ajuste previsto para 2026 leva em conta uma estimativa de inflação de 4,2% para 2025, conforme parâmetros econômicos do governo, e mantém a trajetória de recuperação do valor real do salário mínimo, que perdeu terreno em gestões anteriores.
A política de valorização do salário mínimo tem sido uma marca das administrações de Lula, que, desde 2004, implementou aumentos reais acima da inflação. O cálculo atual utiliza a fórmula estabelecida pela Lei 14.663/2023, que determina a correção pelo INPC acumulado no ano anterior, somado ao crescimento real do PIB de dois anos antes, quando positivo. Para 2026, o governo estima que o PIB de 2024, base para o cálculo, tenha registrado expansão de 2,3%. Esse mecanismo assegura que o salário mínimo não apenas acompanhe a inflação, mas também incorpore ganhos reais, beneficiando cerca de 50 milhões de trabalhadores formais e informais, além de aposentados e pensionistas do INSS cujo benefício é atrelado ao piso nacional.
O impacto do aumento do salário mínimo vai além dos trabalhadores. Ele influencia diretamente a economia, estimulando o consumo, especialmente em setores como varejo e serviços, que dependem da renda de baixa e média faixa. Em 2025, o salário mínimo de R$ 1.550 já deve movimentar bilhões de reais na economia, e o incremento para R$ 1.630 em 2026 deve ampliar esse efeito. No entanto, o ajuste também pressiona as contas públicas, já que benefícios previdenciários, como aposentadorias e pensões, são diretamente afetados. Estima-se que cada real de aumento no salário mínimo gere um impacto de aproximadamente R$ 400 milhões nas despesas do governo, o que exige equilíbrio fiscal para manter a sustentabilidade orçamentária.
Trajetória de recuperação do salário mínimo
O salário mínimo no Brasil passou por períodos de avanços e retrocessos nas últimas décadas. Durante os governos de Lula e Dilma Rousseff, entre 2003 e 2014, o piso nacional acumulou ganhos reais de cerca de 70%, impulsionados por uma política que combinava correção inflacionária e aumentos baseados no crescimento econômico. Esse período foi marcado por forte inclusão social, com milhões de trabalhadores saindo da linha da pobreza. Contudo, entre 2015 e 2022, crises econômicas e mudanças na política de correção levaram a uma estagnação do valor real do salário mínimo, com ajustes muitas vezes limitados à inflação ou até abaixo dela.

A partir de 2023, com o retorno de Lula à Presidência, o governo retomou a política de valorização. Em 2024, o salário mínimo foi fixado em R$ 1.412, e para 2025, a projeção é de R$ 1.550, um aumento de 9,8% em relação ao ano anterior. Para 2026, o valor de R$ 1.630 reforça o compromisso com a recuperação do poder de compra. O governo destaca que essa estratégia não apenas beneficia os trabalhadores, mas também reduz desigualdades, já que o salário mínimo é referência para cerca de 60% dos empregos no setor informal, especialmente no Nordeste e entre mulheres e trabalhadores negros.
A projeção para 2026 também considera o cenário econômico global. Com a inflação mundial ainda pressionada por fatores como mudanças climáticas, que afetam preços de alimentos, e instabilidades geopolíticas, que elevam custos de energia, o governo busca manter a estabilidade interna. A estimativa de inflação de 4,2% para 2025, usada como base para o cálculo do salário mínimo, reflete um cenário de controle fiscal e monetário, mas está sujeita a revisões, já que choques externos podem alterar as projeções.
Impactos econômicos e sociais do aumento
O aumento do salário mínimo para R$ 1.630 em 2026 terá reflexos diretos em diversos setores. No comércio, o incremento na renda dos trabalhadores deve aquecer as vendas, especialmente de bens de consumo básico, como alimentos, vestuário e eletrodomésticos. Pequenos e médios negócios, que dependem do consumo local, tendem a ser os mais beneficiados. Além disso, o ajuste fortalece a arrecadação de impostos, já que o maior consumo eleva a receita de tributos como ICMS e IPI.
No entanto, o aumento também gera desafios. Empresas de pequeno porte, que empregam grande parte dos trabalhadores com salário mínimo, podem enfrentar dificuldades para absorver o custo adicional. Setores intensivos em mão de obra, como construção civil e serviços, devem sentir maior pressão sobre suas margens de lucro. Para mitigar esses impactos, o governo estuda medidas de desoneração tributária e incentivo ao crédito, embora detalhes ainda não tenham sido divulgados.
- Benefícios do aumento do salário mínimo:
- Ampliação do poder de compra de cerca de 50 milhões de trabalhadores.
- Estímulo ao consumo em setores como varejo e serviços.
- Redução de desigualdades regionais e sociais.
- Fortalecimento da arrecadação tributária.
- Desafios associados:
- Pressão sobre as contas públicas, especialmente no INSS.
- Aumento de custos para pequenas e médias empresas.
- Risco de inflação se o consumo crescer acima da capacidade produtiva.
Cronograma de ajustes recentes e futuros
A evolução do salário mínimo nos últimos anos reflete as prioridades econômicas e sociais do governo. O piso nacional passou de R$ 1.320 em 2023 para R$ 1.412 em 2024, um aumento de 6,97%. Para 2025, o valor projetado de R$ 1.550 representa um avanço de 9,8%, e a projeção de R$ 1.630 para 2026 mantém a tendência de crescimento real. Esses ajustes seguem a fórmula estabelecida pela Lei 14.663/2023, que garante correção pela inflação mais o crescimento do PIB, quando aplicável.
- Cronograma de aumentos recentes:
- 2023: R$ 1.320 (correção de 8,9% em relação a 2022).
- 2024: R$ 1.412 (aumento de 6,97%).
- 2025: R$ 1.550 (projeção de 9,8%).
- 2026: R$ 1.630 (projeção com base em INPC de 4,2% e PIB de 2024).
Esse cronograma demonstra o esforço do governo em recuperar o valor real do salário mínimo, que, em 2022, havia atingido um dos menores patamares em termos reais desde 2006. A expectativa é que, até o final do mandato de Lula, em 2026, o piso nacional alcance níveis próximos aos registrados no auge da política de valorização, entre 2010 e 2014.
Desafios fiscais e sustentabilidade
O aumento do salário mínimo, embora benéfico para trabalhadores e para a economia, impõe desafios significativos às contas públicas. Cerca de 25 milhões de aposentados e pensionistas do INSS recebem benefícios atrelados ao piso nacional, e cada real de incremento no salário mínimo eleva as despesas previdenciárias em aproximadamente R$ 400 milhões por ano. Além disso, programas sociais como o Benefício de Prestação Continuada (BPC) e o abono salarial também são impactados, ampliando o custo total do ajuste.
Para 2026, o governo prevê um déficit primário de R$ 28,3 bilhões, conforme indicado no PLDO. O aumento do salário mínimo contribui para essa pressão, exigindo medidas de contenção em outras áreas do orçamento. Entre as estratégias em discussão estão a revisão de isenções fiscais e o fortalecimento da arrecadação por meio de reformas tributárias. No entanto, o governo enfrenta resistências no Congresso, onde setores conservadores defendem maior rigor fiscal, enquanto aliados progressistas pressionam por mais investimentos sociais.
A sustentabilidade da política de valorização do salário mínimo também depende do desempenho econômico. Um crescimento do PIB acima do esperado pode aliviar a pressão fiscal, enquanto uma inflação mais alta do que a projetada pode exigir ajustes adicionais no salário mínimo, aumentando os custos. O governo monitora indicadores como o INPC e o PIB de 2024, que serão confirmados no início de 2025, para refinar as projeções.
Benefícios para grupos vulneráveis
O aumento do salário mínimo tem um impacto desproporcionalmente positivo em grupos historicamente vulneráveis. Mulheres, trabalhadores negros e moradores de regiões como o Nordeste, onde o trabalho informal é predominante, são os principais beneficiados. Dados do IBGE indicam que cerca de 60% dos trabalhadores que recebem até um salário mínimo são mulheres, e 70% são negros ou pardos. O incremento no piso nacional reduz desigualdades de renda e fortalece a inclusão social.
Além disso, o salário mínimo é referência para o trabalho informal, que representa cerca de 40% da força de trabalho no Brasil. Em setores como agricultura, construção e serviços domésticos, o piso nacional serve como base para negociações salariais, mesmo que os contratos não sejam formalizados. O aumento para R$ 1.630 em 2026 deve, portanto, beneficiar milhões de trabalhadores que não têm carteira assinada, mas dependem do salário mínimo como parâmetro.
- Grupos mais impactados pelo aumento:
- Mulheres: representam a maioria dos trabalhadores com salário mínimo.
- Negros e pardos: 70% dos que recebem até um salário mínimo.
- Trabalhadores informais: cerca de 40% da força de trabalho.
- Moradores do Nordeste: região com maior proporção de empregos de baixa renda.
Perspectivas para a economia
O aumento do salário mínimo para R$ 1.630 em 2026 deve consolidar a recuperação econômica iniciada em 2023, após anos de estagnação. O incremento na renda dos trabalhadores estimula a demanda interna, que é o principal motor da economia brasileira. Setores como o varejo de alimentos, que responde por cerca de 10% do PIB, e o comércio eletrônico, que cresce a taxas de dois dígitos anualmente, devem registrar ganhos significativos.
No entanto, o sucesso dessa política depende de um ambiente macroeconômico estável. A taxa de juros, atualmente em 10,75% ao ano, precisa ser gerenciada para evitar pressões inflacionárias. Além disso, investimentos em infraestrutura e produtividade são essenciais para que a economia absorva o aumento do consumo sem gerar desequilíbrios. O governo aposta em programas como o Novo PAC, que prevê R$ 1,7 trilhão em investimentos até 2026, para sustentar o crescimento.
A projeção do salário mínimo para 2026 também reflete o compromisso do governo com a redução da pobreza. Estima-se que cada aumento real de 1% no salário mínimo tire cerca de 300 mil pessoas da linha da pobreza extrema. Com o ajuste para R$ 1.630, o Brasil pode avançar na meta de erradicar a miséria, um dos pilares do plano de governo de Lula.