O pedal acreano segue firme, vencendo quilômetros e preconceitos. O que antes era apenas lazer de fim de semana, hoje é movimento, é estilo de vida e, para muitos, até o principal meio de transporte. O ciclismo cresce a cada dia no Acre — nas ruas, nas trilhas e nas pistas de competição. Mas, junto com o avanço do esporte, também aumentam os desafios de quem tenta coexistir em um trânsito que, muitas vezes, não reconhece o ciclista como parte dele.

Presidente da Federação Acreana de Ciclismo, Tuxaua Marques vive essa realidade no asfalto. Entre um treino e outro, ele testemunha o que chama de “trânsito caótico e desumano”. “Infelizmente, não somos aceitos pela maioria dos condutores. Seja carro pequeno, caminhão ou ônibus, o ciclista quase nunca é visto como um cidadão com direito de estar ali. E quando há disputa por espaço, sempre vence o maior”, lamenta.

Para Tuxaua, o problema vai além da imprudência: é cultural. Ele conta que, durante os treinos, ciclistas já foram xingados, e até jogado para fora da via. “Tem motorista que acha que ciclista é vagabundo, que está pedalando enquanto ele trabalha. Não entende que por trás do capacete tem pai de família, trabalhador, gente que pedala por saúde, por esporte, por amor à vida”, desabafa.
Outro ponto crítico é a situação das ciclovias, que deveriam garantir segurança, mas acabam se transformando em mais um obstáculo. “Boa parte delas precisa de manutenção. O que a gente mais encontra é entulho, carros estacionados e sujeira. Em muitos trechos, o ciclista é forçado a voltar para a pista, justamente onde está mais vulnerável”, destaca.

Mesmo diante das dificuldades, o presidente da federação acredita no potencial do ciclismo como instrumento de transformação. “O pedal une pessoas, muda hábitos e pode até salvar vidas. O que falta é consciência e vontade política. A bicicleta não é inimiga do carro — ela é parte de uma cidade mais humana”, afirma.
Tuxaua Marques encerra com um apelo que resume o sentimento de toda uma comunidade: respeito. “Não queremos privilégios, só o direito de pedalar em paz. De sair de casa e voltar com segurança. Porque por trás de cada ciclista, há uma história, uma família e um sonho que também pedala.”




