Governo anuncia, prefeitura promete, mas quem dirige encara só barro e promessa.
O elevado em Rio Branco virou símbolo da promessa que nunca sai do papel. Milhões gastos em anúncios, mas quem paga a conta é o povo preso no trânsito.
Em Rio Branco, o elevado prometido para resolver o trânsito virou sinônimo de vergonha pública. Enquanto milhões aparecem em anúncios e PowerPoints, o que se vê na prática é barro, buraco e a paciência do povo atolada junto com as máquinas paradas.
Elevado. Só o nome já sugere algo que se ergue, que avança. Mas no Acre, o elevado ganhou outro significado: promessa que não sai do chão. Quem passa pela região do futuro canteiro de obras sabe que o “cartão-postal do progresso” não passa de um tapume pintado, máquinas enferrujadas e discursos requentados em coletivas de imprensa.
O custo inicial beirava os R$ 40 milhões. Depois, o orçamento inchou para R$ 55 milhões. Agora já se fala em mais de R$ 70 milhões. A conta sobe, o concreto não aparece e o trânsito continua travado. O motorista que deveria ganhar tempo perde paciência. E quem mora perto da obra carrega poeira no pulmão e barulho na cabeça.
Eis a contradição acreana em carne viva: vendem progresso no palanque e entregam engarrafamento na rua. A propaganda mostra maquetes futuristas, drones sobrevoando imagens de computador. A realidade mostra lama, buraco e uma placa com prazo vencido.
Prometeram a solução definitiva para o trânsito. Entregaram congestionamento mais caro.
Prometeram rapidez. Entregaram adiamento atrás de adiamento.
Prometeram obra limpa. Entregaram poeira e barulho.
Enquanto isso, o jogo de empurra é o mesmo: prefeitura culpa o Estado, Estado culpa a União, empreiteira diz que depende de aditivo, e o povo… o povo depende de sorte para não se atrasar ainda mais no trajeto diário.
E há o detalhe que incomoda: cada aditivo de contrato engorda a fatura, mas emagrece a confiança. Quem fiscaliza? Quem cobra? Os vereadores, quando lembram, fazem barulho para aparecer. A Assembleia Legislativa finge que é problema municipal. E o Ministério Público parece estar sempre “analisando documentos”.
Não é exagero dizer que o elevado da capital virou símbolo perfeito da política local: elevado nos discursos, rasteiro na prática.
Dados recentes do IBGE apontam que Rio Branco já soma mais de 420 mil habitantes. A frota de veículos cresce ano a ano, passando de 180 mil carros. O trânsito pede soluções reais, não PowerPoint. Mas, em vez de planejamento, o que se vê é improviso embalado em solenidades com fita e tesoura.
Esse atraso não é detalhe. É custo diário para quem roda. Motoristas perdem tempo, empresas gastam mais em combustível, trabalhadores chegam atrasados, e a cidade afunda em improdutividade. Cada minuto parado no congestionamento é dinheiro queimado.
O problema é que político não pega fila, não encara semáforo, não sente o calor dentro de um ônibus lotado. Enquanto o povo sua, o gabinete gela. Enquanto o trabalhador se aperta, o gestor se elogia.
E quando alguém ousa cobrar, vem a velha desculpa: “A obra é complexa, envolve várias etapas técnicas”. Traduzindo: não fizemos, mas continuamos recebendo.
O elevado em Rio Branco é a metáfora da política acreana: muito discurso no alto, pouca entrega no chão. Até agora, só quem se eleva é o preço da obra — e a paciência do povo já despencou faz tempo.
E você, quanto tempo já perdeu parado esperando uma obra que não saiu do lugar? Conte sua experiência nos comentários ou compartilhe para que mais gente veja o tamanho da vergonha.
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Coluna do Ton – Cidade AC News – www.cidadeacnews.com.br






