A corrida presidencial para 2026 já movimenta o cenário político brasileiro, e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) aparece como protagonista em todas as simulações de primeiro e segundo turnos, segundo levantamentos recentes. Apesar de liderar com percentuais que variam entre 28% e 44% nas intenções de voto, o petista enfrenta um desafio significativo: uma rejeição que atinge 49% do eleitorado, a maior registrada em seu terceiro mandato. Esses números refletem a polarização persistente no país e apontam para uma disputa acirrada, especialmente contra nomes da oposição que ainda buscam consolidar apoio. A pesquisa Genial/Quaest, realizada no início de 2025, destaca a força de Lula entre eleitores do Nordeste e de baixa escolaridade, mas também expõe fragilidades em regiões como o Sul e entre evangélicos, onde a desaprovação ao seu governo é mais acentuada.
O levantamento traz um panorama complexo. Lula mantém vantagem em seis cenários de segundo turno, enfrentando adversários como o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), o cantor Gusttavo Lima, o deputado Eduardo Bolsonaro (PL), o ex-coach Pablo Marçal (PRTB), e os governadores Romeu Zema (Novo) e Ronaldo Caiado (União Brasil). No cenário mais competitivo, contra Gusttavo Lima, Lula alcança 41% contra 35% do cantor, que surpreende pelo alto reconhecimento nacional. A rejeição, no entanto, não se limita ao presidente. Nomes como Fernando Haddad (PT), com 56%, e Jair Bolsonaro (PL), com 53%, também enfrentam resistência significativa entre os eleitores, o que sugere um eleitorado dividido e insatisfeito com as opções atuais.
Além disso, a pesquisa aponta que a oposição enfrenta dificuldades para se unificar. Enquanto 49% dos entrevistados desaprovam o governo Lula, nenhum adversário conseguiu canalizar plenamente esse descontentamento. Tarcísio de Freitas, considerado um dos nomes mais fortes da direita, ainda é desconhecido por 45% do eleitorado, o que limita seu alcance nacional. Já figuras como Michelle Bolsonaro e Eduardo Bolsonaro, ligados ao bolsonarismo, enfrentam rejeições de 49% e 55%, respectivamente, dificultando a consolidação de um nome competitivo para 2026.
Desse jeito Bolsonaro não vai reverter a inelegibilidade. Se a eleição fosse hoje, Bolsonaro estaria eleito! pic.twitter.com/8DXMjwezgh
— Ricardo Oliveira (@ricardors_of) April 22, 2025
- Cenários de segundo turno: Lula vence Tarcísio (43% x 34%), Gusttavo Lima (41% x 35%), Eduardo Bolsonaro (44% x 34%), Pablo Marçal (44% x 34%), Zema (45% x 28%) e Caiado (45% x 26%).
- Rejeição elevada: Haddad lidera com 56%, seguido por Eduardo Bolsonaro (55%), Bolsonaro (53%), Ciro Gomes (52%) e Gusttavo Lima (50%).
- Desconhecimento de candidatos: Caiado (68%), Zema (62%) e Ratinho Júnior (51%) ainda são pouco conhecidos nacionalmente.
Polarização marca o caminho para 2026
A polarização política, que marcou as eleições de 2022, continua a moldar o cenário para 2026. Lula, apesar da liderança nas pesquisas, enfrenta uma rejeição que cresceu ao longo de seu terceiro mandato. Em maio de 2024, o petista tinha 46,2% de aprovação e 49,6% de reprovação, números que se agravaram em levantamentos posteriores. Na cidade de São Paulo, por exemplo, a desaprovação ao governo chegou a 58,1% em março de 2025, um aumento de 12 pontos em relação a setembro de 2024. Esse desgaste reflete insatisfações com temas como aumento de impostos, inflação e percepção de fracasso no combate à corrupção, apontados como os principais pontos negativos da gestão.
Por outro lado, a base de apoio de Lula permanece sólida em alguns segmentos. No Nordeste, o presidente alcança 50% das intenções de voto em cenários com múltiplos candidatos, impulsionado por programas sociais como o Bolsa Família, que recebe aprovação de 7,9% dos eleitores. Entre aqueles com ensino fundamental, o petista mantém 43,3% de apoio, um contraste com a rejeição de 51% entre eleitores com ensino superior. Essa divisão reflete não apenas preferências ideológicas, mas também desigualdades regionais e socioeconômicas que seguem influenciando o eleitorado brasileiro.
Desafios da oposição em consolidar um nome
A oposição, embora conte com a insatisfação de quase metade do eleitorado, enfrenta obstáculos para apresentar um candidato competitivo. Tarcísio de Freitas, governador de São Paulo, é apontado como o nome mais promissor da direita, mas sua projeção nacional ainda é limitada. Com 13% das intenções de voto em um cenário de primeiro turno, ele fica atrás de Lula, que marca 28%. A falta de conhecimento sobre Tarcísio fora de São Paulo, onde apenas 23% dos eleitores dizem que votariam nele, é um entrave para sua candidatura. Além disso, a fragmentação da direita, com nomes como Gusttavo Lima e Pablo Marçal dividindo o eleitorado bolsonarista, dificulta a formação de uma frente unificada.
Outro fator que complica o cenário para a oposição é a inelegibilidade de Jair Bolsonaro, condenado por abuso de poder político até 2030. Apesar disso, o ex-presidente mantém influência significativa, com 14% das menções espontâneas em pesquisas. Seus aliados, como Eduardo Bolsonaro e Michelle Bolsonaro, não conseguem herdar integralmente seu capital político. Michelle, por exemplo, viu sua intenção de voto cair de 33% em maio de 2024 para 30,3% em julho do mesmo ano, enquanto Eduardo enfrenta rejeição elevada. Essa dispersão de apoio sugere que a direita precisará de uma estratégia clara para evitar uma divisão que beneficie Lula em 2026.
- Fatores que limitam a oposição:
- Fragmentação entre candidatos bolsonaristas e de direita moderada.
- Alto índice de desconhecimento de governadores como Zema e Caiado.
- Rejeição significativa a nomes como Eduardo Bolsonaro e Michelle Bolsonaro.
- Falta de um discurso unificado contra o governo Lula.
Cenários regionais e demográficos em foco
O desempenho de Lula varia significativamente entre regiões e grupos demográficos. No Nordeste, onde o PT historicamente tem forte apoio, o presidente lidera com folga, alcançando 44,9% contra 29% de Bolsonaro em um cenário hipotético. Já no Sul, a vantagem é da oposição, com Bolsonaro alcançando 50% contra 26,5% de Lula. No Sudeste, a disputa é mais equilibrada, mas a rejeição ao governo petista cresceu, especialmente em São Paulo, onde apenas 26% consideram a gestão de Lula ótima ou boa. Esses números indicam que a campanha de 2026 será marcada por estratégias regionais, com candidatos buscando consolidar bases em áreas onde já têm apoio consolidado.
Entre os evangélicos, um grupo que representa cerca de 30% do eleitorado, Lula enfrenta dificuldades. Apenas 41% desse segmento aprova o presidente, enquanto 51% o rejeita. Bolsonaro, por outro lado, mantém 50% das intenções de voto entre evangélicos, um reflexo de sua proximidade com lideranças religiosas durante seu mandato. Já entre católicos, Lula tem vantagem, com 38,6% contra 32,5% do ex-presidente. Esses recortes mostram que a religião continuará a desempenhar um papel central nas eleições, influenciando alianças e discursos de campanha.
Impacto da gestão Lula na percepção do eleitorado
A avaliação do governo Lula é um fator determinante para sua performance nas pesquisas. Em novembro de 2024, o presidente tinha 46,1% de aprovação e 51% de rejeição, números que refletem uma queda em relação ao início do mandato, quando a aprovação era de 54,3%. Entre os pontos positivos, eleitores destacam investimentos em programas sociais, como o Bolsa Família, e em educação pública, mencionada por 6,4% dos entrevistados. No entanto, críticas ao aumento de impostos (6,2%) e à inflação (4,4%) pesam contra a gestão, especialmente entre eleitores de maior renda e escolaridade.
Em regiões como o Rio de Janeiro, a desaprovação é ainda mais acentuada. Um levantamento de abril de 2025 mostrou que 60,4% dos fluminenses rejeitam o governo, com apenas 22,5% classificando a gestão como ótima ou boa. Esse cenário contrasta com o Nordeste, onde a aprovação permanece robusta. A capacidade de Lula de reverter essa percepção negativa será crucial para manter sua liderança nas intenções de voto, especialmente em estados-chave como São Paulo e Rio de Janeiro, que concentram grande parte do eleitorado.
Nomes emergentes e surpresas na disputa
A pesquisa Genial/Quaest trouxe uma surpresa ao incluir o cantor Gusttavo Lima como potencial candidato. Com 18% das intenções de voto em um cenário de primeiro turno, o sertanejo aparece como uma figura competitiva, beneficiado por seu alto reconhecimento nacional, que atinge quase 80% dos eleitores. Sua rejeição, no entanto, é de 50%, o que indica que sua popularidade como artista não se converte automaticamente em apoio político. A inclusão de Lima reflete a busca por nomes fora da política tradicional, um fenômeno que ganhou força com a ascensão de figuras como Pablo Marçal, que marca 11% nas pesquisas.
Outros nomes testados, como Ciro Gomes (PDT) e Simone Tebet (MDB), aparecem com percentuais menores, mas ainda relevantes. Ciro, com 9% a 10% das intenções de voto, mantém uma base fiel, mas enfrenta rejeição de 52%. Tebet, por sua vez, oscila entre 4% e 8%, dependendo do cenário, e é vista como uma opção de centro que pode atrair eleitores descontentes com a polarização. A presença desses candidatos sugere que o centro político ainda busca espaço em uma disputa dominada por Lula e pela direita bolsonarista.
- Nomes em ascensão para 2026:
- Gusttavo Lima: 18% em primeiro turno, mas com 50% de rejeição.
- Pablo Marçal: 11% das intenções, com 42% de rejeição.
- Tarcísio de Freitas: 13% em primeiro turno, mas desconhecido por 45%.
- Ciro Gomes: 9% a 10%, com rejeição de 52%.
Calendário político até 2026
O caminho até as eleições de 2026 será marcado por eventos que podem alterar o cenário atual. Governadores como Tarcísio de Freitas, Romeu Zema e Ronaldo Caiado, que desejem concorrer à Presidência, precisam renunciar aos cargos até abril de 2026, conforme determina a legislação eleitoral. Esse prazo será decisivo para definir quais nomes da oposição estarão na disputa. Além disso, a evolução da situação jurídica de Jair Bolsonaro, que tenta reverter sua inelegibilidade no Supremo Tribunal Federal, pode impactar a estratégia da direita.
- Datas-chave para 2026:
- Abril de 2026: Prazo para renúncia de governadores candidatos.
- Julho de 2026: Início oficial das convenções partidárias.
- Outubro de 2026: Primeiro turno das eleições presidenciais.
- Novembro de 2026: Segundo turno, se necessário.
Perspectivas para a campanha presidencial
À medida que 2026 se aproxima, a campanha presidencial promete ser uma das mais disputadas da história recente. Lula, com sua experiência política e base consolidada, mantém a dianteira, mas a alta rejeição exige ajustes na comunicação e na gestão para reconquistar eleitores descontentes. A oposição, por sua vez, enfrenta o desafio de superar a fragmentação e apresentar um candidato capaz de unificar o eleitorado antipetista. Nomes como Tarcísio de Freitas e Gusttavo Lima, embora promissores, ainda precisam construir uma narrativa nacional que os coloque como alternativas viáveis.
A influência de Jair Bolsonaro, mesmo inelegível, continuará a moldar o cenário. Sua capacidade de transferir votos para aliados como Tarcísio ou Michelle Bolsonaro será testada, mas a rejeição a figuras associadas ao bolsonarismo pode limitar esse impacto. Enquanto isso, candidatos de centro, como Ciro Gomes e Simone Tebet, buscam ocupar o espaço deixado pela polarização, mas enfrentam dificuldades em um eleitorado dividido entre extremos. A combinação de rejeição elevada, polarização e novos nomes na disputa sugere que a eleição de 2026 será definida tanto pela capacidade de mobilização quanto pela habilidade de superar resistências no eleitorado.