A bolsa brasileira viveu um dia de euforia com o dólar alcançando R$ 5,6918, alta de 0,59% em relação ao fechamento anterior. O movimento, registrado às 13:58 UTC, reflete o otimismo global com negociações comerciais e perspectivas de acordos econômicos. A valorização da moeda americana, combinada com a força dos índices acionários, colocou empresas como Petrobras e Vale no centro das atenções dos investidores. Enquanto isso, o real enfrenta pressões, mas a reação do mercado local demonstra resiliência.
O Ibovespa, principal índice da B3, subiu 2,8%, ultrapassando os 128 mil pontos, maior patamar em três meses. Setores ligados a commodities, como mineração e petróleo, lideraram os ganhos, beneficiados pela cotação do dólar e pela alta nos preços globais de matérias-primas. A movimentação também foi impulsionada por investidores estrangeiros, que injetaram R$ 1,2 bilhão na bolsa brasileira somente na última sessão.
Por trás do desempenho, estão fatores como:
- Negociações comerciais entre Estados Unidos e China, que avançaram para um acordo parcial.
- Expectativas de corte de juros pelo Banco Central Europeu, afetando moedas globais.
- Fluxo de capital para mercados emergentes, com o Brasil como destino preferencial.
A combinação desses elementos aqueceu o pregão e trouxe alívio a setores sensíveis à variação cambial, apesar do impacto em importações e custos de produção.

Preços sob pressão
A valorização do dólar pressiona diretamente os preços de produtos importados no Brasil. Combustíveis, eletrônicos e insumos industriais já registram reajustes em algumas regiões. Em São Paulo, o litro da gasolina subiu 1,2% em média nas últimas duas semanas, segundo dados da Agência Nacional do Petróleo. A alta cambial também eleva os custos de produção de indústrias que dependem de matéria-prima estrangeira, como a automotiva e a farmacêutica.
No setor de tecnologia, empresas como Samsung e Apple sinalizam possíveis aumentos em smartphones e laptops, com repasses que podem chegar a 5% nos próximos meses. A situação preocupa varejistas, que temem uma queda no consumo em meio à recuperação econômica. Mesmo assim, o mercado acionário local segue otimista, com papéis de exportadoras ganhando força.
O impacto nos preços não é uniforme. Setores voltados ao mercado interno, como construção civil e varejo de alimentos, sentem menos a variação cambial. Já as empresas exportadoras, como JBS e Suzano, registraram altas de até 4% na bolsa, aproveitando a conversão favorável de receitas em dólar.
Reações no mercado acionário
O desempenho das ações brasileiras reflete a influência direta da cotação do dólar. A Petrobras, maior empresa listada na B3, viu seus papéis preferenciais subirem 3,56%, impulsionados pelo aumento do petróleo Brent, que atingiu US$ 82 por barril. A Vale, por sua vez, avançou 3,68%, beneficiada pela alta do minério de ferro no mercado internacional.
Outras empresas também se destacaram:
- Usiminas: alta de 3,35% com a valorização do aço.
- CSN: avanço de 7,83% após revisar projeções de exportação.
- Magazine Luiza: ganho de 5,60% com estratégias de hedge cambial.
- Itaú Unibanco: alta de 1,13% com maior fluxo de investimentos.
O setor financeiro também reagiu positivamente, com bancos como Bradesco e Banco do Brasil registrando ganhos moderados. A confiança dos investidores foi reforçada por dados econômicos positivos, como o crescimento de 0,4% na produção industrial em março.
A alta do dólar, embora benéfica para exportadoras, gera desafios para empresas com dívidas em moeda estrangeira. Companhias aéreas, como Azul, que caiu 1,59%, enfrentam custos elevados com leasing de aeronaves e combustíveis.
Movimentação global de moedas
O dólar ganhou força não apenas contra o real, mas também frente a outras moedas. O euro caiu 0,44%, cotado a R$ 6,3171, enquanto a libra esterlina avançou apenas 0,11%, a R$ 7,5003. O iene japonês, por outro lado, registrou alta de 0,99%, a R$ 0,0384, refletindo a busca por ativos seguros em meio a incertezas globais.
A valorização do dólar está ligada ao otimismo com acordos comerciais, especialmente entre Estados Unidos e China. Relatórios recentes indicam que as duas potências avançaram em negociações para reduzir tarifas, o que fortalece a moeda americana. Além disso, a expectativa de políticas monetárias expansionistas na Europa pressiona o euro, enquanto o Federal Reserve mantém sua postura cautelosa sobre cortes de juros.
No Brasil, o Banco Central monitora a volatilidade cambial, mas não sinalizou intervenções no mercado à vista. A última atuação ocorreu em fevereiro, com a venda de US$ 2 bilhões em swaps cambiais para conter a desvalorização do real.
Setores impactados pela alta
A alta do dólar afeta setores de forma distinta. A indústria de alimentos, por exemplo, enfrenta desafios com o aumento nos preços de trigo e soja, insumos amplamente importados. A ABIA, associação do setor, estima que os custos de produção subiram 2,5% apenas em maio.
Por outro lado, o agronegócio celebra a valorização cambial. Produtores de soja e carne bovina, que exportam grande parte da produção, projetam receitas até 10% maiores em reais. A JBS, maior processadora de carne do mundo, viu suas ações subirem 1,82%, enquanto a Marfrig avançou 2,1%.
O turismo, porém, sente o impacto negativo. Agências de viagem relatam queda de 15% nas vendas de pacotes internacionais, com destinos como Estados Unidos e Europa ficando mais caros. Em contrapartida, o turismo doméstico ganha força, com cidades como Gramado e Fortaleza registrando aumento de 8% nas reservas.
Dinâmica das criptomoedas
O mercado de criptomoedas também reagiu à alta do dólar. O bitcoin, principal ativo digital, subiu 0,79%, cotado a R$ 380 mil no Brasil, acompanhando a valorização do dólar. A movimentação reflete a busca por ativos alternativos em momentos de volatilidade cambial.
Outras criptomoedas, como Ethereum e Ripple, também registraram ganhos:
- Ethereum: alta de 1,2%, a R$ 22 mil.
- Ripple: avanço de 0,9%, a R$ 3,50.
- Cardano: valorização de 1,5%, a R$ 2,80.
A Unick Forex, empresa que promete lucros com criptomoedas, voltou a chamar atenção após anunciar uma nova moeda digital. A iniciativa, porém, enfrenta ceticismo de analistas, que alertam para os riscos de esquemas especulativos.
Fluxo de investimentos estrangeiros
A entrada de capital estrangeiro na bolsa brasileira atingiu R$ 4,5 bilhões em maio, segundo dados da B3. O movimento é impulsionado pela alta do dólar e pela percepção de que o Brasil oferece oportunidades em setores como energia e infraestrutura.
Fundos de investimento globais, como BlackRock e Vanguard, aumentaram sua exposição a ações brasileiras, com foco em empresas de commodities e tecnologia. A RD Saúde, por exemplo, subiu 0,39% após anunciar parcerias com investidores internacionais.
A atratividade do mercado brasileiro também é reforçada por reformas econômicas. A aprovação de medidas fiscais no Congresso, como a revisão do teto de gastos, elevou a confiança de investidores. No entanto, a volatilidade do câmbio exige cautela, especialmente para setores sensíveis a oscilações.
Desempenho de fundos imobiliários
Os fundos de investimento imobiliário (FIIs) também sentiram os efeitos da alta do dólar. O BTLG11, focado em logística, subiu 0,08%, enquanto o XPML11, voltado para shoppings, avançou 0,037%. A valorização reflete a busca por ativos atrelados à inflação, que protegem contra a desvalorização do real.
Por outro lado, fundos expostos a dívidas em dólar, como o PVBI11, registraram oscilações. O segmento de lajes corporativas, representado pelo HGLG11, subiu 0,42%, impulsionado pela retomada de escritórios em São Paulo.
Os FIIs oferecem uma alternativa para investidores que buscam diversificação em momentos de alta cambial. A rentabilidade média do setor atingiu 0,6% em maio, superando a poupança.
Perspectivas setoriais
A indústria siderúrgica vive um momento de otimismo com a alta do dólar. A CSN, que revisou suas metas de exportação, projeta aumento de 12% nas vendas externas de aço. A Usiminas, por sua vez, anunciou investimentos de R$ 500 milhões em modernização de plantas, visando atender à demanda internacional.
No varejo, a Magazine Luiza implementou estratégias de hedge para mitigar os impactos do câmbio. A empresa, que subiu 5,60% na bolsa, aposta em promoções e expansão do e-commerce para manter o crescimento. Já a Lojas Renner, com alta de 1,85%, planeja ampliar sua presença no interior do país.
O setor de energia também se beneficia. A Eletrobras, que subiu 1,72%, anunciou parcerias para expandir a geração renovável, enquanto a Taesa avançou 0,62% com novos contratos de transmissão.
Movimentação no mercado futuro
Os contratos futuros negociados na B3 refletem o otimismo com o dólar. O índice futuro do Ibovespa subiu 3,1%, enquanto os contratos de dólar futuro registraram volume recorde de R$ 15 bilhões. A movimentação atraiu especuladores, que buscam lucrar com a volatilidade.
Os futuros de commodities, como soja e café, também ganharam força. Os contratos de café arábica subiram 2,5%, impulsionados pela alta do dólar e pela demanda global. A dinâmica reforça a posição do Brasil como líder em exportações agrícolas.
A volatilidade, porém, exige cautela. Analistas recomendam que investidores monitorem indicadores globais, como as decisões do Federal Reserve e os desdobramentos das negociações comerciais.