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Dólar cai a R$ 5,76 e Ibovespa recua 0,68% na volta do feriado: o que move a economia

Ibovespa

O mercado financeiro brasileiro voltou do feriado de Tiradentes, em 22 de abril de 2025, com movimentos tímidos, refletindo a cautela dos investidores diante de incertezas globais e uma agenda econômica carregada. O dólar comercial fechou a manhã cotado a R$ 5,76, uma queda de 0,77% em relação ao último pregão, enquanto o Ibovespa, principal índice da bolsa brasileira, recuou 0,68%, atingindo 128.768,73 pontos às 10h38. Esses números sinalizam um ambiente de volatilidade, influenciado por fatores como a guerra comercial liderada pelos Estados Unidos, a política monetária global e o desempenho de commodities como petróleo e minério de ferro. A semana promete ser intensa, com dados macroeconômicos aguardados no Brasil e no exterior, além de decisões de bancos centrais que podem redefinir as expectativas para a economia.

A queda do dólar reflete um ajuste técnico após semanas de alta, impulsionadas pela escalada das tarifas anunciadas pelo presidente dos EUA, Donald Trump. Desde o início de abril, o “tarifaço” americano tem gerado tensões comerciais, com retaliações de países como China e União Europeia, impactando moedas e bolsas globais. No Brasil, o real ganhou fôlego momentâneo, mas analistas alertam para a possibilidade de novas pressões, especialmente se as negociações comerciais não avançarem. O Ibovespa, por sua vez, foi pressionado por empresas exportadoras, como Vale e Petrobras, que enfrentam a desvalorização de commodities no mercado internacional.

O cenário econômico doméstico também está no radar. O Banco Central brasileiro deve divulgar novos indicadores, enquanto o mercado monitora as falas do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, sobre o arcabouço fiscal. A aprovação do Orçamento de 2025, com previsão de superávit de R$ 15 bilhões, trouxe algum alívio, mas a alta da Selic e a desaceleração projetada para o PIB mantêm os investidores cautelosos. A combinação de fatores internos e externos cria um ambiente de incerteza, com o mercado buscando pistas sobre os próximos passos da economia global.

Dólar Real
Dólar Real – Foto: rafastockbr/shutterstock.com

Principais indicadores do mercado

Os números do mercado financeiro na manhã de 22 de abril mostram um início de semana cauteloso:

  • Dólar comercial: R$ 5,76, com variação de -0,77%.
  • Ibovespa: 128.768,73 pontos, queda de 0,68%.
  • Euro: cotado a R$ 6,26, com leve recuo de 0,02%.
  • Bitcoin: R$ 518.558,00, alta de 1,41%.

Impacto da guerra comercial

A guerra comercial iniciada pelos Estados Unidos tem sido o principal motor da volatilidade nos mercados globais. Em abril, Trump anunciou tarifas de 25% sobre carros importados e 10% sobre produtos brasileiros, medidas que entraram em vigor no início do mês. A China retaliou com taxas de 34% sobre importações americanas, enquanto a União Europeia aplicou tarifas de 25% a partir de 15 de abril. Essas tensões elevaram o dólar em semanas anteriores, com picos de R$ 5,83 no início do mês, e derrubaram bolsas globais, incluindo o Ibovespa, que perdeu 2,96% em 4 de abril.

No Brasil, as tarifas americanas afetam setores como agronegócio e siderurgia, mas analistas apontam oportunidades. O setor agropecuário, por exemplo, pode se beneficiar da maior demanda chinesa, que busca novos mercados diante das restrições impostas pelos EUA. A XP, em relatório recente, destacou que as tarifas ao Brasil foram menos severas do que as aplicadas à China, que enfrenta taxas de até 145%. Ainda assim, a possibilidade de uma recessão global, com crescimento econômico projetado em apenas 2,3% para 2025, mantém os investidores em alerta.

O preço das commodities, como petróleo e minério de ferro, também reflete o impacto das tarifas. O barril de petróleo caiu para cerca de US$ 60, o menor nível em quatro anos, enquanto o minério de ferro recuou para US$ 90 por tonelada. Esses números pressionam empresas como Petrobras e Vale, que respondem por uma fatia significativa do Ibovespa. A queda das commodities está ligada à expectativa de desaceleração econômica global, especialmente na China, cujo PIB deve crescer 4,5% em 2025, abaixo da meta de 5%.

Desempenho da bolsa brasileira

O Ibovespa abriu a semana com leve queda, influenciado pelo desempenho negativo de grandes empresas. A Vale, afetada pela desvalorização do minério de ferro, e a Petrobras, pressionada pela baixa do petróleo, puxaram o índice para baixo. Bancos, como Itaú e Bradesco, também registraram perdas, refletindo a cautela do mercado antes de novos dados econômicos. Por outro lado, setores ligados ao consumo interno, como varejo, mostraram maior resiliência, com empresas como Magazine Luiza e Via registrando leves altas.

A B3, bolsa brasileira, opera normalmente após o feriado de Tiradentes, mas o calendário de 2025 prevê outros dias sem pregão, como 3 e 4 de março, durante o Carnaval. Na Quarta-feira de Cinzas, 5 de março, as negociações começam às 13h, com encerramento às 17h55. Desde 2022, feriados regionais de São Paulo, como 9 de julho e 25 de janeiro, não interrompem as operações, garantindo maior continuidade para os investidores. O volume financeiro na manhã de 22 de abril foi de cerca de R$ 4,85 milhões, indicando um pregão com baixa liquidez.

Fatores domésticos em destaque

No cenário interno, a economia brasileira enfrenta desafios e oportunidades. O crescimento do PIB em 2025 é projetado em 2%, após uma expansão de 3,4% em 2024, segundo economistas consultados pela Reuters. A agropecuária deve sustentar o desempenho no primeiro semestre, mas a alta da Selic, atualmente em um patamar restritivo, pode limitar o consumo e os investimentos no segundo semestre. O Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br) surpreendeu em janeiro com alta de 0,9%, sugerindo que a desaceleração será gradual.

O Orçamento de 2025, aprovado pelo Congresso, trouxe alívio ao prever um superávit de R$ 15 bilhões, com R$ 50 bilhões destinados a emendas parlamentares e R$ 27,9 bilhões para reajustes salariais de servidores. No entanto, falas do ministro Fernando Haddad sobre o arcabouço fiscal geraram ruídos no mercado. O ministro defendeu as metas de gastos, mas investidores aguardam sinais de maior controle fiscal para reduzir a percepção de risco. A inflação, projetada em 5,66% para o ano, segue acima da meta de 3%, pressionando o Banco Central a manter a política monetária apertada.

A reunião entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e Haddad, realizada recentemente, também está no radar. O governo discute medidas como a isenção de Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil, uma proposta que pode estimular o consumo, mas gera preocupações sobre o impacto fiscal. A agenda econômica da semana inclui a divulgação do IPC de São Paulo e dados da balança comercial, que podem influenciar as expectativas para o real e o Ibovespa.

Movimentações no mercado de câmbio

O dólar comercial, cotado a R$ 5,76 às 10h38 de 22 de abril, registrou mínima de R$ 5,758 e máxima de R$ 5,802 no pregão. A queda de 0,77% reflete um movimento global de enfraquecimento da moeda americana, com o índice DXY, que mede o dólar contra uma cesta de moedas, recuando 0,87% na semana anterior. O euro, por sua vez, teve variação quase nula, cotado a R$ 6,26, enquanto o peso argentino subiu 2,01%, refletindo a instabilidade econômica do país vizinho.

A volatilidade do câmbio está diretamente ligada às tensões comerciais. Em 4 de abril, o dólar disparou 3,72%, atingindo R$ 5,8382, após a China anunciar tarifas de 34% sobre produtos americanos. A possibilidade de novos cortes de juros pelo Federal Reserve, com pelo menos quatro reduções previstas para 2025, também influencia o câmbio. Dados de emprego nos EUA, com 228 mil vagas criadas em março, superaram as expectativas, mas não foram suficientes para sustentar o dólar, que perdeu força frente a moedas emergentes.

Criptomoedas em alta

O mercado de criptomoedas mostrou resiliência, com o Bitcoin subindo 1,41% e alcançando R$ 518.558,00 na manhã de 22 de abril. A valorização reflete o apetite por ativos alternativos em meio à incerteza nos mercados tradicionais. A aversão ao risco, impulsionada pela guerra comercial, tem levado investidores a diversificar carteiras, com criptoativos ganhando espaço. Outras moedas digitais, como Ethereum, também registraram altas, embora em menor magnitude.

A regulação de criptoativos no Brasil avançou em 2024, com a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) estabelecendo novas regras para ETFs de criptomoedas. Esses produtos, negociados na B3, atraíram R$ 2 bilhões em investimentos no último ano, segundo dados do mercado. A valorização do Bitcoin, que acumula alta de 40% em 2025, contrasta com a volatilidade das bolsas, reforçando seu papel como reserva de valor em momentos de crise.

Setores em destaque na bolsa

Alguns setores da economia brasileira se destacaram no pregão de 22 de abril, apesar da queda geral do Ibovespa:

  • Varejo: empresas como Magazine Luiza e Via registraram leves altas, impulsionadas pelo consumo interno.
  • Tecnologia: companhias como Totvs e Locaweb se beneficiaram da demanda por soluções digitais.
  • Agronegócio: exportadoras como JBS e Marfrig mostraram estabilidade, com potencial de ganhos em mercados alternativos.
  • Energia: Eneva e Engie mantiveram desempenho neutro, refletindo a resiliência do setor.

Perspectivas para a semana

A semana de 22 de abril é marcada por uma agenda econômica intensa. No Brasil, a divulgação do IPC de São Paulo, na quinta-feira, e os dados da balança comercial, na sexta-feira, são esperados com atenção. No exterior, o relatório de emprego (payroll) dos EUA, também na sexta-feira, pode influenciar as expectativas para os juros do Federal Reserve. A decisão de juros do Banco Central Europeu, na quinta-feira, também está no radar, com projeções de manutenção das taxas em meio à desaceleração da zona do euro.

O mercado monitora ainda as negociações comerciais entre EUA, China e União Europeia. A possibilidade de isenções tarifárias para setores como tecnologia e automóveis, sinalizada por Trump, trouxe alívio temporário, mas a falta de acordos concretos mantém a incerteza. No Brasil, a reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) em maio, que pode elevar a Selic novamente, adiciona pressão ao mercado. Analistas da XP projetam um cenário de desaceleração no segundo semestre, mas destacam o agronegócio como um ponto de força.

Cronograma econômico da semana

Os principais eventos econômicos da semana de 22 de abril incluem:

  • Quinta-feira, 24 de abril: divulgação do IPC de São Paulo pela Fipe.
  • Quinta-feira, 24 de abril: decisão de juros do Banco Central Europeu.
  • Sexta-feira, 25 de abril: balança comercial brasileira e chinesa.
  • Sexta-feira, 25 de abril: relatório de emprego (payroll) dos EUA.

Desafios para a economia global

A economia global enfrenta um período de incerteza sem precedentes. A guerra comercial, iniciada pelas tarifas de Trump, ameaça as cadeias de suprimentos e eleva os custos de produção. A China, por exemplo, anunciou controles sobre a exportação de terras raras, essenciais para a produção de chips e eletrônicos, o que pode impactar empresas como Apple e Nvidia. Na Europa, o índice Euro Stoxx 50 caiu 3,31% em semanas recentes, refletindo temores de recessão.

Nos EUA, a criação de empregos acima do esperado em março não foi suficiente para acalmar os mercados. A projeção de quatro cortes de juros pelo Federal Reserve em 2025 sinaliza uma tentativa de evitar a recessão, mas a inflação global, impulsionada pelas tarifas, pode complicar a estratégia. No Brasil, a resiliência do agronegócio e os investimentos chineses em infraestrutura são vistos como oportunidades, mas a dependência de commodities expõe o país a oscilações internacionais.

A Organização das Nações Unidas para o Comércio e Desenvolvimento (UNCTAD) alertou que o crescimento global pode desacelerar para 2,3% em 2025, ante 2,8% em 2024. Esse cenário, combinado com a alta de juros em economias desenvolvidas, cria um ambiente desafiador para mercados emergentes. No Brasil, a projeção de inflação de 5,5% pelo Itaú, com viés de baixa, reflete os impactos da queda das commodities, mas preços agrícolas podem pressionar os índices.

O papel das commodities

As commodities têm sido um termômetro da economia global. O petróleo, cotado a cerca de US$ 60 por barril, reflete a menor demanda projetada para 2025, com a Opep revisando sua estimativa de crescimento da demanda para 1,3 milhão de barris por dia. O minério de ferro, a US$ 90 por tonelada, também está em baixa, impactando diretamente a Vale, que responde por cerca de 15% do Ibovespa. Por outro lado, o agronegócio brasileiro, com exportações de carne e soja em alta, pode compensar parte das perdas.

A Weg, uma das maiores empresas da B3, anunciou planos de ajustar sua produção global para lidar com as tarifas americanas, utilizando fábricas no México e em outros países. A estratégia reflete a necessidade de adaptação das empresas brasileiras ao novo cenário comercial. O setor de energia, com companhias como Eneva e Brava Energia, também busca alternativas, como a expansão da produção de gás natural, para mitigar os impactos da volatilidade.

Estratégias para investidores

Em um cenário de incerteza, os investidores buscam estratégias para proteger suas carteiras:

  • Diversificação: investir em setores como varejo e tecnologia, menos expostos às commodities.
  • Ativos defensivos: títulos do Tesouro Selic e fundos imobiliários oferecem maior segurança.
  • Criptomoedas: Bitcoin e Ethereum como hedge contra a volatilidade.
  • Acompanhamento de dados: monitorar indicadores como IPC, payroll e balança comercial.
  • Longo prazo: focar em empresas com fundamentos sólidos, como JBS e Weg.

Expectativas para o futuro

O mercado financeiro brasileiro deve permanecer volátil nas próximas semanas, com o dólar oscilando conforme as negociações comerciais avançam. A possibilidade de um acordo entre EUA e Japão, sinalizada por Trump, pode trazer alívio, mas a falta de clareza sobre as tarifas mantém os investidores na defensiva. No Brasil, o desempenho do agronegócio e a política fiscal serão cruciais para sustentar o crescimento.

A B3, que opera normalmente em feriados regionais como 9 de julho, garante liquidez ao mercado, mas os pregões de fim de ano, como 24 e 31 de dezembro, terão funcionamento reduzido. A agenda econômica de maio, com a decisão do Copom e novos dados do PIB, será decisiva para definir as expectativas para o segundo semestre. Enquanto isso, o mercado segue atento aos movimentos globais, com a guerra comercial como principal fator de risco.

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