domingo, 27 julho, 2025
23.3 C
Rio Branco

Delação de Mauro Cid revela temor de moderados sobre influência de radicais em Bolsonaro

jair bolsonaro ex-presidente

A delação do tenente-coronel Mauro Cid revelou bastidores tensos no governo do ex-presidente Jair Bolsonaro. Segundo Cid, havia uma clara divisão entre os conselheiros próximos ao então chefe do Executivo, separados em três grupos distintos: conservadores, moderados e radicais. A preocupação maior recaía sobre os radicais, que insistiam na adoção de medidas extremas, incluindo tentativas de golpe de Estado para impedir a posse de Luiz Inácio Lula da Silva. O grupo moderado, por sua vez, temia que Bolsonaro fosse persuadido a assinar decretos ilegais, referidos pelo ex-ajudante de ordens como “uma doideira”. O sigilo da delação foi derrubado pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, trazendo novas informações que corroboram denúncias feitas pela Procuradoria-Geral da República (PGR) contra Bolsonaro e outros 33 investigados por tentativa de golpe.

O grupo conservador, de acordo com Cid, era composto por figuras próximas a Bolsonaro, incluindo o senador Flávio Bolsonaro, o ex-ministro da Casa Civil Ciro Nogueira e o então advogado-geral da União Bruno Bianco. Este grupo defendia que Bolsonaro aceitasse a derrota nas urnas e se consolidasse como líder da oposição.

Já o grupo moderado, formado por generais da ativa e outras autoridades, compreendia os riscos políticos e jurídicos da situação e não via possibilidade de reverter o resultado eleitoral sem um rompimento democrático. Alguns integrantes dessa ala chegaram a sugerir que Bolsonaro deixasse o país para evitar possíveis consequências legais.

A pressão dos grupos radicais e a busca por um golpe

A delação detalha a influência crescente do grupo radical dentro do círculo presidencial. Essa ala estava dividida entre aqueles que buscavam evidências de fraude nas urnas eletrônicas e os que defendiam uma intervenção militar ou outro tipo de ação para impedir a posse de Lula. Entre os principais integrantes deste grupo estavam Eduardo Bolsonaro, Felipe Martins, Onyx Lorenzoni e o senador Jorge Seiff. Os radicais acreditavam que Bolsonaro poderia emitir um decreto de Estado de Defesa ou de Sítio, o que permitiria medidas autoritárias sob a justificativa de uma suposta crise institucional.

Além de articuladores políticos, o grupo contava com militares e aliados da chamada “bancada da bala”. Dentro desse cenário, Bolsonaro era pressionado por setores alinhados ao armamentismo, como os Colecionadores, Atiradores e Caçadores (CACs), que manifestavam apoio a uma possível ruptura institucional.

Os bastidores da resistência dentro do governo

Enquanto os radicais pressionavam por medidas drásticas, os conservadores tentavam convencê-lo a não seguir por esse caminho. Entre os argumentos apresentados estava o risco de isolamento internacional e a possibilidade de sanções econômicas contra o Brasil. Além disso, o próprio alto escalão das Forças Armadas manifestou preocupação com a adesão a qualquer medida que pudesse levar a um conflito interno.

Os generais Freire Gomes, Arruda, Teófilo e Paulo Sérgio, membros do grupo moderado, deixaram claro que não haveria respaldo militar para um golpe. O receio era que Bolsonaro cedesse à pressão dos radicais e assinasse documentos que comprometessem ainda mais sua posição jurídica no futuro.

Tentativas de justificar medidas inconstitucionais

A ala radical sustentava que existiam brechas jurídicas para justificar uma intervenção. Uma das estratégias discutidas foi a invocação do artigo 142 da Constituição Federal, que trata do papel das Forças Armadas. No entanto, juristas e militares mais experientes apontavam que esse argumento era juridicamente insustentável.

Outra proposta mencionada por Cid foi a tentativa de instaurar um “Estado de Calamidade” para postergar a transição presidencial. Essa medida, no entanto, não encontrou respaldo entre os moderados, que avaliaram que um decreto dessa natureza seria derrubado rapidamente pelo Supremo Tribunal Federal.

A participação de Michelle Bolsonaro e Eduardo Bolsonaro

A delação também cita a participação da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro e do deputado Eduardo Bolsonaro nas articulações do grupo radical. Michelle era vista como uma voz ativa na defesa de medidas que prolongassem o governo, enquanto Eduardo mantinha contato com setores militares e políticos que defendiam a adoção de ações enérgicas contra o resultado das eleições.

A influência de Eduardo Bolsonaro cresceu significativamente nos últimos anos do governo, especialmente por seus contatos internacionais com líderes de direita que apoiavam medidas autoritárias, como Donald Trump e Viktor Orbán. Ele também participou ativamente da disseminação de teorias sobre fraudes eleitorais, o que reforçou a crença de alguns apoiadores de que a derrota nas urnas poderia ser revertida.

A divisão dentro das Forças Armadas e o impacto nas investigações

A delação de Mauro Cid trouxe à tona detalhes sobre a postura das Forças Armadas diante das pressões para aderir a um possível golpe. Apesar da existência de oficiais simpáticos ao governo Bolsonaro, o comando militar permaneceu resistente a qualquer iniciativa que pudesse comprometer a ordem democrática.

Os depoimentos também revelam que os principais líderes das Forças Armadas foram procurados por aliados de Bolsonaro na tentativa de convencê-los a adotar um posicionamento mais favorável à narrativa de fraude eleitoral. No entanto, os comandantes da Aeronáutica, Exército e Marinha preferiram manter a neutralidade institucional.

Dados e estatísticas sobre investigações

  • 34 pessoas foram denunciadas pela PGR por tentativa de golpe.
  • Bolsonaro e aliados são citados em mais de 200 páginas de documentos revelados pelo STF.
  • A delação de Mauro Cid é composta por centenas de anexos, incluindo mensagens de WhatsApp e e-mails trocados entre os envolvidos.
  • Mais de 500 manifestações foram registradas em quartéis militares após as eleições, incentivadas por setores radicais.

Linha do tempo dos acontecimentos

  • Outubro de 2022: Bolsonaro perde as eleições para Lula no segundo turno.
  • Novembro de 2022: Início das manifestações em frente a quartéis militares em diversas cidades.
  • Dezembro de 2022: Discussões sobre decretos golpistas se intensificam dentro do governo.
  • Janeiro de 2023: Ataques às sedes dos Três Poderes em Brasília.
  • Fevereiro de 2025: Sigilo da delação de Mauro Cid é derrubado e novas revelações vêm à tona.

Impacto da delação nas investigações

As revelações feitas por Cid fortalecem as investigações conduzidas pelo STF e pela PGR. Com a denúncia formalizada, a expectativa é que novos desdobramentos surjam, especialmente sobre o envolvimento de figuras-chave do governo Bolsonaro.

O futuro das investigações e possíveis desdobramentos

O material obtido com a delação pode ser determinante para futuras ações da Justiça. Com a revelação dos bastidores da tentativa de golpe, há expectativa de novas diligências e possíveis novas denúncias.

Mais Lidas

Gladson promete surpresas durante show de Gusttavo Lima na Expoacre

📍Tempo de leitura: 4 min Durante coletiva à imprensa na...

Motel usa marketing inusitado durante trajeto da Cavalgada

📍Tempo de leitura: 4 min A Cavalgada da Expoacre 2025,...

Robô interativo vira sensação no Espaço Sebrae da Expoacre 2025

📍Tempo de leitura: 4 min A inovação roubou a cena...

Militar embriagado atropela quatro idosas que voltavam da igreja

📍Tempo de leitura: 4 min Um militar das Forças Armadas,...

Gefron apreende 7kg de cocaína em tanque de moto que saiu de Brasiléia

Em uma ação coordenada na manhã deste sábado (27),...

Últimas Notícias

Categorias populares

  • https://wms5.webradios.com.br:18904/8904
  • - ao vivo