A sessão da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) das Bets, realizada no Senado Federal em 29 de abril de 2025, marcou um momento de grande impacto no cenário político e investigativo brasileiro. Durante o depoimento do empresário Daniel Pardim Tavares Lima, a relatora da comissão, senadora Soraya Thronicke (Podemos-MS), acusou o depoente de prestar falso testemunho, resultando em sua prisão em flagrante. A decisão, respaldada pelos demais membros da CPI e executada pela Polícia Legislativa, gerou intensos debates sobre a legalidade da medida e trouxe à tona novas revelações sobre operações financeiras ligadas a plataformas de apostas online. O caso envolve a Peach Blossom River Technology, empresa da qual Pardim é sócio, e sua suposta conexão com a Payflow, ambas investigadas por suspeitas de lavagem de dinheiro e transferências ilegais. A prisão, classificada como arbitrária pela defesa do empresário, intensifica as discussões sobre a regulamentação do setor de apostas no Brasil e os desafios enfrentados na apuração de crimes financeiros associados.
A CPI das Bets foi instaurada em novembro de 2024 com o objetivo de investigar a influência dos jogos virtuais de apostas online no orçamento das famílias brasileiras e sua possível ligação com organizações criminosas. Desde então, a comissão tem se debruçado sobre casos de movimentações financeiras suspeitas, especialmente aquelas envolvendo empresas que atuam no processamento de pagamentos para plataformas de apostas. A prisão de Daniel Pardim, um dos primeiros episódios de detenção em flagrante durante uma sessão da CPI, destaca a gravidade das acusações e a determinação dos parlamentares em esclarecer os esquemas financeiros que sustentam o setor. Segundo a relatora, o depoente negou informações cruciais sobre sua relação com a sócia Adélia de Jesus Soares e sobre a estrutura empresarial da Peach Blossom, o que foi interpretado como uma tentativa de obstruir as investigações.
Durante meu questionamento na CPI das Bets, o convocado Daniel Pardim Tavares Lima foi preso por ter dado falso testemunho. Mentiu, se contradisse e se recusou a responder perguntas básicas sobre sua ligação com empresas investigadas por lavagem de dinheiro no setor de apostas… pic.twitter.com/JA1wfqFPUv
— MARCOS ROGÉRIO (@MarcosRogerio) April 29, 2025
O episódio também levantou questionamentos sobre o papel de empresas como a Peach Blossom e a Payflow no ecossistema das apostas online. A Polícia Civil do Distrito Federal, que conduz investigações paralelas, aponta indícios de que essas companhias podem estar envolvidas em operações de lavagem de dinheiro, utilizando estruturas societárias complexas para ocultar a origem de recursos. A CPI, por sua vez, busca não apenas identificar os responsáveis por essas práticas, mas também propor mudanças legislativas que garantam maior transparência e segurança no setor de apostas, que movimentou bilhões de reais nos últimos anos.
- Principais pontos da prisão de Daniel Pardim:
- Acusação de falso testemunho por negar conhecer a sócia Adélia de Jesus Soares.
- Prisão em flagrante ordenada pela relatora Soraya Thronicke.
- Envolvimento da Peach Blossom River Technology em investigações da Polícia Civil do DF.
- Suspeitas de ligação com a Payflow, investigada por lavagem de dinheiro.
- Defesa alega arbitrariedade e promete recorrer da decisão.
Contexto das investigações da CPI das Bets
A CPI das Bets surgiu em um momento de crescente preocupação com a expansão do mercado de apostas online no Brasil. Desde a legalização parcial do setor em 2018, por meio da Lei 13.756, o país testemunhou um boom de plataformas digitais que oferecem jogos de azar e apostas esportivas. Embora a regulamentação tenha começado a ser implementada em janeiro de 2025, após uma fase de transição em 2024, a ausência de regras claras por anos criou um ambiente propício para práticas ilícitas. Estima-se que o setor de apostas online tenha movimentado cerca de R$ 120 bilhões em 2024, com projeções de crescimento ainda maiores para 2025. No entanto, junto com o crescimento econômico, vieram denúncias de manipulação de resultados, fraudes financeiras e vínculos com o crime organizado.
A comissão parlamentar, presidida pelo senador Dr. Hiran (PP-RR), tem como missão esclarecer como essas plataformas operam, especialmente no que diz respeito às movimentações financeiras. Um dos focos principais é o papel de empresas de pagamento digital, como a Payflow, que processam transações para sites de apostas. Essas companhias, muitas vezes registradas em paraísos fiscais ou com estruturas societárias opacas, são suspeitas de facilitar a lavagem de dinheiro e a transferência de recursos para o exterior. A Peach Blossom River Technology, por exemplo, é apontada como uma das empresas que integram esse sistema, com indícios de que possui vínculos societários com a Payflow, conforme destacado pela senadora Soraya Thronicke durante o depoimento de Daniel Pardim.
Além disso, a CPI investiga a possível participação de figuras públicas e influenciadores digitais na promoção de plataformas de apostas. Casos como o da advogada e influenciadora Deolane Bezerra, que também foi convocada pela comissão, mas não compareceu, ilustram a complexidade das redes que sustentam o setor. A ausência de Adélia de Jesus Soares, sócia de Pardim na Peach Blossom, na sessão de 29 de abril, levou o presidente da CPI a determinar sua condução coercitiva, reforçando a determinação da comissão em ouvir todos os envolvidos nas investigações.
Detalhes do depoimento de Daniel Pardim
O depoimento de Daniel Pardim Tavares Lima na CPI das Bets foi marcado por momentos de tensão e contradições que culminaram em sua prisão. Convocado como testemunha, o empresário foi questionado sobre sua participação na Peach Blossom River Technology e sua relação com Adélia de Jesus Soares, registrada como sua sócia na empresa. Pardim afirmou não conhecer Soares, uma declaração que gerou incredulidade entre os senadores. A relatora Soraya Thronicke argumentou que é improvável que alguém constitua uma sociedade sem ao menos ter contato com o parceiro de negócios, destacando que a negativa do depoente configurava uma tentativa de ocultar informações.
Durante a sessão, outros parlamentares, como os senadores Marcos Rogério (PL-RO), Izalci Lucas (PL-DF) e Damares Alves (Republicanos-DF), também confrontaram Pardim com questionamentos sobre suas atividades profissionais e financeiras. O empresário declarou que atua no ramo gastronômico e planejava abrir um serviço de delivery, mas suas respostas foram consideradas evasivas e inconsistentes. Izalci Lucas levantou a hipótese de que Pardim poderia ser um “laranja”, ou seja, uma pessoa que empresta seu nome para a abertura de empresas sem participar efetivamente de sua gestão. Essa suspeita ganhou força com a revelação de que Pardim é sócio de outras empresas, inclusive no exterior, o que contrasta com seu perfil profissional declarado.
A conduta da equipe de defesa de Pardim também foi alvo de críticas durante a sessão. O senador Marcos Rogério acusou os advogados de interferirem indevidamente no depoimento, orientando o depoente de forma ostensiva e se dirigindo diretamente aos senadores. Soraya Thronicke chegou a questionar quem estaria financiando a defesa de Pardim, já que o empresário, segundo ele próprio, não possuiria recursos para arcar com os serviços advocatícios. Em um primeiro momento, Pardim evitou responder sobre o pagamento dos advogados, mas posteriormente afirmou que os serviços eram prestados de forma “pro bono”, o que levantou ainda mais suspeitas entre os parlamentares.
- Irregularidades apontadas no depoimento:
- Negativa de conhecer a sócia Adélia de Jesus Soares.
- Contradições sobre a atuação da Peach Blossom River Technology.
- Suspeita de que Pardim atua como “laranja” em empresas de fachada.
- Evasivas sobre o financiamento de sua defesa jurídica.
- Falta de clareza sobre a relação com a Payflow.
Repercussão da prisão e posicionamento da defesa
A prisão de Daniel Pardim Tavares Lima gerou reações imediatas tanto no meio político quanto na sociedade civil. A decisão da CPI foi vista por alguns como um marco na luta contra a impunidade em casos de crimes financeiros, enquanto outros criticaram a medida como um excesso de autoridade. A defesa do empresário, representada pelos advogados Amanda Aciari, Aline Ferreira Silva e Lucas Monteiro Faria, emitiu uma nota repudiando a prisão, classificando-a como “arbitrária” e “ilegal”. Segundo os advogados, a CPI desrespeitou garantias constitucionais ao obrigar Pardim a depor, ignorando seu direito de permanecer em silêncio como investigado.
A nota da defesa também mencionou uma decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) que, segundo eles, assegurava o direito de Pardim de não produzir provas contra si mesmo. Os advogados argumentaram que a CPI deturpou essa decisão para justificar a prisão, e prometeram recorrer da medida por meio de um habeas corpus. Durante a sessão, o advogado Lucas Monteiro Faria acusou a senadora Soraya Thronicke de abuso de autoridade, exigindo que ela justificasse as supostas mentiras de Pardim. A relatora, por sua vez, rebateu as acusações e desafiou a defesa a buscar a Justiça, afirmando que a prisão seguiu os trâmites legais previstos para casos de falso testemunho.
A sociedade civil, por meio de redes sociais e fóruns online, também se manifestou sobre o caso. Muitos internautas expressaram apoio à atuação da CPI, destacando a necessidade de combater a lavagem de dinheiro no setor de apostas. Outros, no entanto, questionaram a proporcionalidade da prisão, argumentando que a medida pode ter sido motivada por pressões políticas ou pela intenção de gerar repercussão midiática. O caso também reacendeu o debate sobre os limites do poder das CPIs e a proteção dos direitos individuais em investigações parlamentares.
Impactos no setor de apostas online
O caso de Daniel Pardim e a atuação da CPI das Bets têm implicações significativas para o setor de apostas online no Brasil. Com a regulamentação do mercado em curso, as autoridades buscam estabelecer normas que garantam a transparência nas operações financeiras e protejam os consumidores de práticas abusivas. A investigação da Peach Blossom e da Payflow expõe as fragilidades do sistema atual, especialmente no que diz respeito ao controle de empresas de pagamento que operam no setor. A suspeita de que essas companhias estejam sendo usadas para lavar dinheiro ou transferir recursos ilegalmente para o exterior reforça a urgência de medidas regulatórias mais rígidas.
A Polícia Civil do Distrito Federal, que conduz investigações paralelas, estima que o esquema envolvendo a Payflow possa ter movimentado cerca de R$ 2,5 bilhões em transações suspeitas. Parte desses recursos, segundo as autoridades, teria sido enviada para contas em paraísos fiscais, como as Ilhas Virgens Britânicas, onde a Payflow mantém vínculos societários. A Peach Blossom, por sua vez, é apontada como uma das empresas que integram essa rede, funcionando como uma intermediária no processamento de pagamentos para plataformas de apostas chinesas que operam ilegalmente no Brasil.
A CPI também planeja ouvir outros envolvidos no caso, incluindo Adélia de Jesus Soares, que é considerada uma peça-chave nas investigações. Soares, que atua como advogada da influenciadora Deolane Bezerra, foi indiciada pela Polícia Civil do DF por associação criminosa e falsidade ideológica, o que aumenta a complexidade do caso. A ausência de Soares na sessão de 29 de abril levou a CPI a determinar sua condução coercitiva, sinalizando que a comissão não hesitará em adotar medidas enérgicas para avançar nas investigações.
- Medidas esperadas da CPI das Bets:
- Propostas legislativas para regulamentar o setor de apostas online.
- Maior fiscalização sobre empresas de pagamento digital.
- Cooperação com a Polícia Civil e o Ministério Público em investigações.
- Convocação de outros suspeitos, como Adélia de Jesus Soares.
- Relatório final com recomendações para proteger consumidores.
Cronologia das investigações
A investigação sobre as apostas online e suas ramificações financeiras tem evoluído rapidamente desde a criação da CPI das Bets. Abaixo, uma linha do tempo com os principais eventos relacionados ao caso de Daniel Pardim e às empresas Peach Blossom e Payflow:
- Novembro de 2024: Início da CPI das Bets no Senado, com foco na influência das apostas online e possíveis crimes financeiros.
- Janeiro de 2025: Entrada em vigor da regulamentação do setor de apostas, após fase de transição em 2024.
- Março de 2025: Polícia Civil do DF intensifica investigações sobre a Payflow, apontando indícios de lavagem de dinheiro.
- Abril de 2025: Convocação de Daniel Pardim e Adélia de Jesus Soares para depor na CPI.
- 29 de abril de 2025: Prisão de Daniel Pardim por falso testemunho durante sessão da CPI.
- Maio de 2025 (previsão): Condução coercitiva de Adélia Soares e novos depoimentos na CPI.
Essa cronologia reflete o ritmo acelerado das investigações e a determinação da CPI em esclarecer as práticas ilícitas no setor. A expectativa é que novos desdobramentos surjam nas próximas semanas, à medida que a comissão avança na análise de documentos e depoimentos.
Desafios regulatórios no setor de apostas
A expansão do mercado de apostas online no Brasil trouxe benefícios econômicos, como a geração de empregos e a arrecadação de impostos, mas também expôs lacunas regulatórias que precisam ser enfrentadas. A Lei 13.756, sancionada em 2018, abriu as portas para a legalização das apostas esportivas, mas a regulamentação detalhada só foi concluída em 2025. Durante esse período de transição, muitas plataformas operaram em uma zona cinzenta, sem fiscalização adequada. Esse cenário permitiu o surgimento de empresas como a Payflow, que, segundo investigações, aproveitaram a falta de controle para realizar transações suspeitas.
Um dos maiores desafios enfrentados pelas autoridades é o rastreamento de recursos movimentados por empresas de pagamento digital. Essas companhias, muitas vezes registradas em jurisdições com pouca transparência, utilizam estruturas societárias complexas para dificultar a identificação dos beneficiários finais. No caso da Payflow, por exemplo, há indícios de que a empresa mantinha contas em paraísos fiscais, o que complicou o trabalho da Polícia Civil do DF. A Peach Blossom, por sua vez, é suspeita de atuar como uma fachada para operações financeiras de plataformas de apostas chinesas, que oferecem jogos ilegais no Brasil.
A CPI das Bets tem o desafio de propor medidas que equilibrem a promoção do setor com a proteção dos consumidores e a prevenção de crimes financeiros. Entre as sugestões em debate estão a criação de um órgão regulador específico para o setor, a imposição de multas mais altas para empresas que descumprirem as normas e a exigência de maior transparência nas movimentações financeiras. Além disso, a comissão busca fortalecer a cooperação entre o Senado, o Ministério Público e a Polícia Federal para acelerar as investigações e punir os responsáveis por práticas ilícitas.
Perfil de Daniel Pardim e suspeitas de laranja
Daniel Pardim Tavares Lima, o empresário preso pela CPI das Bets, tornou-se uma figura central nas investigações devido às contradições em seu depoimento e à sua ligação com a Peach Blossom River Technology. Pouco se sabe sobre o histórico profissional de Pardim antes de sua convocação pela CPI. Durante a sessão, ele afirmou trabalhar no ramo gastronômico e revelou planos de abrir um serviço de delivery, mas suas declarações foram questionadas pelos senadores, que apontaram inconsistências em seu perfil financeiro. A suspeita de que Pardim atua como “laranja” ganhou força com a revelação de que ele é sócio de outras empresas, incluindo algumas registradas no exterior.
O termo “laranja” é usado para descrever indivíduos que emprestam seus nomes para a abertura de empresas, muitas vezes sem conhecimento pleno das atividades realizadas. No caso de Pardim, os senadores acreditam que ele pode ter sido utilizado por terceiros para encobrir os verdadeiros donos da Peach Blossom. Essa prática é comum em esquemas de lavagem de dinheiro, onde empresas de fachada são criadas para movimentar recursos ilícitos. A relação de Pardim com Adélia de Jesus Soares, que também está sob investigação, reforça a hipótese de que a Peach Blossom integra uma rede maior de empresas suspeitas.
A CPI também levantou questões sobre a capacidade financeira de Pardim para arcar com os custos de sua defesa jurídica. A senadora Soraya Thronicke questionou quem estaria pagando os advogados do empresário, especialmente após ele afirmar que os serviços eram prestados de forma gratuita. Essa contradição alimentou especulações de que Pardim pode estar sendo apoiado por figuras mais influentes no esquema investigado, o que aumenta a importância de sua prisão para o avanço das apurações.
Papel de Adélia de Jesus Soares no caso
Adélia de Jesus Soares, sócia de Daniel Pardim na Peach Blossom River Technology, é uma das figuras mais enigmáticas do caso. Advogada e ligada à influenciadora Deolane Bezerra, Soares foi indiciada pela Polícia Civil do Distrito Federal por associação criminosa e falsidade ideológica. Sua ausência na sessão da CPI em 29 de abril, apesar de ter sido convocada, levou o presidente da comissão, senador Dr. Hiran, a determinar sua condução coercitiva. A decisão reflete a importância de seu depoimento para esclarecer a estrutura societária da Peach Blossom e sua relação com a Payflow.
Investigações apontam que Soares pode desempenhar um papel central na rede de empresas suspeitas de lavagem de dinheiro. Sua atuação como advogada de Deolane Bezerra, uma figura pública conhecida por promover plataformas de apostas, levanta suspeitas de que ela tenha conexões com outros envolvidos no setor. A Polícia Civil do DF acredita que Soares utilizava sua posição para abrir empresas de fachada, incluindo a Payflow, que processava pagamentos para sites de apostas chineses. Essas plataformas, segundo as autoridades, operavam ilegalmente no Brasil, oferecendo jogos como o “Tigrinho”, que se tornaram populares entre os jovens.
A condução coercitiva de Soares, prevista para as próximas semanas, será um momento crucial para a CPI. Seu depoimento pode esclarecer não apenas a relação com Pardim, mas também a participação de outras figuras públicas no esquema. A comissão espera que Soares forneça informações sobre as movimentações financeiras da Payflow e sua conexão com paraísos fiscais, o que poderia levar à identificação de novos suspeitos.
- Principais suspeitas envolvendo Adélia de Jesus Soares:
- Indiciamento por associação criminosa e falsidade ideológica.
- Proprietária da Payflow, investigada por lavagem de dinheiro.
- Sócia de Daniel Pardim na Peach Blossom River Technology.
- Ligação com a influenciadora Deolane Bezerra.
- Ausência em convocação da CPI, resultando em condução coercitiva.
Implicações políticas da CPI das Bets
A prisão de Daniel Pardim e as investigações da CPI das Bets têm gerado reflexos no cenário político brasileiro. A atuação incisiva da senadora Soraya Thronicke, que se destacou como relatora da comissão, reforça sua posição como uma figura combativa no Senado. No entanto, as acusações de abuso de autoridade feitas pela defesa de Pardim podem gerar desgaste político, especialmente se a prisão for revertida por decisão judicial. O caso também coloca em evidência a necessidade de maior articulação entre o Legislativo e o Judiciário para garantir que as investigações parlamentares respeitem os direitos constitucionais.
Outro aspecto relevante é o impacto da CPI na agenda legislativa. A comissão planeja apresentar, ao final de seus trabalhos, um conjunto de propostas para aprimorar a regulamentação do setor de apostas. Essas medidas incluem a criação de um cadastro nacional de empresas de pagamento digital, a exigência de auditorias regulares em plataformas de apostas e a ampliação das penalidades para crimes financeiros. A aprovação dessas propostas dependerá do apoio de outros parlamentares, o que pode ser desafiador em um contexto de polarização política.
Além disso, a CPI tem atraído a atenção de organizações de defesa do consumidor, que cobram maior proteção para os brasileiros que utilizam plataformas de apostas. Estima-se que cerca de 20 milhões de pessoas no Brasil acessem regularmente sites de jogos online, muitos dos quais enfrentam problemas como fraudes, dívidas e vício em jogos. A comissão espera que suas investigações resultem em políticas públicas que minimizem esses riscos, promovendo um ambiente mais seguro para os consumidores.
Perspectivas para o futuro das investigações
O caso de Daniel Pardim é apenas uma das muitas frentes de investigação da CPI das Bets. Com a condução coercitiva de Adélia de Jesus Soares e a convocação de outros suspeitos, a comissão deve intensificar seus trabalhos nas próximas semanas. A expectativa é que novos documentos e depoimentos tragam à tona detalhes sobre a rede de empresas envolvidas em práticas ilícitas, permitindo a identificação dos principais beneficiários do esquema. A cooperação com a Polícia Civil do DF e o Ministério Público será essencial para garantir que as investigações resultem em punições efetivas.
Outro ponto importante é o impacto das investigações no mercado de apostas online. A exposição de irregularidades pode levar a uma redução na confiança dos consumidores, pressionando as empresas a adotarem práticas mais transparentes. Ao mesmo tempo, a regulamentação em curso oferece uma oportunidade para que o Brasil se torne um mercado modelo na América Latina, com normas que equilibrem o crescimento econômico e a proteção dos cidadãos.
A CPI também enfrenta o desafio de manter a imparcialidade em um contexto de forte interesse público e midiático. A prisão de Pardim, embora tenha sido aplaudida por parte da população, gerou críticas de setores que questionam a legalidade da medida. A comissão precisará demonstrar que suas ações são baseadas em provas sólidas e respeitam os princípios do Estado de Direito, evitando acusações de sensacionalismo ou politização.
- Próximos passos da CPI das Bets:
- Depoimento de Adélia de Jesus Soares, sob condução coercitiva.
- Análise de documentos financeiros da Peach Blossom e Payflow.
- Convocação de outros suspeitos e testemunhas.
- Elaboração de propostas legislativas para o setor de apostas.
- Cooperação com autoridades judiciais e policiais.