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Enquanto o silêncio das ruas ainda ecoa a dor de uma perda irreparável, o caso Juliana Chaar volta ao centro das atenções no Acre. A polícia científica realizou nesta quarta-feira (24) uma nova perícia no cruzamento das ruas São Sebastião com Canindé, no bairro Isaura Parente, local onde a advogada foi atropelada no último 21 de junho. O objetivo foi complementar o laudo técnico que irá sustentar a peça acusatória contra o principal suspeito, Diego Luiz Góis Passos, preso após quase um mês foragido.
Juliana Chaar Marçal, 36 anos, advogada e mãe, foi morta de forma brutal em uma madrugada que deveria ter sido apenas mais uma noite de lazer. Mas a confusão que começou dentro da casa noturna Dibuteco, terminou com ela sendo atingida por uma caminhonete em alta velocidade, após tentar apartar uma briga.
A perícia técnica agora busca reconstituir não apenas a trajetória do veículo, mas também os tiros disparados naquela madrugada. Peritos do DPTC voltaram ao local do crime para refazer cálculos balísticos e confirmar a posição exata da vítima e do condutor no momento do impacto. O veículo, uma Hilux preta, foi localizado e apreendido com uma arma de fogo escondida sob o para-choque — detalhe que levanta ainda mais suspeitas sobre a motivação e intenção do acusado.
A mãe de Juliana, Maria Claudia Thomaz Chaar, publicou uma carta aberta nas redes sociais marcando o primeiro mês da tragédia. “Foram 30 dias de silêncio, dor e ausência. Mas o que mais dói é não termos respostas. Quem matou minha filha não destruiu apenas uma vida, mas interrompeu a história de uma mãe, de um filho, de uma família”, escreveu, emocionada.
Segundo as investigações, o acusado teria discutido com seguranças e clientes do local e, ao deixar o ambiente, voltou de carro e atropelou Juliana — que estava no meio-fio tentando conter os ânimos. A sequência dos fatos foi registrada por câmeras de segurança, analisadas pela Delegacia de Homicídios e pela Polícia Técnico-Científica.
A prisão de Diego, efetuada no último dia 15 de julho, trouxe um alívio momentâneo à família, mas não encerrou o sofrimento. O laudo da perícia, que está na fase final, é considerado crucial para sustentar o indiciamento por homicídio doloso — quando há intenção de matar. A defesa do acusado, até o momento, não se pronunciou publicamente sobre os desdobramentos.
Na capital acreana, o caso reacendeu o debate sobre feminicídio, impunidade e falhas estruturais na justiça criminal. “Não é só sobre Juliana, é sobre todas as mulheres que são silenciadas pela violência, pelo desprezo e pela morosidade do sistema. O que mais é preciso acontecer para o poder público reagir com seriedade?”, questiona a psicóloga Fernanda Braga, ativista de direitos humanos.
Entidades como a OAB/AC, o Conselho Estadual de Direitos da Mulher e o Instituto de Defesa da Vida já manifestaram apoio à família e pedem celeridade na condução do inquérito, que segue sob responsabilidade da Delegacia de Homicídios.
Do ponto de vista judicial, o Ministério Público aguarda a conclusão do laudo para formalizar a denúncia. A expectativa é de que o processo avance ainda no mês de agosto, com audiência de custódia marcada e possível pedido de prisão preventiva convertido em medida definitiva.
Juliana deixou um filho pequeno, colegas consternados e uma cidade que exige resposta. O nome dela agora ecoa como símbolo de uma urgência: justiça que não tarda, não falha e, acima de tudo, não silencia vítimas.
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✍️ Eliton Lobato Muniz – Cidade AC News – Rio Branco – Acre





