A violência física e psicológica marcou o relacionamento entre Sean “Diddy” Combs e a cantora Cassie Ventura, segundo revelações feitas pelos advogados do rapper em documentos judiciais. O magnata do hip-hop, preso desde setembro de 2024, enfrenta acusações de tráfico sexual, extorsão e associação criminosa, com um julgamento em andamento em Nova York que começou em 5 de maio de 2025. Um vídeo de 2016, amplamente divulgado, mostra Combs agredindo Ventura em um corredor de hotel, reforçando as denúncias de abuso que ela apresentou em novembro de 2023. Essas acusações desencadearam uma série de processos contra o rapper, que já foi uma das figuras mais influentes da música americana.
As denúncias de Ventura abriram espaço para outras vítimas relatarem abusos, ampliando o escândalo que abalou a indústria do entretenimento. Combs, conhecido por fundar a Bad Boy Records e trabalhar com artistas como Notorious B.I.G. e Mary J. Blige, nega as acusações e alega que os encontros sexuais eram consensuais. No entanto, promotores afirmam que ele usava seu império empresarial para coagir mulheres em eventos chamados “freak-offs”, descritos como encontros sexuais gravados sob coerção.
Principais pontos do caso em 2025:
- Agressão em 2016: Vídeo mostra Combs chutando e arrastando Ventura em um hotel de Los Angeles.
- Acusações criminais: Tráfico sexual, extorsão e associação ilícita, com risco de prisão perpétua.
- Testemunhas: Quatro vítimas, incluindo Ventura, devem depor no julgamento.
- Defesa: Advogados de Combs alegam que os atos eram consensuais e que o vídeo reflete um relacionamento “tóxico”.
O julgamento, que deve durar pelo menos oito semanas, atrai atenção mundial devido à fama de Combs e às graves acusações contra ele.

Detalhes do vídeo de 2016
Um vídeo de segurança de um hotel em Los Angeles, divulgado pela CNN em maio de 2024, tornou-se peça central no caso contra Combs. As imagens mostram o rapper perseguindo Cassie Ventura, que tenta fugir descalça pelo corredor com uma mala. Ele a agarra pelo capuz, joga-a ao chão, desfere dois chutes e a arrasta de volta ao quarto. Promotores afirmam que o incidente ocorreu após um “freak-off”, evento no qual Ventura era forçada a participar de atos sexuais com prostitutos enquanto Combs filmava.
Após a divulgação do vídeo, Combs publicou um pedido de desculpas nas redes sociais, chamando seu comportamento de “indesculpável” e afirmando que buscou terapia e reabilitação. Seus advogados, no entanto, argumentam que o vídeo não prova tráfico sexual, mas sim um conflito isolado em um relacionamento complexo de 11 anos. Eles alegam que Ventura provocou a briga ao encontrar evidências de infidelidade no celular de Combs.
A promotoria contesta essa narrativa, destacando que Combs tentou subornar um segurança do hotel com dinheiro para silenciar o incidente. Três dias após a agressão, o vídeo de vigilância desapareceu, levantando suspeitas de encobrimento. O caso evidencia um padrão de violência, segundo os promotores, que citam outros episódios de agressões físicas e psicológicas contra Ventura e demais vítimas.
Acusações de tráfico sexual
As acusações criminais contra Combs, formalizadas em setembro de 2024, descrevem um esquema de décadas envolvendo tráfico sexual e coerção. Promotores afirmam que o rapper usava sua influência na indústria musical para atrair mulheres, muitas vezes sob a promessa de avanços em suas carreiras. Essas mulheres eram então coagidas a participar de “freak-offs”, encontros sexuais prolongados com prostitutos, frequentemente sob efeito de drogas como ecstasy, GHB e cetamina.
Os eventos, realizados em hotéis de luxo, eram gravados por Combs, que supostamente usava as filmagens para chantagear as vítimas. A acusação detalha que o rapper controlava todos os aspectos desses encontros, incluindo a iluminação e a disposição de velas, tratando-os como “projetos artísticos pessoais”. Pelo menos três mulheres, incluindo Ventura, foram identificadas como vítimas desse esquema, mas os promotores sugerem que o número total é maior.
- Elementos dos “freak-offs”:
- Uso de drogas para induzir participação.
- Gravações usadas como ferramenta de chantagem.
- Presença de seguranças e funcionários para garantir sigilo.
- Locais como hotéis de luxo em Nova York, Los Angeles e Miami.
Combs enfrenta três acusações principais: conspiração para extorsão, tráfico sexual por força, fraude ou coerção, e transporte para prostituição. Se condenado, ele pode receber prisão perpétua.
Histórico de denúncias contra Combs
As acusações de Cassie Ventura, apresentadas em novembro de 2023, marcaram o início da onda de denúncias contra Combs. No processo, ela alegou que o rapper a submeteu a abusos físicos e sexuais ao longo de uma década, começando em 2005, όταν ela tinha 19 anos e ele, 37. Ventura assinou com a Bad Boy Records em 2006, e o relacionamento com Combs misturava aspectos profissionais e pessoais, com o rapper exercendo controle sobre sua carreira e vida pessoal.
Além de agressões físicas, Ventura afirmou que Combs a forçava a consumir drogas e a participar de atos sexuais não consentidos, muitas vezes na presença de outros homens. Um incidente descrito no processo envolve um estupro em 2018, após o fim do relacionamento. O caso foi resolvido fora dos tribunais em menos de 24 horas, com um acordo financeiro estimado em oito dígitos, mas sem admissão de culpa por parte de Combs.
Após a denúncia de Ventura, outras mulheres apresentaram acusações semelhantes. Em dezembro de 2023, uma mulher alegou que Combs e outros a estupraram em grupo quando ela tinha 17 anos. Mais de 120 pessoas, incluindo homens e mulheres, já relataram abusos, com denúncias que vão de estupro de adolescentes a coerção em ambientes profissionais.
Reação da defesa
A defesa de Combs, liderada pelo advogado Marc Agnifilo, insiste que o rapper é inocente e que as acusações são distorcidas. Eles argumentam que os “freak-offs” eram encontros consensuais entre adultos, muitas vezes iniciados por parceiras de longa data, como Ventura. A equipe jurídica também acusa o governo de vazar o vídeo de 2016 para a mídia, prejudicando a imagem de Combs antes do julgamento.
Em audiências, os advogados tentaram garantir a liberação de Combs sob fiança, oferecendo até US$ 50 milhões, mas dois juízes negaram o pedido, citando riscos à segurança das testemunhas e da comunidade. A defesa planeja chamar ex-namoradas de Combs para testemunhar que os encontros sexuais eram voluntários, buscando contrapor a narrativa da promotoria.
- Estratégias da defesa:
- Alegar consensualidade nos encontros sexuais.
- Questionar a credibilidade das vítimas, sugerindo motivações financeiras.
- Acusar o governo de manipular evidências, como o vídeo de 2016.
- Apresentar Combs como vítima de um “relacionamento tóxico”.
Influência de Combs na indústria musical
Sean Combs, nascido em 4 de novembro de 1969 no Harlem, Nova York, é uma figura central na história do hip-hop. Ele começou sua carreira como estagiário na Uptown Records em 1990, rapidamente ascendendo a diretor. Em 1993, fundou a Bad Boy Records, que lançou artistas como Notorious B.I.G., Mary J. Blige e Usher, transformando o hip-hop em um gênero mainstream. Combs também acumulou fortuna com empreendimentos como a marca de vodca Cîroc e a grife Sean John.
Sua influência ia além da música, com conexões com celebridades como Jennifer Lopez, com quem namorou entre 1999 e 2001, e figuras como o príncipe Harry, citado em documentos judiciais como convidado de suas festas. No entanto, sua reputação foi manchada por controvérsias, incluindo uma acusação de posse de arma em 1999, da qual foi absolvido, e um processo em 2003 por ameaças com um bastão de beisebol.
A prisão de Combs em 2024 e o julgamento em 2025 colocaram em xeque seu legado, com instituições como a Universidade Howard rescindindo seu título honorário e devolvendo uma doação de US$ 1 milhão. O prefeito de Nova York, Eric Adams, também exigiu a devolução da chave simbólica da cidade, concedida ao rapper em 2023.
Testemunhas e evidências no julgamento
O julgamento de Combs, iniciado com a seleção do júri em 5 de maio de 2025, conta com evidências físicas e testemunhais. Quatro mulheres, incluindo Ventura, devem depor sobre os abusos sofridos. O vídeo de 2016 é uma das principais provas da promotoria, que também apresenta gravações dos “freak-offs” e depoimentos de funcionários que testemunharam as agressões.
A promotoria alega que Combs liderava uma organização criminosa, com seguranças e assistentes facilitando os abusos e encobrindo evidências. Documentos judiciais citam incidentes extremos, como Combs pendurando uma vítima em uma sacada e ameaçando outras com armas. A defesa, por sua vez, questiona a autenticidade de algumas gravações e alega que as testemunhas têm motivações financeiras.
- Provas apresentadas pela promotoria:
- Vídeo de segurança de 2016 mostrando agressão a Ventura.
- Gravações de “freak-offs” obtidas em buscas nas propriedades de Combs.
- Depoimentos de funcionários sobre subornos e encobrimentos.
- Relatos de vítimas corroborados por testemunhas presenciais.
Buscas nas propriedades de Combs
Em março de 2024, agentes federais realizaram buscas nas mansões de Combs em Miami e Los Angeles, sinalizando uma investigação criminal em andamento. As operações, conduzidas pelo Departamento de Segurança Interna, apreenderam dispositivos eletrônicos, documentos e possíveis gravações dos “freak-offs”. As buscas atraíram grande atenção da mídia, com imagens de agentes armados entrando nas propriedades de luxo.
Os promotores afirmam que as evidências coletadas reforçam as acusações de tráfico sexual e associação criminosa. A defesa, no entanto, classificou as buscas como uma “caça às bruxas” baseada em denúncias infundadas de processos civis. As propriedades, avaliadas em dezenas de milhões de dólares, eram frequentemente usadas para as festas de Combs, descritas como eventos de alto perfil com a presença de celebridades.
Envolvimento de outras celebridades
O caso de Combs gerou especulações sobre a participação de outras figuras públicas, embora a maioria das acusações não esteja diretamente ligada ao processo criminal. Nomes como Usher, Mary J. Blige e Jennifer Lopez foram mencionados pela imprensa devido à proximidade com Combs, mas nenhum deles se pronunciou publicamente sobre as acusações recentes. Cuba Gooding Jr. foi citado em um processo civil relacionado a eventos nas festas de Combs, mas não enfrenta acusações criminais.
Documentos judiciais mencionam a presença de “atletas famosos, figuras políticas e dignitários internacionais” nas festas do rapper, incluindo o príncipe Harry, que não foi acusado de qualquer irregularidade. A promotoria optou por focar em um número limitado de vítimas com evidências concretas, evitando envolver celebridades sem provas diretas.
- Nomes associados ao caso:
- Cassie Ventura: Principal denunciante e testemunha-chave.
- Cuba Gooding Jr.: Citado em processo civil, sem acusações criminais.
- Jennifer Lopez: Ex-namorada de Combs, sem envolvimento direto.
- Usher e Mary J. Blige: Artistas da Bad Boy Records, sem comentários públicos.
Condições de prisão e julgamento
Combs está detido no Metropolitan Detention Center, no Brooklyn, desde sua prisão em 16 de setembro de 2024. Seu cabelo, antes preto, agora está grisalho, já que tingimentos não são permitidos na prisão. Para o julgamento, ele recebeu permissão para usar roupas civis, incluindo camisas de botão e suéteres, mas fotos ou vídeos do tribunal não são autorizados, conforme regras federais.
A seleção do júri, iniciada em 5 de maio de 2025, pode levar dias devido à complexidade do caso e à fama do réu. As alegações iniciais estão previstas para 12 de maio, com depoimentos de vítimas e testemunhas ao longo de oito semanas. O juiz rejeitou preocupações sobre a imparcialidade do júri, afirmando que medidas estão em vigor para garantir um processo justo.