No dia da independência, a pátria mãe virou madrasta: enquanto autoridades sorriem, o povo engole a dor da injustiça.

A verdade é dura: a pátria mãe manda o povo assistir calado a mais um desfile cívico cheio de pompa. Bandeiras no alto, discursos ensaiados, sorrisos forçados das autoridades. Mas, para quem estava do outro lado da grade, ficou a sensação amarga: a pátria não protege mais seus filhos. O brasileiro comum vê a justiça escapar por entre os dedos e a política virar espetáculo barato.
O sorriso que não convence da pátria mãe
Quem olha de fora até pensa que está tudo bem. Palanques lotados, uniformes alinhados, fanfarras tocando o hino. Mas não está.
O sorriso estampado nos rostos oficiais não combina com a vida real de quem volta pra casa em ônibus lotado, encara fila em hospital ou faz conta para comprar o básico. O teatro continua, mas a plateia já cansou de fingir que acredita.
É como se o palco brilhasse, mas o bastidor estivesse caindo aos pedaços. E o povo, que deveria ser protagonista, é tratado como figurante de uma pátria mãe que virou espetáculo.
Justiça de palco, injustiça real
O contraste é cruel. De um lado, um ex-presidente trancado em casa, tornozeleira no pé. Do outro, um político condenado em várias instâncias, descondenado em manobras jurídicas, comandando o país como se nada tivesse acontecido.
Explique isso a uma criança: quem roubou governa, quem questionou está preso. A balança da justiça virou gangorra, sempre pendendo para o lado de quem manda mais alto.
E assim a pátria mãe parece repetir a frase que dói: “engole o choro”.
Entre o circo e a sobrevivência
A data que deveria ser símbolo de independência virou espetáculo de vaidades. Discursos vazios, protocolos rasos e até piadinhas em cerimônias oficiais. O que deveria ser sério virou show.
Enquanto isso, o brasileiro se equilibra entre contas de luz, gás e supermercado. No fim do mês, precisa escolher entre pagar a escola da criança ou segurar a fatura do cartão. O povo sobrevive, Brasília aplaude a si mesma.
E esse contraste machuca. Porque a festa oficial tenta passar a imagem de normalidade, mas a vida real está cada vez mais distante do que se mostra no telão.
O silêncio da pátria mãe que engole o choro
E o que dizem as autoridades? Nada. Não há palavra sobre desigualdade. Nenhuma linha sobre a crise de confiança nas instituições. Nenhum reconhecimento ao trabalhador que acorda cedo e, mesmo assim, fecha o mês no vermelho.
O silêncio pesa. O povo olha, espera, não ouve resposta. E o recado é sempre o mesmo: engole o choro.
O pior é que muitos já nem se espantam. O costume virou anestesia. O brasileiro aprende a se conformar com pouco, como se exigir dignidade fosse luxo.
Da independência à dependência
Se em 1822 o grito foi “Independência ou morte!”, hoje é mais triste: “sobrevivência ou fome”.
O país que já sonhou alto agora se contenta em apagar incêndios, trocar peças no tabuleiro político e fingir normalidade. A independência virou dependência de acordos, conchavos e sentenças que mais parecem truques de palco do que justiça de verdade.
E a dependência não é só política. É também econômica. O trabalhador depende de programas sociais que aliviam o imediato, mas não resolvem o futuro. Empresas dependem de incentivos temporários. Estados vivem de repasses. Tudo gira em torno do improviso.
Segundo a Agência Brasil, a data cívica deveria lembrar conquistas e reafirmar valores, mas se transformou em vitrine de contradições.
A pátria mãe pede seriedade, não espetáculo
O brasileiro não quer mais fanfarra. Não quer sorriso ensaiado em data cívica. Quer compromisso. Quer seriedade. Quer que a justiça funcione sem lado e sem filtro.
Quer que a corrupção seja punida de verdade, não apenas manchete por alguns dias. Quer que o dinheiro público tenha destino certo, e não vire rastro de escândalo. Quer que promessas deixem de ser slogans de campanha e se tornem realidade no cotidiano.
A pátria mãe não pode seguir tratando seus filhos como figurantes. Precisa devolver dignidade, futuro e um motivo legítimo para alguém, de peito aberto, voltar a gritar: Viva o Brasil!
O fardo do cidadão comum
No fim das contas, quem segura o peso é sempre o mesmo: o cidadão comum. Aquele que paga imposto até na conta de luz, que financia com suor cada centavo do orçamento público, mas raramente vê retorno.
É ele quem sente o medo de ser assaltado no ponto de ônibus. É ele quem espera meses por uma consulta médica. É ele quem vê os filhos desistirem de estudar porque não conseguem sonhar com oportunidades reais.
Enquanto isso, a elite política se protege atrás de carros blindados, assessores e discursos bem produzidos. A distância entre os dois mundos só aumenta.
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Fecho
O dia da independência de 2025 não ficará marcado pelo desfile, mas pelo retrato de um país cansado, injusto e descrente. Uma nação que sobrevive apesar do governo, apesar do sistema, apesar da descrença.
E, diante desse cenário, sobra apenas a frase que ecoa: a pátria mãe engole o choro – e o povo, mesmo em silêncio, continua resistindo.
Leia mais em 👉 Viva o Brasil!
✍️ Por Eliton L Muniz – Cidade AC News – Rio Branco – Acre
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