sexta-feira, 5 dezembro, 2025

Banco Master: fraude bilionária, prisão, soltura e conexões que cercam o poder

Eliton Muniz – Caboco das Manchetes

Rio Branco – AC | Atualizado em 29/11/2025, às 02h30

Banco Master fraude bilionária em Brasília acre jornal jornais do acre
Banco Master fraude bilionária em Brasília acre jornal jornais do acre


A crise do Banco Master, investigada pela Polícia Federal na Operação Compliance Zero por supostos crimes contra o sistema financeiro e organização criminosa, envolve uma suspeita de fraude que pode chegar a mais de R$ 12 bilhões em operações com carteiras de crédito e CDBs, levou o Banco Central a decretar a liquidação extrajudicial da instituição em 18 de novembro de 2025, resultou na prisão do controlador Daniel Vorcaro e, dias depois, na sua soltura por decisão do TRF-1, tudo isso em meio a uma teia de relações com bancos públicos, fundos de investimento e doadores de campanhas de nomes de peso da política nacional.

■■ Leitura rápida: 4 minutos


Um banco, um rombo e um abacaxi regulatório

A queda do Banco Master não é apenas a história de um banco “problemático” que o mercado resolveu descartar.
É o retrato de como fraude sofisticada, crédito podre, rede de fundos e relações políticas podem criar um terremoto que obriga o Banco Central a puxar o freio de emergência.

Em 18 de novembro, o Banco Central decretou a liquidação extrajudicial do Banco Master, encerrando imediatamente as operações da instituição, em decisão assinada pelo presidente Gabriel Galípolo. A medida veio na esteira de meses de preocupação com a qualidade das carteiras de crédito e de operações vinculadas ao Banco de Brasília (BRB), banco estatal do Distrito Federal. Migalhas+1

Dias depois, em audiência no Senado, Galípolo foi cobrado por senadores sobre a “demora” na decisão, mas defendeu que o BC “descascou o abacaxi com competência” ao intervir quando o rombo ficou incontornável, enquanto o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, reforçou que a liquidação é prova de que a supervisão está funcionando. Senado Federal+1


Quem mandou prender e quem mandou soltar

No centro da crise está o mineiro Daniel Bueno Vorcaro, controlador e principal acionista do Banco Master. Ele foi preso pela Polícia Federal no Aeroporto de Guarulhos, em São Paulo, em 18 de novembro, em desdobramento da Operação Compliance Zero, quando se preparava para deixar o país.

  • Quem mandou prender:
    A prisão preventiva foi decretada pelo juiz federal Ricardo Augusto Soares Leite, da 10ª Vara Federal Criminal do Distrito Federal, a partir de pedido da PF para evitar suposta tentativa de fuga e impedir a continuidade das operações sob investigação.

  • Quem mandou soltar:
    Dias depois, a decisão foi revista. A desembargadora Solange Salgado, do TRF-1, concedeu habeas corpus para soltar Vorcaro e outros investigados, substituindo a prisão por medidas cautelares: tornozeleira eletrônica, proibição de atuar no sistema financeiro, de sair do país e de manter contato com outros investigados. O roteiro é clássico:
    primeira instância endurece para tentar estancar a sangria;
    tribunal restabelece o equilíbrio jurídico, mas sob intensa pressão da opinião pública.


Quanto dinheiro está em jogo

Operação Compliance Zero Banco Master investigação federal acre jornal jornais do acre
Operação Compliance Zero Banco Master investigação federal acre jornal jornais do acre

Os números ajudam a entender por que o caso Banco Master virou assunto de Estado:

  • R$ 12,2 bilhões – valor aproximado ligado às operações entre Banco Master e BRB consideradas irregulares ou insustentáveis, segundo análises de documentos do BC e de órgãos de controle.

  • Rombo bilionário espalhado por fundos e títulos – investigações apontam o uso de carteiras de crédito infladas, títulos lastreados em operações fictícias e redes de fundos fechados, o que dificultava rastrear a origem e o destino dos recursos.

Para o cidadão comum — no Acre, em Brasília ou em São Paulo — isso significa uma coisa:
quando um banco dessa escala implode, a conta não fica só na Faria Lima.
Ela respinga em bancos públicos, fundos de pensão, investidores pessoa física e, no limite, no contribuinte.


As conexões políticas: doações milionárias e reputações em xeque

O caso Banco Master também ganhou tração política porque o dinheiro do entorno de Vorcaro circulou em campanhas de figuras centrais da direita brasileira.

Reportagens recentes mostram que o pastor e empresário Fabiano Campos Zettel, cunhado de Daniel Vorcaro (casado com Natalia Vorcaro), foi o maior doador pessoa física da campanha do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, com R$ 2 milhões, e também doou cerca de R$ 3 milhões ao ex-presidente Jair Bolsonaro em disputas eleitorais anteriores. Além disso:

  • Após a privatização da Emae, empresa de energia paulista, parte dos recursos da estatal privatizada — cerca de R$ 160 milhões — foi aplicada em CDBs do Letsbank, instituição ligada ao conglomerado do Banco Master, criando um circuito delicado entre privatização, aplicação de recursos públicos e um banco hoje liquidado por fraude.

Até o momento, nem Tarcísio nem Bolsonaro são alvos formais da Operação Compliance Zero. O ponto aqui é outro:
o rastro financeiro do círculo do Banco Master atravessa campanhas eleitorais e decisões de governo, o que transforma um “caso de banco” num problema de reputação política.


O papel do BRB e o choque no sistema financeiro

Outro ponto sensível é o Banco de Brasília (BRB), instituição pública controlada pelo governo do Distrito Federal.

A PF, o Banco Central e o Ministério Público investigam operações de compra de carteiras de crédito e títulos ligados ao Master que podem ter deixado um prejuízo estrutural no BRB da ordem de R$ 12,2 bilhões, segundo estimativas preliminares citadas por órgãos de controle e analistas de mercado.

A defesa do ex-presidente do BRB, Paulo Henrique Costa, argumenta que as operações foram feitas dentro das normas, com ciência do BC, e que as carteiras foram, por um período, altamente lucrativas, gerando bilhões em resultado positivo antes da implosão do Master.

No fim, porém, o recado do episódio é simples:
quando o apetite por rentabilidade conversa demais com a miopia para risco, alguém vai pagar a conta — geralmente quem não estava sentado à mesa das decisões.


E o Acre tem o quê a ver com isso?

Pode parecer um problema distante, “coisa de Brasília e Faria Lima”. Não é.

  1. Impacto em CDBs e fundos
    A crise do Master reprecifica o risco de CDBs garantidos pelo FGC e de fundos que compram carteiras de crédito estruturadas. Quem está no Acre, acessando produtos financeiros via bancos, correspondentes, fintechs ou cooperativas, sente isso na forma de:

    • juros mais altos;

    • oferta de crédito mais restrita;

    • bancos mais conservadores em operações de médio e alto risco.

    • Reação em bancos públicos
      A exposição de um banco estatal como o BRB a operações ruinosas com o Master aumenta a vigilância sobre bancos públicos em todo o país — inclusive aqueles que financiam projetos na Amazônia e no Acre.

  2. Clima político e regulatório
    O caso fortalece o discurso de endurecimento regulatório. Isso pode significar, no curto prazo, mais segurança para o sistema, mas também mais barreiras para pequenos empresários, cooperativas e governos locais que precisem de crédito estruturado.

Em resumo:
o que pareceria apenas uma novela de banqueiro preso e solto em Brasília bate na porta do cidadão acreano na forma de crédito mais caro, investimento mais tímido e menos tolerância a risco justamente nas pontas que mais precisam.

É aqui que entra a missão do Cidade AC News como acre jornal entre os jornais do acre:
explicar como o que se decide no topo desmonta ou reorganiza a vida na base.


O que se sabe até agora

Linha do tempo resumida

  • Antes de 2025 – Banco Master cresce agressivamente, emite bilhões em CDBs e estrutura operações de crédito que chamam a atenção do mercado e do BC. Início de 2025 – BC e órgãos de controle intensificam o monitoramento da instituição e de operações com bancos públicos, especialmente o BRB.

  • 18 de novembro de 2025 – PF deflagra fase da Operação Compliance Zero; Daniel Vorcaro é preso em Guarulhos.

  • 18 de novembro de 2025 – Banco Central decreta liquidação extrajudicial do Banco Master.

  • Dias seguintes – imprensa revela a teia de fundos, jatinhos, festas e conexões políticas que circundavam o banco, inclusive a relação indireta com campanhas de Tarcísio e Bolsonaro via Fabiano Zettel.

  • Fim de novembro de 2025 – TRF-1 revoga a prisão preventiva de Daniel Vorcaro e outros investigados, impondo tornozeleira e restrições de atuação.


Links internos sugeridos

Para reforçar a malha de contexto e autoridade:

Link externo confiável (contexto técnico do caso):


FAQ – Banco Master, fraude e impacto para o leitor

1. O que é a Operação Compliance Zero?
É uma investigação da Polícia Federal que apura supostos crimes contra o sistema financeiro nacional e organização criminosa, envolvendo o Banco Master, o BRB e uma rede de fundos e empresas usadas para operações de crédito e títulos considerados fraudulentos por órgãos de controle.

2. Quem mandou prender Daniel Vorcaro?
A prisão preventiva foi decretada pelo juiz federal Ricardo Augusto Soares Leite, da 10ª Vara Federal Criminal do DF, a partir de pedido da PF, sob argumento de que era necessário evitar fuga e interromper práticas ilícitas em andamento.

3. Quem mandou soltar o dono do Banco Master?
A revogação da prisão foi determinada pela desembargadora Solange Salgado, do TRF-1, que substituiu a prisão por medidas cautelares como tornozeleira eletrônica, proibição de atuar no sistema financeiro e de deixar o país.

4. Quanto dinheiro está envolvido na fraude do Banco Master?
Estudos iniciais falam em cerca de R$ 12,2 bilhões em operações problemáticas envolvendo o BRB e o Banco Master, além de outras operações suspeitas com fundos que podem ampliar esse valor, redesenhando a percepção de risco do mercado de CDBs no Brasil.

5. O que o Acre tem a ver com isso?
Mesmo longe fisicamente, o Acre sente os efeitos de crises assim na forma de crédito mais caro, bancos mais conservadores e maior cautela em operações estruturadas. Quando a liquidação de um banco expõe falhas de supervisão, o sistema inteiro recalibra o risco — e isso chega a quem quer financiar casa, negócio ou produção no estado.


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