Capital acreana tem a tarifa mais baixa entre as capitais do país, frota reduzida e sistema em crise. Eletrificação seria saída ou mais um peso no transporte público?
Um sistema que respira por aparelhos
O transporte coletivo de Rio Branco enfrenta um dilema crônico: frota envelhecida, empresas em litígio com o município, redução de passageiros e forte dependência de subsídios para manter a tarifa em R$ 3,50 — a mais baixa do Brasil.
Atualmente, a cidade conta com cerca de 105 ônibus ativos em 50 linhas, transportando aproximadamente 50 mil pessoas por dia. A meta anunciada pela RBTrans é chegar a 120 veículos até o fim de 2025, mas esse avanço está travado por impasses em licitação e dificuldades financeiras das empresas concessionárias.
O custo da promessa elétrica
No discurso, ônibus elétricos trariam silêncio, ar limpo e imagem de modernidade para a capital acreana. Na prática, cada unidade custa em média R$ 3 milhões, valor até três vezes maior que um modelo a diesel.
Para substituir toda a frota atual, a conta passaria facilmente de R$ 300 milhões, sem incluir infraestrutura de carregamento, manutenção especializada e eventual reforço da rede elétrica.
Num sistema que sobrevive com repasses da prefeitura, é difícil imaginar de onde viria esse recurso sem impactar diretamente a tarifa do usuário ou o orçamento municipal.
Rede elétrica no limite
A equação esbarra também na realidade da energia. Rio Branco convive com quedas de energia e rede de distribuição frágil. Carregar dezenas de ônibus simultaneamente exigiria um reforço que hoje não existe.
Isso torna arriscado apostar numa frota elétrica ampla, sob pena de criar um colapso ainda maior no serviço, já que a capital sequer tem experiência com operação piloto em larga escala.
O fator Amazônia: clima e desgaste
Outro desafio pouco falado é o clima amazônico. Umidade alta, calor intenso e ruas frequentemente alagadas comprometem a vida útil das baterias.
Enquanto em países de clima temperado os ônibus elétricos conseguem rodar 8 anos antes de trocar baterias, aqui a durabilidade pode cair, aumentando ainda mais o custo de operação.
Alternativas mais viáveis
Se ônibus elétricos totais parecem fora de alcance, o que poderia ser feito já em Rio Branco?
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Projetos-piloto: implantar 2 ou 3 veículos em linhas curtas e centrais (como Via Chico Mendes e Avenida Ceará), para medir impacto e adaptação.
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Biocombustíveis regionais: o Acre tem histórico no uso de biodiesel e óleos vegetais, solução que aproveita recursos locais e exige menos investimento inicial.
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Energia solar: com forte incidência solar, a cidade poderia investir em miniusinas para reduzir o custo do abastecimento futuro.
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Gestão antes da modernização: renovar frota, reorganizar linhas e reduzir atrasos. Sem resolver o básico, não há tecnologia que salve o sistema.
Infográfico 1 — Transporte Coletivo em Rio Branco (2025)
O sistema de transporte público de Rio Branco opera atualmente com 105 ônibus, com meta da RBTrans de chegar a 120 veículos. No comparativo, o custo médio de um ônibus a diesel é de cerca de R$ 1 milhão, enquanto o de um elétrico pode ultrapassar R$ 3 milhões.
Aqui está o infográfico comparativo sobre o transporte coletivo em Rio Branco, destacando:
- Frota atual (105 ônibus)
- Meta da RBTrans (120 ônibus)
- Custo médio de um ônibus diesel (R$ 1 milhão)
- Custo médio de um ônibus elétrico (R$ 3 milhões)
Isso ajuda a visualizar o abismo de investimento entre o discurso de eletrificação e a realidade financeira da capital acreana. 🚍⚡
Infográfico 2 — Comparativo de Custo Médio (Diesel x Elétrico)
Cada ônibus elétrico custa, em média, o triplo de um modelo a diesel. Enquanto o diesel gira em torno de R$ 1 milhão por unidade (25% da fatia), o elétrico pode chegar a R$ 3 milhões (75%), o que escancara o peso da eletrificação para os cofres públicos de Rio Branco.
Aqui está o gráfico de pizza comparando o custo médio por unidade:
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🚍 Ônibus a Diesel: cerca de R$ 1 milhão (25%)
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⚡ Ônibus Elétrico: cerca de R$ 3 milhões (75%)
Ou seja, cada elétrico equivale a três a diesel no investimento inicial — um dado visual forte para mostrar como a eletrificação ainda é um salto pesado para Rio Branco.
Conclusão letal: quando o sonho vira miragem política
O debate sobre ônibus elétrico em Rio Branco não pode ser vendido como promessa fácil em palanque. Prefeitos, vereadores e até o governo federal precisam entender que, sem infraestrutura elétrica robusta, sem orçamento estável e sem uma gestão capaz de manter sequer a frota a diesel em condições dignas, falar em eletrificação é puro marketing verde.
Na prática, insistir nessa agenda agora seria enganar o passageiro e afundar ainda mais o sistema. A cidade precisa antes de transparência na RBTrans, de controle sobre as concessionárias e de investimentos realistas em frota eficiente e combustíveis alternativos regionais.
👉 A verdade nua e crua: se os gestores municipais quiserem apostar em ônibus elétricos agora, estarão vendendo um sonho que se converterá em pesadelo orçamentário.
✍️ Por Eliton Lobato Muniz — Cidade AC News
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