sexta-feira, 5 dezembro, 2025

Presidente do ICMBio rebate notícias falsas sobre operação: ‘Estão trazendo fatos do Amazonas para confundir o Acre’

A Operação Suçuarana, em curso na Reserva Extrativista Chico Mendes, em Xapuri, tem sido “alvo de notícias falsas e distorções”, envolvendo interesses contrários à preservação ambiental, segundo esclarecimento do presidente do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), Mauro Oliveira Pires, durante entrevista ao Gazeta Entrevista, desta sexta-feira, 20.

“Está circulando muita notícia falsa, muita coisa esquisita, associando essa operação do Instituto Chico Mendes a fatos que sequer aconteceram aqui. Estão trazendo situações ocorridas no Amazonas, por exemplo, para confundir a população do Acre”, afirmou o presidente.

A operação tem como foco combater a pecuária ilegal dentro da reserva, criada há 35 anos para garantir o sustento de cerca de 3 mil famílias de seringueiros, castanheiros e extrativistas que vivem na floresta. Pires explicou que o ICMBio foi impedido de fiscalizar a área durante anos, o que contribuiu para o aumento das ocupações irregulares.

“Infelizmente, essa é uma área pública federal, e muita gente começou a vender terrenos ilegalmente. Muitas pessoas compraram acreditando estar fazendo um bom negócio, mas não estavam. Quem vendeu não podia vender, e quem comprou fez um péssimo negócio”, destacou Pires.

O presidente ressaltou que o verdadeiro objetivo da reserva é preservar a floresta e garantir a subsistência das famílias extrativistas, muitas das quais mantêm pequenas criações de gado para consumo próprio ou venda pontual. O problema, segundo ele, foi o surgimento de fazendas extensivas com centenas de cabeças de gado, expulsando moradores tradicionais e promovendo desmatamento ilegal.

“Encontramos áreas com até 300 cabeças de gado. Isso não pode acontecer numa reserva extrativista, que existe justamente para manter a floresta em pé”, afirmou Mauro. “Essa operação atende a determinações da Justiça, do Ministério Público Federal e ao compromisso que temos com a sociedade.”

Pires explicou que o ICMBio priorizou casos mais graves e reincidentes. “Fomos atrás de processos que começaram em 2011 e, mesmo depois de várias notificações e multas, os responsáveis continuaram desmatando. Estamos retirando o gado dessas áreas como última alternativa”, disse.

De acordo com ele, 91% da Reserva Extrativista Chico Mendes ainda permanecem preservados graças à atuação das famílias extrativistas. Porém, as ocupações ilegais e a expansão da pecuária extensiva colocam em risco esse esforço histórico, além de gerar insegurança e ameaças a lideranças locais.

“Essas famílias são responsáveis por garantir a floresta em pé. Infelizmente, algumas pessoas de fora chegaram dizendo que aquela área não pertencia mais a elas. Famílias foram ameaçadas, lideranças foram perseguidas. Precisamos garantir o direito dessas famílias de viverem com dignidade na floresta, como sempre foi”, reforçou o presidente.

Pires também lamentou o ambiente de animosidade criado em torno da operação, inclusive com o incentivo de agentes políticos. “Obstruir fiscalização é crime federal. Já tivemos episódios em que entraram em frigorífico de madrugada, arrombaram cadeado, quebraram muro para soltar gado apreendido”, relatou. “Estamos atuando com o apoio da Força Nacional, do Exército e da Polícia Rodoviária Federal.”

Além da fiscalização, o ICMBio também atua com educação ambiental, apoio às atividades produtivas sustentáveis e fortalecimento das comunidades locais. “O Acre é um grande produtor de castanha, que gera renda e mantém a floresta em pé. A pecuária extensiva é incompatível com a proposta dessa reserva”, destacou.

O presidente defendeu ainda a importância da preservação para a qualidade ambiental da região. “Se não fosse pela Reserva Extrativista, as dificuldades e as cheias que assolam todos os anos o Estado do Acre seriam infinitamente mais graves. A floresta ajuda a garantir o clima, a qualidade da água e até mesmo a produtividade agrícola”, completou.

Pires encerrou afirmando que a maioria das famílias que vivem na reserva trabalha corretamente e deve ser valorizada. “Quem está lá dentro, 95% a 98%, são trabalhadores honestos, cuidando do seu bem-estar e preservando a floresta. Vamos continuar agindo contra quem insiste em descumprir a lei, porque é nosso dever defender a Amazônia e quem vive dela de forma correta”, concluiu.

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