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TEA na vida adulta: os desafios do diagnóstico tardio

O Dia Mundial do Autismo, celebrado em 2 de abril, busca combater a discriminação e disseminar informações sobre o Transtorno do Espectro Autista (TEA). Criada pela Organização Mundial de Saúde (OMS), a data reforça a importância da inclusão de crianças, adolescentes e adultos diagnosticados.

 

O TEA é um transtorno do neurodesenvolvimento caracterizado por dificuldades na comunicação e interação social, além de comportamentos repetitivos e interesses restritos. Segundo Flávio Sallem, neurologista do Hospital Japonês Santa Cruz, “o autismo é um espectro, ou seja, pode se manifestar de formas muito diferentes de pessoa para pessoa”.

Geralmente, o diagnóstico ocorre na infância. Embora em alguns casos os sintomas sejam evidentes, chegar a uma conclusão não é simples. “Nos baseamos em observações comportamentais e entrevistas estruturadas. Em crianças, envolve pais e cuidadores”, explica o neurologista. Além disso, O TEA é classificado em três níveis, de acordo com o grau de suporte necessário:

Nível 1: Requer apoio – dificuldades leves, mas perceptíveis em interações sociais.

Nível 2: Requer apoio substancial – desafios mais evidentes na comunicação e comportamento.

Nível 3: Requer apoio muito substancial – comprometimento severo na linguagem, interação e flexibilidade comportamental.

Embora os sinais sejam mais claros na infância, muitos adultos vêm descobrindo o diagnóstico tardiamente. “Pessoas com TEA de nível 1 frequentemente só são diagnosticadas na vida adulta, porque seus sinais são mais sutis e podem ter sido mascarados por estratégias de compensação social”, detalha. Contudo, a ausência de diagnóstico e acompanhamento adequado pode agravar o sofrimento psíquico, ansiedade, depressão e sensação de inadequação. “O autismo impacta a compreensão de sutilezas sociais, a fluência nas conversas, a adaptação a mudanças de rotina e a construção de vínculos afetivos”, pontua.

O autismo não se agrava com o tempo, mesmo sem intervenção médica. No entanto, sem apoio adequado, crises podem se tornar mais frequentes e a exclusão social pode aumentar. “Episódios de crises ocorrem por sobrecarga sensorial, emocional ou social. Autistas de nível 1 também têm crises, mas elas podem ser mais internas ou sutis, como irritabilidade intensa, mutismo temporário, isolamento, ataques de ansiedade ou colapsos silenciosos.

“O suporte à pessoa autista deve ser intersetorial, envolvendo diferentes áreas para garantir um desenvolvimento pleno e inclusivo. Na saúde, é fundamental oferecer diagnóstico precoce, terapias especializadas e acompanhamento médico contínuo”, salienta o médico.

No âmbito educacional, a adaptação pedagógica e a inclusão escolar são essenciais para a aprendizagem e socialização. No mercado de trabalho, é necessário promover oportunidades adaptadas e capacitação profissional. Além disso, a assistência social desempenha um papel importante ao fornecer benefícios e apoio às famílias, garantindo que tenham acesso aos recursos necessários para uma melhor qualidade de vida.

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