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WEG (WEGE3) perde 10% na bolsa após 1T25: Lucro de R$ 1,54 bi decepciona e margens recuam

WEG

A WEG, uma das gigantes do setor industrial brasileiro, enfrentou um cenário de forte turbulência na bolsa de valores no primeiro trimestre de 2025, com suas ações (WEGE3) registrando uma queda de 10,62% em um único dia, negociadas a R$ 45,11. O motivo principal foi a divulgação dos resultados financeiros do período, que ficaram abaixo das expectativas do mercado. Apesar de reportar um lucro líquido de R$ 1,54 bilhão, um crescimento de 16,4% em relação ao mesmo período de 2024, os números não atenderam às projeções de analistas, que esperavam um lucro de R$ 1,78 bilhão. Além disso, a receita líquida e a margem bruta também desapontaram, pressionando ainda mais o desempenho das ações.

Fundada em 1961, em Jaraguá do Sul, Santa Catarina, a WEG é reconhecida como uma das líderes globais na fabricação de motores elétricos, equipamentos eletrônicos industriais e soluções para energia renovável. A empresa, que opera em mais de 100 países, tem uma trajetória marcada por crescimento consistente e alta rentabilidade, o que a tornou uma das favoritas dos investidores na B3. No entanto, os resultados recentes expuseram desafios relacionados à compressão de margens, à valorização do real e aos impactos de aquisições recentes, como a compra de ativos da Regal Rexnord em 2023. Esses fatores geraram um clima de cautela entre analistas e investidores, que agora questionam a capacidade da companhia de manter seu histórico de desempenho excepcional.

A reação do mercado reflete não apenas os números abaixo do esperado, mas também uma mudança nas perspectivas para o futuro da WEG. O retorno sobre o capital investido (ROIC), uma das métricas mais acompanhadas pelos investidores, caiu 5,7 pontos percentuais, atingindo 33,2%. Esse recuo foi atribuído aos investimentos em ativos fixos e intangíveis, além da integração de negócios adquiridos. Embora a WEG continue sendo uma referência em eficiência operacional, os resultados do primeiro trimestre de 2025 levantaram debates sobre a sustentabilidade de suas margens e o impacto do cenário macroeconômico global. Este texto detalha os principais pontos dos resultados, os motivos da queda nas ações e as perspectivas para a companhia.

B3 Ibovespa
B3 Ibovespa – Foto: Piotr Swat / Shutterstock.com
  • Fatores que impactaram as ações da WEG no 1T25:
    • Lucro líquido de R$ 1,54 bilhão, 13,5% abaixo das projeções.
    • Receita líquida 3% inferior ao esperado por analistas.
    • Margem bruta caiu para 32,9%, menor nível desde o 3T23.
    • ROIC recuou para 33,2%, refletindo investimentos e aquisições.

Desempenho financeiro no 1T25: O que deu errado

O primeiro trimestre de 2025 trouxe resultados mistos para a WEG, com crescimento em algumas métricas, mas falhas em pontos cruciais que o mercado esperava. A receita líquida da companhia atingiu R$ 9,98 bilhões, um aumento de 12,4% em relação ao mesmo período de 2024, impulsionado pelo desempenho do mercado interno, que cresceu 14% na comparação anual. No entanto, a receita ficou 3% abaixo das projeções de analistas, que aguardavam um desempenho mais robusto, especialmente nas operações internacionais, impactadas pela apreciação do real frente ao dólar.

A margem bruta, outro indicador-chave, sofreu uma contração significativa, caindo para 32,9%, o menor patamar desde o terceiro trimestre de 2023. Essa redução foi atribuída a uma combinação de fatores, incluindo o aumento dos custos de insumos e a mudança no mix de produtos, com maior participação de segmentos menos verticalizados, como a geração solar, que apresentam margens mais apertadas. Além disso, as despesas operacionais, incluindo vendas, gerais e administrativas, cresceram 37% em relação ao ano anterior, superando o ritmo de aumento da receita. Esse descompasso pressionou a lucratividade e contribuiu para a percepção negativa do mercado.

O Ebitda, que mede o lucro operacional antes de juros, impostos, depreciações e amortizações, alcançou R$ 2,17 bilhões, com um crescimento de 22,8% na comparação com o 1T24. Apesar do avanço, o valor ficou abaixo dos R$ 2,37 bilhões esperados pelos analistas, e a margem Ebitda recuou de 22,1% para 21,6%. Esses números reforçam a narrativa de que a WEG enfrenta desafios para manter a eficiência operacional em um cenário de custos crescentes e integração de novas aquisições, como os negócios da Marathon, Rotor e Cemp, adquiridos da Regal Rexnord.

Reação do mercado: Por que as ações despencaram

A queda de 10,62% nas ações da WEG no dia 30 de abril de 2025 foi uma resposta direta aos resultados abaixo do esperado e à percepção de que a companhia pode estar entrando em uma fase de menor crescimento. Antes da divulgação dos números, analistas do JPMorgan já previam uma reação negativa, estimando uma desvalorização de 5% a 10% em relação ao Ibovespa. A previsão se confirmou, com as ações da WEG liderando as perdas na bolsa brasileira, enquanto o índice Ibovespa registrava uma queda mais moderada.

O mercado reagiu com particular preocupação à compressão das margens e à desaceleração do crescimento da receita externa, que representa cerca de 60% do faturamento da WEG. A valorização do real, que ganhou força no início de 2025, reduziu a competitividade das exportações e impactou a conversão de receitas em moeda estrangeira. Além disso, o aumento das despesas operacionais e a queda no ROIC levantaram dúvidas sobre a capacidade da companhia de manter sua rentabilidade histórica em meio a um ambiente macroeconômico global desafiador, marcado por incertezas econômicas nos Estados Unidos e na Europa.

  • Principais preocupações do mercado:
    • Compressão da margem bruta para 32,9%, abaixo das expectativas.
    • Crescimento de despesas operacionais acima da receita.
    • Impacto da valorização do real nas receitas internacionais.
    • Queda do ROIC devido a investimentos e aquisições.

Impacto das aquisições recentes

A aquisição dos negócios da Regal Rexnord, anunciada em setembro de 2023, foi a maior da história da WEG, com um valor estimado em US$ 400 milhões. A operação incluiu as marcas Marathon, Rotor e Cemp, fortalecendo a presença da companhia no mercado norte-americano e europeu. No entanto, a integração desses ativos tem pressionado os resultados financeiros, especialmente no que diz respeito ao ROIC, que caiu para 33,2% no 1T25. Esse recuo reflete o tempo necessário para que as aquisições alcancem a eficiência operacional característica da WEG.

A estratégia de crescimento por meio de aquisições é uma marca da WEG, que já realizou mais de 20 compras nos últimos 15 anos. Essas operações permitiram à companhia diversificar seu portfólio, entrando em novos segmentos, como energia renovável e automação industrial. No entanto, analistas apontam que a consolidação de negócios menos verticalizados, como os adquiridos da Regal Rexnord, tende a reduzir as margens no curto prazo, especialmente em um contexto de custos de insumos em alta e pressões inflacionárias globais.

Apesar dos desafios, a WEG destacou em teleconferência com investidores que as aquisições estão alinhadas com sua estratégia de longo prazo. A companhia espera que os novos negócios contribuam para o crescimento da receita a partir de 2026, quando a integração estiver mais avançada. Além disso, a WEG investiu R$ 1,2 bilhão em ativos fixos e intangíveis no 1T25, sinalizando confiança em sua capacidade de expandir a produção e melhorar a eficiência operacional no futuro.

Perspectivas para a receita doméstica e internacional

O desempenho do mercado interno foi um dos poucos pontos positivos do balanço do 1T25. A receita doméstica cresceu 14% na comparação anual, superando as projeções de analistas, que esperavam um aumento de 8%. Esse resultado foi impulsionado pela demanda por equipamentos industriais e soluções para energia renovável, setores que continuam em alta no Brasil devido a investimentos em infraestrutura e transição energética. A WEG tem se beneficiado de projetos ligados à geração solar e eólica, que representam uma fatia crescente de seu faturamento.

Por outro lado, as operações internacionais enfrentaram ventos contrários. A receita externa, que responde por mais da metade do faturamento da companhia, cresceu apenas 6% na comparação com o 1T24, impactada pela valorização do real e por uma desaceleração na demanda em mercados como os Estados Unidos e a Europa. A WEG destacou que a mudança no mix de produtos, com maior peso de segmentos de menor margem, também contribuiu para a compressão da lucratividade nas operações internacionais.

  • Fatores que influenciaram o desempenho:
    • Crescimento de 14% na receita doméstica, acima das projeções.
    • Receita externa cresceu apenas 6%, afetada pelo câmbio.
    • Demanda por energia renovável impulsionou o mercado interno.
    • Mix de produtos menos verticalizados reduziu margens.

Desafios macroeconômicos e custos de insumos

O ambiente macroeconômico global em 2025 apresenta desafios significativos para empresas como a WEG, que dependem de cadeias de suprimento internacionais e de uma economia global estável. A desaceleração econômica nos Estados Unidos, onde o PIB contraiu 1,1% no primeiro trimestre, e as incertezas na Europa, com a inflação persistente, reduziram a demanda por equipamentos industriais. Esses fatores impactaram diretamente as exportações da WEG, que enfrentou uma competição mais acirrada em mercados-chave.

Além disso, o aumento dos custos de insumos, como aço e componentes eletrônicos, pressionou as margens da companhia. A WEG destacou em teleconferência que a inflação de custos foi um dos principais fatores para a contração da margem bruta no 1T25. Embora a companhia tenha implementado medidas para mitigar esses impactos, como a renegociação com fornecedores e a otimização de processos produtivos, os resultados mostram que os desafios persistem.

A valorização do real, que atingiu uma cotação média de R$ 4,90 frente ao dólar no 1T25, também desempenhou um papel importante. A moeda brasileira mais forte reduziu a competitividade das exportações e impactou a conversão de receitas em reais, especialmente em mercados onde a WEG compete com preços em dólar ou euro. Esses fatores reforçam a necessidade de a companhia ajustar sua estratégia para manter a rentabilidade em um cenário de maior volatilidade.

O que dizem os analistas sobre o futuro da WEG

Os analistas de mercado apresentaram visões divergentes sobre o desempenho da WEG após os resultados do 1T25. O JPMorgan manteve uma postura cautelosa, destacando que a combinação de margens comprimidas, crescimento lento da receita externa e aumento das despesas operacionais justifica a queda nas ações. O banco projeta que a WEG será negociada a 19,9 vezes o valor da firma (EV)/Ebitda para 2025, um múltiplo superior aos 16,9 vezes de seus pares industriais globais, o que sugere uma avaliação premium que pode limitar ganhos adicionais.

O Goldman Sachs, por sua vez, reiterou a recomendação de venda para as ações da WEG, argumentando que o momentum de crescimento da companhia atingirá seu pico no início de 2025. O banco acredita que a estabilização das margens e a desaceleração da receita reduzirão o espaço para uma reavaliação positiva das ações. No entanto, o Goldman reconhece que a WEG continua sendo vista como um ativo defensivo, especialmente em um contexto de incertezas macroeconômicas no Brasil, onde os investidores buscam empresas com fundamentos sólidos.

A Genial Investimentos adotou uma visão mais equilibrada, apontando que, embora os resultados tenham sido decepcionantes, o ROIC de 33,2% ainda está próximo das expectativas consolidadas para 2025, considerando as integrações em andamento. A corretora destacou que a compressão das margens reflete fatores temporários, como a consolidação das aquisições e a mudança no mix de produtos, e espera uma recuperação gradual à medida que a WEG otimiza suas operações.

Estratégias da WEG para superar os desafios

A WEG tem adotado uma série de medidas para enfrentar os desafios do 1T25 e recuperar a confiança do mercado. Uma das prioridades é melhorar a eficiência operacional das aquisições recentes, especialmente os negócios da Regal Rexnord. A companhia está investindo em treinamento de equipes, modernização de fábricas e integração de sistemas para alinhar os novos ativos aos padrões de produtividade da WEG. Esses esforços devem começar a gerar resultados a partir de 2026, segundo estimativas da própria empresa.

Outro foco é a expansão no segmento de energia renovável, que tem se mostrado uma fonte de crescimento consistente no mercado interno. A WEG ampliou sua capacidade de produção de equipamentos para geração solar e eólica, atendendo à crescente demanda por soluções sustentáveis no Brasil. Em 2024, o setor de energias renováveis respondeu por 15% da receita doméstica da companhia, e a expectativa é que essa participação continue crescendo em 2025.

Além disso, a WEG está trabalhando para mitigar os impactos da valorização do real e dos custos de insumos. A companhia intensificou a busca por fornecedores locais no Brasil e em outros países, reduzindo a dependência de importações. Também implementou programas de automação e digitalização em suas fábricas, visando aumentar a eficiência e reduzir os custos operacionais. Essas iniciativas refletem o compromisso da WEG em manter sua competitividade em um cenário global desafiador.

  • Estratégias da WEG para 2025:
    • Integração eficiente das aquisições da Regal Rexnord.
    • Expansão no mercado de energias renováveis.
    • Redução da dependência de insumos importados.
    • Investimentos em automação e digitalização.

Impacto no mercado de capitais brasileiro

A queda das ações da WEG no 1T25 teve reflexos no mercado de capitais brasileiro, especialmente no Ibovespa, onde a companhia é uma das principais componentes. A desvalorização de 10,62% em um único dia contribuiu para a queda do índice, que já enfrentava pressões devido a resultados mistos de outras empresas, como a Vale (VALE3), e a divulgação de dados econômicos negativos nos Estados Unidos. A WEG, que historicamente é vista como uma ação defensiva, surpreendeu os investidores com sua volatilidade, levantando questões sobre o desempenho do setor industrial na bolsa.

O movimento das ações da WEG também afetou fundos de investimento e carteiras que têm a companhia como uma das principais posições. Muitos gestores haviam aumentado a exposição à WEG nos últimos meses, atraídos por sua recuperação de 10% em relação ao Ibovespa no último trimestre de 2024. A queda abrupta no 1T25 forçou uma reavaliação dessas estratégias, com alguns analistas recomendando a redução de posições até que a companhia demonstre sinais claros de recuperação.

Apesar do cenário adverso, a WEG continua sendo uma das empresas mais admiradas do mercado brasileiro, com uma base sólida de investidores institucionais e uma reputação de governança corporativa exemplar. A capacidade da companhia de se adaptar a desafios anteriores, como a crise financeira de 2008 e a pandemia de 2020, sugere que a queda atual pode ser um ajuste temporário. No entanto, o mercado permanecerá atento aos próximos trimestres para avaliar se a WEG conseguirá retomar seu crescimento sustentável.

O papel da WEG no setor industrial global

A WEG é uma das poucas empresas brasileiras com alcance verdadeiramente global, competindo com gigantes como Siemens, ABB e General Electric em mercados como automação industrial, motores elétricos e energia renovável. Sua presença em mais de 100 países e uma rede de 36 fábricas em 12 nações reforçam sua relevância no setor industrial. No entanto, os resultados do 1T25 destacam os desafios de manter a competitividade em um mercado globalizado, onde fatores como câmbio, custos de produção e inovação tecnológica desempenham papéis cruciais.

A companhia tem investido fortemente em pesquisa e desenvolvimento, com R$ 450 milhões alocados para inovação em 2024. Esses recursos foram direcionados para o desenvolvimento de soluções mais eficientes, como motores de alta performance e sistemas de automação para a indústria 4.0. Apesar dos desafios financeiros no 1T25, esses investimentos posicionam a WEG como uma das líderes na transição para uma economia de baixo carbono, com produtos que atendem às demandas por sustentabilidade e eficiência energética.

O desempenho da WEG também reflete as tendências do setor industrial global, que enfrenta pressões para se adaptar a um cenário de inflação persistente e cadeias de suprimento fragmentadas. A capacidade da companhia de navegar nesse ambiente será determinante para sua recuperação no mercado de capitais e para a manutenção de sua liderança no setor. A expectativa é que a WEG continue sendo uma referência em inovação, mas os investidores exigirão sinais claros de que a companhia pode superar os desafios atuais.

  • Diferenciais da WEG no mercado global:
    • Presença em mais de 100 países com 36 fábricas.
    • Investimentos de R$ 450 milhões em pesquisa e desenvolvimento.
    • Liderança em soluções para energia renovável e automação.
    • Reputação de governança corporativa exemplar.

Links e posts pesquisados

  • Site oficial da WEG: Informações sobre os resultados financeiros do 1T25.
  • B3: Dados sobre o desempenho das ações WEGE3 em 30 de abril de 2025.
  • InfoMoney: Reportagem sobre a queda das ações da WEG após o balanço do 1T25.
  • Valor Econômico: Análise dos resultados da WEG e perspectivas para 2025.
  • Reuters: Notícia sobre o impacto macroeconômico global no setor industrial.

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