A influenciadora Virgínia Fonseca depôs na CPI das Bets em 13 de maio de 2025, em Brasília, onde revelou ter investido mais de R$ 10 mil em apostas na Mega-Sena, na esperança de se tornar bilionária, mas sem sucesso. A sessão, transmitida ao vivo, atraiu milhares de espectadores interessados em suas declarações sobre parcerias com plataformas de apostas e seu envolvimento pessoal com jogos de azar. Virgínia, que compareceu como testemunha e não como investigada, negou qualquer vínculo de seus contratos publicitários com perdas de seguidores.
A Comissão Parlamentar de Inquérito, presidida pelo senador Dr. Hiran, investiga a atuação de influenciadores e empresas de apostas no Brasil, com foco na transparência e na proteção dos consumidores. Virgínia, acompanhada pelo marido, o cantor Zé Felipe, chegou ao Senado vestindo um moletom com estampa de sua filha, Maria Flor, e carregando um copo Stanley rosa.
- Destaques do depoimento:
- Investimento de R$ 10 mil na Mega-Sena sem retorno.
- Contratos publicitários sem cláusulas de perdas.
- Alertas sobre riscos em postagens patrocinadas.
A relatora da CPI, senadora Soraya Thronicke, enfatizou que o objetivo da comissão é aprimorar a legislação, sem expor os depoentes. Virgínia, visivelmente nervosa, afirmou que era sua primeira vez em uma situação como essa, mas prometeu esclarecer todas as questões levantadas.
Contratos publicitários esclarecidos
Virgínia Fonseca detalhou seus acordos com plataformas de apostas, como a Blaze e a Esportes da Sorte, durante o depoimento. Ela negou a existência de cláusulas que atrelassem sua remuneração às perdas dos apostadores, como sugerido pelo senador Izalci Lucas. A influenciadora explicou que seu contrato com a Esportes da Sorte previa um bônus de 30% caso dobrasse o lucro da empresa, mas essa meta nunca foi alcançada, e nenhum valor adicional foi recebido.
Os contratos, segundo Virgínia, eram de exclusividade, impedindo-a de promover outras casas de apostas. Ela se comprometeu a fornecer os documentos à CPI para comprovar a ausência de incentivos baseados em prejuízos dos seguidores. Todos os valores recebidos por campanhas, conforme declarado, foram devidamente informados à Receita Federal.
A transparência nos contratos é um ponto central da investigação da CPI, que busca entender se influenciadores recebem benefícios por práticas que possam prejudicar consumidores. Virgínia reforçou que seus acordos seguem padrões éticos e são semelhantes aos firmados com outras marcas fora do setor de apostas.
- Termos dos contratos:
- Valor fixo, sem bônus por perdas de usuários.
- Exclusividade com plataformas específicas.
- Declaração de todos os valores à Receita.
- Documentação disponível para a CPI.
Experiência pessoal com jogos
Durante o interrogatório, Virgínia admitiu ter jogado em plataformas de apostas, incluindo a Mega-Sena, onde gastou mais de R$ 10 mil sem obter prêmios significativos. Ela esclareceu que usava contas fornecidas pelas empresas para demonstrações em vídeos, com senhas específicas, e não contas pessoais ou dos seguidores. A influenciadora destacou que o aplicativo utilizado em suas postagens é o mesmo acessado pelos usuários, garantindo autenticidade nas divulgações.
A senadora Soraya Thronicke questionou se o marido de Virgínia, Zé Felipe, também participava das apostas. A influenciadora confirmou que ele possui uma conta, mas joga junto com ela durante as gravações, sem usar dispositivos separados. Quanto à mãe, Virgínia disse desconhecer suas atividades, reforçando que não monitora as ações de familiares em particular.
O depoimento revelou que Virgínia mantém uma postura cautelosa ao promover jogos, sempre alertando sobre os riscos e a possibilidade de perdas. Ela enfatizou que suas postagens nunca incentivaram os seguidores a buscar lucros garantidos, mas sim a tratar as apostas como entretenimento.
Transparência nas redes sociais
A CPI abordou a identificação de conteúdos patrocinados nas publicações de Virgínia. A influenciadora afirmou que todas as postagens relacionadas a apostas, como as feitas para a Blaze, são marcadas com termos como “parceria paga” ou “publicidade”, atendendo às exigências do Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária (Conar). Ela destacou que menores de 18 anos são expressamente desencorajados de participar, conforme indicado em suas campanhas.
A Lei 14.790, regulamentada pelo Ministério da Fazenda, exige que ações de comunicação priorizem a prevenção ao vício e a clareza sobre os riscos. Virgínia reforçou que suas postagens incluem alertas visíveis e imagens exigidas pelas normas publicitárias. A CPI investiga se influenciadores, em geral, cumprem essas diretrizes, especialmente em um setor que atrai jovens e públicos vulneráveis.
A influenciadora também mencionou que, atualmente, limita suas postagens sobre apostas a stories semanais, conforme estipulado em seu contrato com a Blaze. A redução no volume de publicações no feed reflete ajustes em sua estratégia de conteúdo, mas não foi detalhada durante o depoimento.
Alcance e responsabilidade
Com mais de 53 milhões de seguidores, Virgínia Fonseca é uma das maiores influenciadoras do Brasil, o que amplia sua responsabilidade na promoção de produtos e serviços. A CPI questionou como ela gerencia o impacto de suas campanhas, especialmente em um setor sensível como o de apostas. Virgínia respondeu que sua equipe segue protocolos rigorosos para garantir a conformidade com as normas, mas admitiu que não pode acompanhar todas as interações dos seguidores devido ao volume de sua audiência.
O senador Izalci Lucas perguntou se Virgínia tinha conhecimento das investigações envolvendo a Esportes da Sorte, uma das empresas com as quais trabalhou. Ela esclareceu que sua parceria com a plataforma terminou antes das denúncias, e que, durante o contrato, não havia indícios de irregularidades. A influenciadora reforçou que suas ações publicitárias sempre incluíram alertas sobre os riscos dos jogos.
A CPI tem destacado que influenciadores com grande alcance devem adotar medidas adicionais para mitigar os efeitos negativos de suas campanhas. No caso de Virgínia, a comissão buscou entender como ela equilibra a promoção de apostas com a proteção de seu público.
- Medidas adotadas por Virgínia:
- Alertas sobre riscos em todas as postagens.
- Proibição de participação de menores de 18 anos.
- Uso de marcações publicitárias claras.
- Redução de postagens no feed.
Crescimento do mercado de apostas
O setor de apostas esportivas e loterias no Brasil tem registrado crescimento expressivo, movimentando bilhões de reais anualmente. A Mega-Sena, mencionada por Virgínia, é uma das loterias mais populares do país, administrada pela Caixa Econômica Federal. Em 2024, as loterias federais arrecadaram mais de R$ 20 bilhões, com a Mega-Sena respondendo por uma fatia significativa.
Plataformas de apostas online, como Blaze e Esportes da Sorte, também ganharam espaço, atraindo milhões de usuários com promessas de ganhos rápidos. A regulamentação trazida pela Lei 14.790, sancionada em 2023, estabeleceu regras para o setor, incluindo impostos e medidas de proteção ao consumidor. A CPI investiga se as empresas e seus parceiros, como influenciadores, cumprem essas normas.
O depoimento de Virgínia destacou o papel das loterias tradicionais, como a Mega-Sena, no imaginário dos brasileiros. Seu relato sobre o investimento de R$ 10 mil sem retorno ilustra os desafios enfrentados por apostadores, mesmo em jogos regulamentados.
Prevenção ao vício em jogos
A CPI das Bets tem ouvido especialistas para avaliar os riscos do vício em apostas, especialmente entre jovens. Estudos apresentados durante as sessões indicam que o público entre 18 e 24 anos é o mais suscetível à dependência, devido à exposição a propagandas nas redes sociais. Virgínia Fonseca afirmou que suas campanhas incluem alertas sobre os riscos, mas a CPI questiona se essas medidas são suficientes.
A Lei 14.790 exige que empresas e influenciadores promovam a conscientização sobre o jogo responsável. Virgínia destacou que suas postagens sempre reforçam que apostas são uma forma de entretenimento, com chances de ganhos e perdas. Ela também mencionou o uso de imagens exigidas pelo Conar para alertar sobre a proibição de participação de menores.
- Ações de prevenção exigidas:
- Alertas sobre riscos nas campanhas.
- Restrições de idade nas plataformas.
- Informações sobre apoio a dependentes.
- Transparência em promoções e bônus.
Repercussão do depoimento
A participação de Virgínia Fonseca na CPI gerou ampla repercussão nas redes sociais, com milhares de fãs comentando sua postura durante a sessão. Muitos elogiaram sua transparência ao detalhar os contratos e admitir o investimento na Mega-Sena, enquanto outros cobraram maior responsabilidade na promoção de apostas. A transmissão ao vivo, acessada por milhares de espectadores, ampliou o debate sobre o papel dos influenciadores no setor.
A presença de Virgínia, com seu moletom estampado e copo Stanley, também foi destaque em portais de notícias, que acompanharam o evento em tempo real. A CPI planeja convocar outros influenciadores e representantes de plataformas para continuar a investigação, com foco na proteção dos consumidores.
Fiscalização e regulamentação
A CPI examina a atuação do Ministério da Fazenda e de outros órgãos na fiscalização do mercado de apostas. A Lei 14.790 delega ao governo a responsabilidade de monitorar as plataformas, mas a comissão questiona se os mecanismos atuais são eficazes. Denúncias de fraudes e propagandas enganosas têm aumentado a pressão por regulamentações mais rigorosas.
Virgínia Fonseca não foi questionada diretamente sobre irregularidades das empresas com as quais trabalhou, mas sua fala sobre a clareza de seus contratos reforçou a importância de parcerias bem documentadas. A CPI busca identificar falhas no sistema que permitam práticas publicitárias antiéticas ou prejudiciais.
Histórico da CPI
A Comissão Parlamentar de Inquérito das Bets foi criada em 2024, após denúncias sobre os impactos das apostas no bem-estar financeiro e emocional dos brasileiros. A investigação abrange a transparência nas campanhas publicitárias, a legalidade das operações das plataformas e os efeitos do vício em jogos. A convocação de Virgínia Fonseca, uma das maiores influenciadoras do país, marcou uma das sessões mais aguardadas.
A CPI já ouviu outros influenciadores, executivos de empresas de apostas e especialistas, analisando documentos e campanhas. A meta é propor mudanças na legislação para proteger os consumidores, especialmente jovens, que formam a maior parte do público das plataformas de apostas.
- Etapas da CPI:
- Instalação em 2024.
- Depoimentos de influenciadores e empresas.
- Análise de contratos e propagandas.
- Propostas para aprimorar a Lei 14.790.
Próximas sessões
A CPI das Bets planeja realizar novas audiências ao longo de 2025, convocando representantes de plataformas de apostas e outros influenciadores. A comissão também estuda sugerir ajustes na Lei 14.790, com foco em medidas de prevenção ao vício e maior fiscalização. O depoimento de Virgínia Fonseca será avaliado em conjunto com outros testemunhos para mapear o impacto das parcerias publicitárias no setor.
A investigação continua a destacar a necessidade de equilibrar o crescimento do mercado de apostas com a segurança dos usuários. A participação de figuras públicas como Virgínia reforça o debate sobre a responsabilidade dos influenciadores em setores de alto risco.