sexta-feira, 5 dezembro, 2025

Violência invisível: família luta para que morte de Joyce seja reconhecida como feminicídio psicológico durante audiência na Aleac

Foi realizado na manhã desta segunda-feira, 16, uma audiência pública na Assembleia Legislativa do Acre (Aleac) para discutir o caso de Joycilene Sousa de Araújo, conhecida como Joyce, que morreu em novembro de 2024 após uma parada cardíaca provocada pela ingestão de comprimidos controlados. A família e representantes de entidades sociais defendem que a morte da acreana seja reconhecida como um feminicídio psicológico, resultado de um longo ciclo de violência emocional, patrimonial e psicológica.

A audiência proposta pela deputada estadual Michelle Melo, destacou que a rede de proteção falhou em oferecer o suporte necessário à vítima. “Houve erros no fluxo de saúde mental, na ligação ao 180, na condução do caso. Toda tentativa de suicídio precisa de assistência imediata, e isso não aconteceu”, afirmou.

Jaqueline Sousa, irmã de Joyce, fez um desabafo emocionante e cobrou reflexão sobre a cultura machista e o papel das instituições no combate à violência contra a mulher. “O suicídio não é reconhecido como feminicídio. Joyce entrou para a estatística de suicídio em 2024. E de quem é a culpa? Da vítima? É isso que a sociedade diz”, questionou.

Jaqueline relatou que Joyce sofreu um processo contínuo de manipulação e isolamento durante o relacionamento abusivo com Thiago Augusto Borges, acusado pela família de violência psicológica e patrimonial. “Joyce não podia sair, não podia trabalhar direito, foi sendo esvaziada dela mesma, se sentindo culpada por sentir o que estava sentindo”, disse.

A irmã ainda revelou falhas graves na rede de atendimento à vítima. Após uma tentativa de suicídio no início de novembro, o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) encaminhou Joyce para a UPA, e não para o Pronto Socorro, como deveria ter sido feito. “Ela foi liberada horas depois. Eu insistia que ela precisava de um leito psiquiátrico. Nada foi feito. No dia 17 de novembro, minha irmã morreu”, declarou.

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Representantes de instituições também destacaram a necessidade de reconhecer a violência psicológica como um caminho para o feminicídio. A advogada Tatiana Souza, da Comissão da Mulher Advogada, afirmou que “não é um suicídio, é um feminicídio. Se não dermos nome, continuaremos vivendo a omissão”.

Já a procuradora de justiça Patrícia Rego reforçou o desafio enfrentado pelo sistema de justiça. “Se já é um desafio garantir justiça em casos tradicionais de violência, imagina nesses casos que ainda não têm o devido reconhecimento? A luta é para mudar essa estrutura e garantir que nenhuma mulher passe pelo que Joyce passou”, afirmou.

O caso segue sob investigação pela Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (Deam) e acompanhado pelo Ministério Público do Acre (MPAC). A família e entidades cobram que a morte de Joyce seja reconhecida oficialmente como feminicídio psicológico e sirva de alerta para fortalecer as políticas de combate à violência contra a mulher.

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