Versos de lama: a cidade que ecoa
Enquanto a cidade acelera para a ExpoAcre, a máquina pública tenta — silenciosamente — limpar o que sobrou das chuvas. A Operação Inverno terminou em abril, mas os efeitos dos alagamentos ainda permanecem: entulhos nos bairros, veículos abandonados em áreas públicas, mato avançando nos ramais. A Prefeitura iniciou uma ação para retirar sucatas das ruas e revitalizar parte da cidade.
Mas no outro lado da mesma paisagem urbana, motoboys protestam: taxas abusivas, multas recorrentes e um serviço de entrega cada vez mais insustentável. Em meio ao barulho da política, os ruídos reais vêm da base: do trabalhador que rala na rua, da dona de casa sem coleta regular, do estudante com aula cancelada porque o ônibus quebrou de novo.
Esses ruídos não são captados em reunião de gabinete. Eles ecoam nos grupos de WhatsApp e nas filas do posto de saúde. É a poesia silenciosa da cidade: desigual, abafada e ainda sem refrão.
Assinado por Eliton Lobato Muniz – Cidade AC News – Rio Branco – Acre





