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Vereadores convocam Energisa para esclarecer falhas em fornecimento elétrico

Vereadores convocam Energisa para esclarecer falhas em fornecimento elétrico | Cidade AC News – Notícias do Acre

A Câmara Municipal de Rio Branco decidiu convocar representantes da Energisa Acre para uma audiência pública urgente, após uma onda de reclamações de moradores que enfrentaram falhas na ligação elétrica em diferentes bairros da capital nas últimas semanas. A medida foi articulada por vereadores de diferentes partidos, diante da pressão popular crescente e da falta de resposta efetiva por parte da concessionária.

O caso reacendeu o debate sobre a qualidade dos serviços prestados pela empresa responsável pela distribuição de energia no Acre, que já havia sido alvo de críticas em anos anteriores, especialmente por cobranças abusivas, interrupções frequentes e demora nos atendimentos técnicos.

Bairros enfrentam apagões e lentidão na instalação de medidores

Moradores de bairros como Tancredo Neves, Belo Jardim, Cidade do Povo e Sobral relataram à Ouvidoria da Câmara episódios de apagões repentinos, demora de até 15 dias para ligação de energia em novas residências e ausência de retorno por parte da empresa, mesmo após múltiplas solicitações nos canais oficiais.

A vereadora Michelle Melo (PDT) foi uma das primeiras a cobrar explicações públicas:

“Estamos falando de uma empresa que lucra milhões com concessão pública e trata os moradores como invisíveis. Isso é inadmissível. Vamos convocar, sim, e exigir soluções concretas”, afirmou durante sessão ordinária no dia 8 de julho.

Protocolo da convocação e exigência de plano emergencial

A convocação formal foi aprovada em bloco por unanimidade pelos vereadores presentes na sessão de terça-feira (8). A audiência com os representantes da Energisa está prevista para ocorrer no plenário da Câmara até o dia 15 de julho, com transmissão ao vivo e espaço para manifestações populares.

O presidente da Comissão de Serviços Públicos, vereador Antônio Moraes (PSDB), afirmou que o Legislativo quer ouvir da empresa quais são os gargalos atuais, o número de solicitações pendentes, os prazos médios de atendimento e os investimentos feitos nos últimos 12 meses.

“Estamos cansados de promessas e notas genéricas. Queremos um plano emergencial, com prazos, metas e resultados”, cobrou Moraes.

Histórico de falhas e promessas não cumpridas

Esta não é a primeira vez que a Energisa é chamada ao parlamento municipal. Em 2023, a empresa já havia se comprometido com melhorias no atendimento, após uma série de denúncias sobre faturas abusivas e falta de resposta às ordens de serviço. Na ocasião, apresentou um plano de ação com prazos que, segundo vereadores, não foram cumpridos.

O vereador Francisco Piaba (MDB) lembrou que “o problema é recorrente e parece crônico”.

“Toda vez é a mesma história: eles vêm, prometem, mudam supervisor e o problema volta. Isso é desrespeito com o povo e afronta ao Legislativo.”

Energisa responde com nota genérica e evita confronto

Procurada pela imprensa, a assessoria da Energisa Acre confirmou que enviará representantes à audiência, mas se limitou a declarar, em nota, que a empresa “mantém compromisso com a qualidade do serviço e lamenta eventuais transtornos causados aos clientes”.

A resposta protocolar foi vista por vereadores como evasiva e “desconectada da realidade dos consumidores”, segundo o vereador Rodrigo Forneck (PT), que defendeu a instalação de um canal permanente de fiscalização entre a Câmara e a concessionária.

Oposição cobra rompimento de contrato; base prefere mediação

Parlamentares da oposição, como Jarude (Novo) e Emerson Jarbas (PSOL), chegaram a sugerir o início de uma investigação para apurar possível descumprimento contratual, o que poderia abrir brechas para ações judiciais ou até revisão do contrato de concessão.

A base governista, no entanto, preferiu adotar um tom mais conciliador, defendendo mediação institucional antes de qualquer ruptura. O presidente da Casa, Joabe Lira (União Brasil), sinalizou que a Câmara deve manter diálogo firme, mas respeitoso, com a concessionária, sem descartar medidas legais, caso não haja avanços concretos.

População indignada nas redes e nos bairros

Nas redes sociais, o tema ganhou tração com a hashtag #EnergisaRespeiteRioBranco, impulsionada por líderes comunitários, vereadores e moradores afetados. Em bairros como Calafate e Taquari, moradores organizam abaixo-assinados exigindo melhorias imediatas e prometem comparecer à audiência para expor os transtornos vividos.

A moradora Ana Paula Silva, do bairro Mocinha Magalhães, relatou que esperou 12 dias para a instalação de um padrão de energia, mesmo com todos os documentos em dia.

“Fiquei sem geladeira, sem ventilador, com criança pequena em casa. Isso não é prestação de serviço, é castigo.”

A importância do controle público sobre concessões privadas

A crise entre a Câmara e a Energisa evidencia um dilema comum nas capitais brasileiras: a dificuldade de regular com eficiência serviços públicos concedidos à iniciativa privada. Enquanto a empresa presta contas à ANEEL e ao governo estadual, é o cidadão que sofre com a falta de respostas locais.

Especialistas ouvidos pelo Cidade AC News apontam que o Legislativo municipal precisa ampliar sua atuação como fiscal das relações contratuais, utilizando seu poder político para garantir que os direitos da população sejam respeitados.

Com a convocação da Energisa, a Câmara de Rio Branco assume protagonismo num tema que afeta milhares de moradores e exige respostas rápidas. Resta saber se a concessionária apresentará um plano de ação à altura das expectativas ou se a crise evoluirá para medidas mais drásticas. O que está em jogo não é apenas a energia elétrica, mas a confiança da população no poder público e na capacidade de reação diante de abusos e omissões.

 

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