domingo, 3 agosto, 2025
20.3 C
Rio Branco

Vale (VALE3) enfrenta queda na B3: minério e dólar pressionam ações

As ações da Vale (VALE3) enfrentam uma queda significativa em junho de 2025, com recuo de 3,55% na semana, atingindo R$ 50,28 na sexta-feira (20), menor valor desde abril. A desvalorização, que já acumula 1,94% no ano, reflete incertezas globais, como a desaceleração econômica da China, principal importadora de minério de ferro, e tensões no Oriente Médio. Fatores como a queda do dólar e a sazonalidade fraca do minério também pressionam os papéis. Apesar do cenário, analistas mantêm otimismo, apontando a solidez financeira da empresa e dividendos atrativos. O que explica essa baixa e quais são as perspectivas para a mineradora?

A Vale, uma das maiores mineradoras do mundo, enfrenta um momento delicado na bolsa brasileira, a B3, com suas ações ordinárias (VALE3) registrando perdas consistentes. A cotação, que começou 2025 a R$ 52,21, agora oscila em níveis que preocupam investidores. A combinação de fatores externos e internos cria um cenário de cautela, mas também de oportunidades para quem busca retornos de longo prazo. A seguir, detalhamos os principais motivos dessa desvalorização:

Bolsa de Valores
Bolsa de Valores – Foto: EDSON DE SOUZA NASCIMENTO/ shutterstock.com
  • Demanda global por minério: A China, que consome cerca de 48% do minério de ferro exportado pela Vale, enfrenta dificuldades para retomar o crescimento pré-pandemia, mesmo com estímulos governamentais.
  • Flutuações cambiais: O dólar, que impacta diretamente as receitas da Vale, caiu 3,7% no mês e 11% no ano, reduzindo a rentabilidade em reais.
  • Sazonalidade do mercado: O minério de ferro entra em um período de menor demanda, o que aumenta a pressão sobre os preços da commodity.

A notícia, amplamente discutida no mercado financeiro, reflete um momento de volatilidade, mas também de análise estratégica para investidores. A Vale, com sua robusta geração de caixa e dividendos elevados, segue como uma aposta para analistas, apesar dos desafios imediatos.

Cenário econômico global pressiona a Vale

O mercado internacional desempenha um papel central na performance das ações da Vale. A China, principal motor da demanda por minério de ferro, enfrenta uma crise imobiliária e uma mudança demográfica que reduz o consumo de commodities. Desde 2020, o crescimento econômico do país asiático desacelerou, impactando diretamente as exportações brasileiras. Em 2025, a commodity oscila em torno de US$ 96 por tonelada, bem abaixo dos US$ 120 registrados no início de 2023, segundo analistas da Genial Investimentos.

Além disso, tensões geopolíticas no Oriente Médio, como conflitos que afetam cadeias logísticas globais, geram incertezas adicionais. A possibilidade de escalada em disputas comerciais entre China e Estados Unidos, intensificada por ameaças de novas tarifas alfandegárias, também contribui para a cautela dos investidores. Essas questões globais criam um ambiente de aversão ao risco, penalizando ativos ligados a commodities.

No entanto, nem tudo é pessimismo. A Ágora Investimentos destaca que os estoques de minério e aço na China estão mais baixos em 2025, o que pode sustentar os preços da commodity em patamares próximos a US$ 100 por tonelada. Essa estabilidade, aliada à alta demanda das siderúrgicas chinesas, sugere que a Vale pode manter margens operacionais saudáveis.

Fatores internos e o impacto do dólar

No cenário doméstico, a queda do dólar ante o real é um fator significativo. Como a Vale gera quase toda sua receita em dólar, a desvalorização da moeda americana reduz os ganhos em reais. Em junho de 2025, o dólar acumula uma queda de 3,7% no mês, enquanto no ano a baixa chega a 11%. Alexandre Pletes, head de renda variável da Faz Capital, explica que essa dinâmica cambial impacta diretamente a percepção de valor da empresa no mercado brasileiro.

Outro ponto relevante é a sazonalidade do minério de ferro. O segundo semestre costuma ser um período de menor demanda, o que pressiona os preços e, consequentemente, as ações da mineradora. Essa tendência sazonal, combinada com a volatilidade do mercado, amplifica as perdas de curto prazo da VALE3.

Dividendos robustos como atrativo

Apesar da desvalorização, a Vale segue sendo uma das empresas mais atrativas do Ibovespa em termos de dividendos. No último ano, a companhia distribuiu R$ 4,83 por ação, resultando em um dividend yield de 9,31%, segundo dados da Investidor10. Para 2025, analistas do Bradesco BBI e da Ágora projetam um rendimento de até 10,7%, o que reforça o apelo do papel para investidores focados em renda passiva.

A mineradora também mantém uma política de recompra de ações, anunciada em 2023, com a aquisição de 150 milhões de papéis, equivalente a 3,5% do free float. Essa estratégia sinaliza confiança da gestão na recuperação do valor de mercado, que atualmente está em R$ 218,73 bilhões, o menor patamar em nove anos, conforme relatório do Citi.

  • Dividendos pagos em 2025: R$ 2,14 até junho, com projeções de novos pagamentos em setembro.
  • Recompra de ações: Programa iniciado em 2023 segue ativo, reduzindo o número de papéis em circulação.
  • Geração de caixa: A Vale mantém um fluxo de caixa livre de 9%, quase três vezes superior à média global do setor, segundo posts no X.

Perspectivas otimistas de analistas

Mesmo com a queda de 23,32% em 2024 e a baixa acumulada em 2025, grandes casas de análise mantêm recomendações positivas para a VALE3. A Ágora Investimentos e o Bradesco BBI projetam um preço-alvo de R$ 77 para o fim de 2025, o que representa uma alta potencial de 47,9% em relação ao fechamento de R$ 52,05 em 7 de janeiro. O Citi também reitera a recomendação de compra, destacando que o valor de mercado atual, abaixo de US$ 40 bilhões, está subvalorizado em relação à média histórica.

Renato Chanes, analista da Ágora, argumenta que a continuidade da queda é difícil de justificar, considerando a recuperação do minério de ferro, que superou US$ 111 por tonelada em dezembro de 2024, e a solidez financeira da Vale. A empresa também avança em projetos de expansão, como a exploração de cobre na região de Carajás, no Pará, com investimentos de US$ 290 milhões anunciados em junho de 2025.

Movimentos especulativos no mercado

A Vale também enfrenta pressões de curto prazo devido a movimentos especulativos. Em novembro de 2024, o volume de ações em aluguel (short selling) saltou 40% em 24 horas, passando de 111 mil para 154 mil papéis, segundo a Economatica. Essa prática, que reflete apostas na queda do papel, contribuiu para a desvalorização de 3,35% naquela semana. João Daronco, da Suno Research, explica que, embora expressivo, o volume ainda é pequeno frente ao total de ações em circulação, sugerindo que o impacto é mais psicológico do que estrutural.

A pressão vendedora também foi influenciada por rumores de venda de ativos por parte da Cosan, que detém 4,1% da Vale, avaliados em US$ 2,2 bilhões. Embora a Cosan não tenha confirmado a operação, a notícia, publicada pela Bloomberg em setembro de 2024, gerou instabilidade momentânea no mercado.

Desempenho financeiro recente

Os resultados financeiros da Vale em 2025 mostram um cenário de desafios, mas com sinais de resiliência. No primeiro trimestre, a empresa reportou um lucro líquido de US$ 1,394 bilhão, uma queda de 17% em relação ao mesmo período de 2024. No terceiro trimestre de 2024, o lucro recuou 14,84%, totalizando US$ 2,41 bilhões. Apesar das quedas, a Vale mantém eficiência operacional, com custos reduzidos e um mix de produtos de maior qualidade.

A companhia também avança em sua agenda de sustentabilidade, com investimentos em recuperação ambiental e redução de emissões. Em junho de 2025, a Vale anunciou testes com caminhões movidos a diesel e etanol, em parceria com a Cummins, visando cortar emissões em suas operações.

Setor de mineração sob pressão

O setor de mineração como um todo enfrenta dificuldades em 2025. Ações de outras empresas, como CSN Mineração (CSNA3) e Usiminas (USIM5), também registram perdas, com desvalorizações de 0,80% e 6,59%, respectivamente, em 17 de junho. A fraqueza do minério de ferro, que caiu 0,71% em Dalian no início de março, reflete um mercado global cauteloso, agravado por incertezas sobre as tarifas comerciais de Donald Trump, que podem impactar o aço e o alumínio brasileiros a partir de 12 de março.

Estratégias de crescimento da Vale

A Vale não está parada diante dos desafios. A empresa aposta em diversificação, com foco na produção de cobre e níquel, essenciais para a transição energética. O projeto de cobre no Pará, com licença prévia obtida em junho de 2025, visa dobrar a produção na região de Sossego, contribuindo com 50 mil toneladas anuais por oito anos. Além disso, a mineradora planeja atingir uma produção de 340 a 360 milhões de toneladas de minério de ferro até 2030, com custos reduzidos em até US$ 5 por tonelada.

A liderança da Vale também reforça seu compromisso com a sustentabilidade. Grazielle Parenti, nova vice-presidente de sustentabilidade, assumiu em maio de 2025, com a missão de alinhar as operações aos padrões ESG (ambiental, social e governança). Esses esforços fortalecem a imagem da empresa no mercado global, mesmo em um cenário adverso.

Cenário de curto prazo

No curto prazo, a Vale enfrenta um mercado volátil, com fluxos de compra e venda intensos. Em 16 de junho, a VALE3 registrou forte entrada de capital estrangeiro, com bancos como Merrill Lynch e Morgan Stanley absorvendo grandes volumes, segundo posts no X. No dia seguinte, however, a ação devolveu os ganhos, caindo significativamente e liderando as perdas do Ibovespa. Esses movimentos refletem a alta sensibilidade do papel a fatores externos, como o minério de ferro e o humor do mercado global.

Apesar das oscilações, analistas como Frederico Nobre, da Warren, destacam que a Vale está bem posicionada para investidores de longo prazo. A combinação de dividendos robustos, valuation atrativo e projetos de crescimento sustenta o otimismo, mesmo em um cenário de incertezas

O post Vale (VALE3) enfrenta queda na B3: minério e dólar pressionam ações apareceu primeiro em Mix Vale.

Mais Lidas

Delegado-Geral da Polícia Civil é homenageado com Medalha da Ordem da Justiça Eleitoral pelo TRE/AC

Em solenidade realizada na última sexta-feira, 1º, o Delegado-Geral...

COP30 em xeque: Belém vira vitrine da exclusão climática

A COP30 está mantida em Belém, mas sem plano...

2026 ainda é ensaio. Mailza Assis já está em cena.

Tempo de leitura: 4 minutos Durante a Expoacre 2025, realizada...

Delta erra tanto que virou parte da campanha

⏱ Tempo de leitura: 2 minutos A nova pesquisa do...

Governo do Acre unifica cargos de agente e escrivão da Polícia Civil

O governador Gladson Camelí tornou pública, nesta sexta-feira, 1º...

Últimas Notícias

Categorias populares

  • https://wms5.webradios.com.br:18904/8904
  • - ao vivo
Rádio Cidade FM 107.1 - ao vivo