Um poderoso terremoto de magnitude 7.7 atingiu o centro de Myanmar na tarde desta sexta-feira, 28 de março, horário local, desencadeando uma onda de tremores que reverberaram até a capital da Tailândia, Bangkok, a centenas de quilômetros do epicentro. O abalo, registrado a uma profundidade de apenas 10 quilômetros, teve seu epicentro próximo a Mandalay, segunda maior cidade de Myanmar, e causou cenas de pânico em diversas regiões. Em Bangkok, um arranha-céu em construção desabou, deixando 43 trabalhadores presos sob os escombros, enquanto em Yangon, principal centro econômico de Myanmar, moradores abandonaram prédios às pressas. Até o momento, informações sobre vítimas fatais permanecem escassas, mas o impacto estrutural já é visível em ambas as nações.
O Serviço Geológico dos Estados Unidos (USGS) confirmou que o terremoto ocorreu às 13h20, horário local, com coordenadas aproximadas de 96,12°E e 22,07°N, a 16 quilômetros a noroeste da cidade de Sagaing, perto de Mandalay. A pouca profundidade do tremor amplificou sua intensidade, fazendo com que ondas sísmicas de baixa frequência fossem sentidas em prédios altos de Bangkok e em províncias vizinhas. Vídeos capturados no momento mostram água caindo de edifícios na capital tailandesa, enquanto alarmes ecoavam pelas ruas, alertando a população. Testemunhas relataram que o chão parecia se mover por cerca de um minuto, gerando evacuações em massa.
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Un terremoto de 7,7 en Myanmar derrumba múltiples edificios, con epicentro cerca de Mandalay. En Bangkok, Tailandia, un rascacielos en construcción colapsó.
Esto está sucediendo en Bangkok. pic.twitter.com/ZvJsK2oA8x— Decko. (@Frankzm) March 28, 2025
Em Myanmar, a situação não foi menos caótica. Moradores de Yangon descreveram o terremoto como “repentino e muito forte”, com pessoas correndo para fora de prédios em busca de segurança. Imagens compartilhadas em redes sociais mostram destroços espalhados pelas ruas e edifícios danificados, embora a autenticidade de algumas fotos ainda esteja sob análise. A proximidade do epicentro a áreas densamente povoadas levanta preocupações sobre o alcance dos danos, especialmente em um país cuja infraestrutura é considerada frágil diante de desastres naturais.
Aproximadamente 12 minutos após o tremor inicial, um abalo secundário de magnitude 6.4 voltou a sacudir a região, intensificando o medo entre os habitantes. Em Bangkok, a primeira-ministra tailandesa, Paetongtarn Shinawatra, declarou estado de emergência na capital, mobilizando equipes de resgate para atender às vítimas do desabamento. A polícia local informou que o arranha-céu colapsado estava em fase de construção, o que pode ter contribuído para sua vulnerabilidade. Enquanto isso, em Myanmar, a falta de comunicações eficientes dificulta a obtenção de um panorama completo da tragédia.
Impacto imediato em Bangkok e arredores
Bangkok, uma metrópole de mais de 8 milhões de habitantes, sentiu os efeitos do terremoto de maneira dramática. Prédios altos no centro da cidade balançaram por vários segundos, levando centenas de pessoas a se reunirem nas ruas em busca de segurança. Um jornalista presente na capital relatou cenas frenéticas em seu apartamento, com luminárias oscilando violentamente enquanto moradores evacuavam o edifício. A ressonância das ondas sísmicas em estruturas elevadas foi um dos fatores que amplificaram o pânico.
Na região de Chatuchak, um prédio em construção desmoronou, gerando uma nuvem de poeira que tomou conta da área. Equipes de emergência foram acionadas rapidamente, mas o número exato de trabalhadores no local no momento do colapso ainda é incerto. Até agora, sabe-se que 43 pessoas estão presas sob os escombros, e as autoridades temem que o total de vítimas possa aumentar à medida que os trabalhos de resgate avançam. Outros edifícios, incluindo escritórios e lojas, foram evacuados preventivamente, interrompendo as atividades em uma das áreas mais movimentadas da cidade.
Nas províncias do norte da Tailândia, como Chiang Mai, os tremores também foram sentidos, embora com menor intensidade. Um morador local relatou que o abalo durou cerca de dez segundos em seu quarto, suficiente para levá-lo a buscar refúgio ao ar livre. A primeira-ministra ordenou a inspeção de infraestruturas críticas, como pontes e estradas, para avaliar possíveis danos que possam comprometer a segurança pública.
Danos registrados em Myanmar
Myanmar, onde o terremoto teve seu epicentro, enfrenta desafios adicionais para lidar com as consequências do abalo. Em Mandalay, uma cidade histórica com cerca de 1,3 milhão de habitantes, relatos iniciais indicam que estradas e edifícios sofreram danos significativos. Uma ponte de 90 anos na região de Sagaing, a sudoeste da cidade, ruiu, interrompendo a conexão entre Mandalay e Yangon, a maior cidade do país. A autoestrada que liga as duas metrópoles também foi afetada em vários trechos, dificultando o transporte e o envio de ajuda.
Yangon, localizada a mais de 600 quilômetros do epicentro, não escapou dos efeitos. Um residente anônimo descreveu o momento do tremor como um choque que durou cerca de um minuto, seguido por uma corrida desordenada para fora dos prédios. Templos religiosos e casas antigas, muitos dos quais já em condições precárias, sofreram colapsos parciais ou totais. Jornalistas em Naypyidaw, a capital administrativa, reportaram rachaduras em construções e danos em vias públicas, evidenciando a força do abalo mesmo a grandes distâncias.
A guerra civil que assola Myanmar desde 2021 agrava ainda mais a situação. Com o país dividido entre forças do governo militar e grupos rebeldes, a coordenação de esforços de socorro pode ser comprometida. A infraestrutura de comunicação, já limitada, dificulta a coleta de dados precisos sobre o número de feridos e a extensão dos danos, especialmente em áreas rurais próximas ao epicentro.
Histórico sísmico na região
A região afetada pelo terremoto está situada em uma zona tectonicamente ativa, resultado da colisão entre as placas Indo-Australiana e Eurásia. Esse movimento é responsável por uma série de falhas geológicas que cruzam Myanmar e partes da Tailândia, tornando os dois países vulneráveis a tremores. O abalo de magnitude 7.7 é um dos mais fortes registrados na área nos últimos anos, superando eventos anteriores em termos de impacto transnacional.
Em 2011, um terremoto de magnitude 6.8 atingiu o estado de Shan, em Myanmar, deixando pelo menos 73 mortos e mais de 111 feridos. O tremor foi sentido na Tailândia e em Laos, com danos concentrados na cidade de Tachileik, próxima à fronteira. Já em 2016, outro sismo de magnitude 6.8 sacudiu a antiga cidade de Bagan, destruindo 60 templos e matando quatro pessoas. Esses eventos destacam a recorrência de atividades sísmicas na região, embora o abalo atual se diferencie pela magnitude e pelo alcance de seus efeitos.
O terremoto de 2004, de magnitude 9.1, com epicentro na costa de Sumatra, na Indonésia, também serve como referência histórica. Embora mais distante, suas ondas de tsunami atingiram Myanmar e Tailândia, matando milhares e causando prejuízos bilionários. Diferentemente daquele evento, o tremor atual não gerou alertas de tsunami, mas sua proximidade à superfície intensificou os danos em terra.
Principais áreas afetadas
- Mandalay: Epicentro do terremoto, com danos em estradas, pontes e edifícios históricos.
- Yangon: Evacuações em massa e colapsos parciais de construções antigas.
- Bangkok: Desabamento de um arranha-céu em construção e tremores em prédios altos.
- Sagaing: Ponte de 90 anos destruída e trechos de autoestrada comprometidos.
- Chiang Mai: Tremores leves sentidos, sem relatos de danos significativos até o momento.
Resposta das autoridades
As autoridades tailandesas agiram rapidamente após o terremoto. Em Bangkok, o estado de emergência facilitou a mobilização de bombeiros, policiais e equipes médicas para o local do desabamento. A primeira-ministra Paetongtarn Shinawatra acompanha de perto as operações, enquanto engenheiros avaliam a integridade de outras construções na capital. Escolas e escritórios foram fechados temporariamente, e a população foi orientada a evitar áreas de risco.
Em Myanmar, a resposta é mais lenta devido às condições do país. O governo militar ainda não divulgou um balanço oficial, mas há indícios de que suprimentos de emergência estão sendo enviados às regiões mais afetadas. Organizações humanitárias internacionais já manifestaram disposição para ajudar, embora o acesso a áreas em conflito possa limitar os esforços. A Cruz Vermelha de Myanmar, por exemplo, prepara abrigos e itens de primeira necessidade para até 300 famílias em Yangon.
Na Tailândia, a prioridade é o resgate dos 43 trabalhadores presos. Equipamentos pesados foram levados ao local do colapso, e as autoridades estimam que as operações podem durar horas, dado o volume de escombros. Moradores das proximidades foram realocados para evitar riscos adicionais, enquanto o tráfego na região foi interditado.
Cronologia dos eventos sísmicos
O terremoto de magnitude 7.7 não foi um evento isolado em sua sequência. Confira os principais momentos registrados até agora:
- 13h20: Tremor inicial de magnitude 7.7 atinge o centro de Myanmar, com epicentro perto de Mandalay.
- 13h32: Abalo secundário de magnitude 6.4 sacode a mesma região, ampliando o pânico.
- 13h40: Prédio em construção desaba em Bangkok, iniciando operações de resgate.
- 14h00: Estado de emergência é declarado na capital tailandesa.
- 14h30: Primeiros relatos de danos em Yangon e Mandalay chegam às autoridades.
Efeitos em larga escala
Além dos danos imediatos, o terremoto levanta preocupações sobre suas consequências econômicas e sociais. Bangkok, um dos principais hubs turísticos e comerciais do Sudeste Asiático, pode enfrentar interrupções significativas em suas atividades. O desabamento de um arranha-céu em construção também coloca em xeque a segurança de projetos imobiliários na cidade, possivelmente levando a revisões nas normas de construção.
Em Myanmar, a destruição de uma ponte e trechos de uma autoestrada essencial agrava a já delicada situação logística do país. A conexão entre Mandalay e Yangon é vital para o transporte de bens e pessoas, e sua interrupção pode afetar o abastecimento em meio a uma crise política e humanitária. A fragilidade das construções, muitas delas antigas ou mal conservadas, expõe a vulnerabilidade do país a desastres naturais.
O abalo foi sentido em outros países da região, como China, Bangladesh, Índia e Laos, embora sem relatos de danos significativos até agora. Em Xangai e na província de Fujian, na China, os tremores foram percebidos, mas não houve evacuações. A extensão transnacional do evento reforça a magnitude do terremoto e sua capacidade de impactar milhões de pessoas.
Desafios para o resgate e recuperação
Os esforços de resgate em Bangkok concentram-se no arranha-céu colapsado, onde as 43 pessoas presas representam a maior urgência. A estrutura, ainda em fase de construção, não contava com os reforços típicos de edifícios concluídos, o que pode ter contribuído para o desmoronamento. Equipes trabalham contra o tempo, utilizando guindastes e ferramentas manuais para remover os escombros, enquanto médicos permanecem de prontidão para atender os sobreviventes.
Em Myanmar, a falta de infraestrutura adequada é um obstáculo adicional. A ponte destruída em Sagaing, por exemplo, era uma das poucas ligações entre o norte e o sul do país, e sua reconstrução pode levar meses. Enquanto isso, vilarejos próximos ao epicentro permanecem isolados, com acesso limitado a suprimentos e assistência. A guerra civil também dificulta a chegada de ajuda externa, já que muitas áreas estão sob controle de grupos armados.
A população de ambas as nações demonstra resiliência diante da tragédia. Em Bangkok, voluntários se organizaram para distribuir água e alimentos aos desalojados, enquanto em Yangon, moradores ajudam a limpar destroços nas ruas. A solidariedade local é um ponto de esperança em meio ao caos provocado pelo terremoto.
Curiosidades sobre terremotos na região
- Myanmar está no chamado “Círculo de Fogo do Pacífico”, uma zona de alta atividade sísmica que abrange grande parte do Sudeste Asiático.
- A Tailândia, embora menos propensa a tremores diretos, frequentemente sente os efeitos de abalos em países vizinhos devido à proximidade geológica.
- O terremoto mais mortal da história recente na região ocorreu em 2004, com um tsunami que matou mais de 227 mil pessoas em 14 países.
- Edifícios altos em Bangkok são projetados para resistir a tremores, mas construções em andamento, como o arranha-céu colapsado, são mais vulneráveis.
Situação atual e próximos passos
Até o momento, as autoridades tailandesas não divulgaram um balanço oficial de vítimas, mas os 43 trabalhadores presos em Bangkok seguem como o foco principal. As operações de resgate continuam em ritmo acelerado, com equipes trabalhando sob holofotes à medida que a noite avança. A primeira-ministra prometeu apoio às famílias afetadas e anunciou que o governo avaliará os danos totais nas próximas horas.
Em Myanmar, a ausência de informações detalhadas reflete as dificuldades de comunicação no país. Equipes locais tentam alcançar as áreas mais afetadas, mas a destruição de estradas e pontes torna a tarefa árdua. Organizações internacionais monitoram a situação e preparam assistência, aguardando autorização para entrar no território.
O terremoto de magnitude 7.7 deixa um rastro de destruição que atravessa fronteiras, afetando milhões de vidas em Myanmar e Tailândia. A combinação de danos estruturais, evacuações em massa e incertezas sobre o número de vítimas mantém a região em alerta, enquanto o mundo acompanha os desdobramentos desse evento sísmico de proporções históricas.