📅 24 de julho de 2025
⏱ Tempo de leitura: 5 min
[Cidade AC News – São Paulo] — O agronegócio brasileiro, especialmente o setor citrícola, amanheceu em alerta máximo. A nova rodada de tarifas impostas pelos Estados Unidos contra produtos brasileiros começou a surtir efeito imediato: o preço da laranja despencou quase 50% em algumas regiões produtoras, e agricultores do interior de São Paulo e Minas Gerais já cogitam deixar frutas apodrecerem no pé.
A medida, assinada pelo governo norte-americano e em vigor desde o dia 20 de julho, impôs um aumento de até 50% nas taxas de importação sobre sucos, frutas frescas e outros derivados oriundos do Brasil. O objetivo, segundo Washington, seria “equilibrar relações comerciais e proteger o produtor americano”, mas o impacto para o Brasil é profundo — e imediato.
Segundo a Federação Nacional da Agricultura (FNA), a decisão afeta diretamente mais de 200 mil produtores, em sua maioria pequenos e médios, com atuação voltada ao mercado externo. A previsão inicial de faturamento do setor para 2025 era de R$ 18,2 bilhões. Agora, com os contratos suspensos, a estimativa caiu para menos de R$ 10 bilhões.
“Estamos recebendo ligações desesperadas. Há produtores que já perderam toda a logística de exportação. Os armazéns estão cheios, e não há rota de escoamento alternativo”, relatou Pedro Alencar, presidente da Associação Brasileira dos Citricultores (ABCI).
Nos bastidores, frigoríficos e cooperativas já avaliam romper contratos de fornecimento. Os prejuízos não se limitam à exportação: o mercado interno também foi inundado por excesso de oferta, derrubando o preço do litro do suco de laranja e afetando pequenos comerciantes.
Em cidades como Bebedouro (SP) e Frutal (MG), caminhões cheios de frutas não encontraram compradores. Relatos de lixo cítrico sendo usado como ração animal ou despejado em plantações vizinhas já se multiplicam. A crise também atinge quem está na ponta: colhedores e diaristas que dependem da safra para garantir renda.
O governo federal, por meio do Ministério da Agricultura, anunciou que estuda um pacote emergencial com linhas de crédito e compra direta da produção. Mas o tempo é curto: a janela de colheita da laranja é curta, e o risco de perdas irreversíveis é real.
Economistas alertam que a crise da laranja pode ser apenas o primeiro sinal de uma tempestade maior. Outros produtos do agro brasileiro, como carne suína, etanol e açúcar, também estão sob análise tarifária nos EUA. E se o governo brasileiro não reagir com firmeza, a cadeia pode quebrar.
“Não estamos falando só de diplomacia. É guerra comercial. E o Brasil está sem escudo”, resume a analista internacional Laura Meirelles.
Enquanto o Itamaraty prepara um dossiê para apresentar à Organização Mundial do Comércio (OMC), governadores de estados produtores cobram ações urgentes. “O produtor precisa de resposta agora. Não adianta recorrer a tribunais internacionais se a fruta apodrece em três dias”, disparou o governador de São Paulo em coletiva emergencial.
No Acre, onde a produção de laranja é modesta, mas em expansão, o cenário também preocupa. Empresários locais relataram alta no custo de aquisição do produto e dificuldade para garantir estoques.
📎 Links internos (últimas 3 da categoria Agro):
📎 Links externos:
-
Rádio Cidade AC – radiocidadeac.com.br
-
App Android: https://shorturl.at/bpFAR
-
App iOS: https://shorturl.at/J6IW3
✍️ Eliton Lobato Muniz
Cidade AC News – Rio Branco – Acre




