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Tarauacá – Estiagem expõe colapso no abastecimento rural e escolas iniciam rodízio de aulas

Tarauacá – Estiagem expõe colapso no abastecimento rural e escolas iniciam rodízio de aulas

Tarauacá – Estiagem expõe colapso no abastecimento rural e escolas iniciam rodízio de aulas

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A seca severa que atinge Tarauacá nas últimas semanas já começa a afetar a vida de forma direta em comunidades rurais, escolas públicas e até no abastecimento de água da zona urbana. Com rios abaixo da média histórica e igarapés praticamente secos, a prefeitura confirmou nesta quarta-feira (24) que parte das escolas da zona rural passará a operar em esquema de rodízio, devido à dificuldade de deslocamento de alunos e à escassez de água nas unidades.

A medida afeta, inicialmente, ao menos oito escolas de difícil acesso localizadas nos ramais Esperança, São Vicente e Cachoeira. Nessas regiões, a falta de chuvas interrompeu por completo o transporte fluvial e inviabilizou a ida regular de professores e estudantes. “Estamos ajustando o calendário e buscando alternativas como o ensino híbrido, mas há locais onde nem internet chega”, lamentou a secretária municipal de Educação, Lucilene Lima.

Moradores dos seringais próximos ao Rio Murú também relataram que estão isolados e que a última embarcação com mantimentos chegou há mais de 10 dias. “A gente não tem motor pra sair, o igarapé virou barro e os meninos estão sem aula e sem comida da escola”, contou Maria da Conceição, mãe de três crianças matriculadas na rede rural. Segundo ela, o poço da comunidade secou, e agora dependem de água levada por vizinhos em baldes de tração animal.

A Defesa Civil do Acre já monitora o avanço da estiagem no interior e confirmou que Tarauacá está entre os municípios mais afetados. Os dados da Secretaria de Meio Ambiente indicam que o volume de chuvas no mês de julho ficou 40% abaixo da média dos últimos 10 anos, o que acendeu o alerta para surtos de doenças infecciosas, escassez alimentar e colapso no abastecimento. O sistema de captação da Sanacre na cidade opera no limite.

Enquanto isso, nas áreas urbanas, moradores enfrentam interrupções diárias no fornecimento de água. O bairro Senador Pompeu ficou dois dias sem abastecimento nesta semana, e há relatos de que o caminhão-pipa prometido não circulou em todas as áreas. “A gente paga conta todo mês, mas tem que juntar água da chuva”, denunciou um morador em vídeo enviado à redação do Cidade AC News.

A prefeitura afirmou que está mobilizando poços comunitários emergenciais, mas admite que a logística para atender a zona rural em tempo hábil é limitada. “É um esforço conjunto entre Defesa Civil, Sanacre e Secretaria de Obras. Mas a seca nos pegou forte”, disse o secretário de Planejamento, João Maciel.

As consequências também chegaram ao setor da agricultura familiar. Pequenos produtores estão perdendo hortas inteiras por falta de irrigação, e feiras livres relatam queda de até 35% na oferta de produtos locais. Os comerciantes dizem que os preços devem subir nas próximas semanas, com impactos no bolso dos consumidores e na merenda escolar.

A estiagem que parecia distante virou realidade. E em Tarauacá, ela não se resume a falta d’água: virou obstáculo para o direito à educação, à saúde e à sobrevivência básica.


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✍️ Eliton Lobato Muniz – Cidade AC News – Rio Branco – Acre

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