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Selic sobe para 15% e Brasil assume vice-liderança em juros reais

Taxa Selic

Com a decisão do Banco Central de elevar a Selic para 15% ao ano nesta quarta-feira, 18 de junho de 2025, o Brasil conquistou a segunda posição no ranking mundial de juros reais, ficando atrás apenas da Turquia. O aumento de 0,25 ponto percentual na taxa básica de juros, anunciado pelo Comitê de Política Monetária (Copom), reflete esforços para conter pressões inflacionárias em um cenário de incertezas fiscais e alta nos preços de alimentos. Segundo a consultoria MoneYou, os juros reais brasileiros atingiram 9,53%, superando a Rússia, agora em terceiro lugar, e a Argentina, que subiu para a quarta posição. A medida, que marca o maior patamar da Selic desde 2006, impacta diretamente a economia, elevando o custo do crédito e influenciando investimentos.

A escalada da Selic ocorre em um momento delicado para o país, com desafios fiscais e externos pressionando a política monetária. O Copom, presidido por Gabriel Galípolo desde janeiro, adota uma postura cautelosa, sinalizando possíveis novas altas para garantir a estabilidade econômica. A decisão foi unânime, refletindo a gravidade das condições atuais.

  • Principais impactos da alta da Selic:
    • Aumento do custo de financiamentos e empréstimos.
    • Redução do consumo devido a crédito mais caro.
    • Atração de investidores estrangeiros para renda fixa.
    • Pressão sobre o crescimento econômico no curto prazo.

O que levou à nova alta da Selic

O ajuste na taxa básica de juros foi motivado por uma combinação de fatores domésticos e internacionais. A persistência da inflação, especialmente no setor de alimentos, tem desafiado as projeções do Banco Central. Dados do Boletim Focus, elaborado semanalmente pelo BC, apontam uma inflação projetada de 5,5% para os próximos 12 meses, acima da meta de 4,5% estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional. Além disso, a desvalorização do real frente ao dólar, influenciada por políticas protecionistas nos Estados Unidos, elevou os custos de importação, contribuindo para a pressão inflacionária.

A guerra comercial iniciada pelos EUA, sob a liderança de Donald Trump, também desempenhou um papel crucial. Segundo a MoneYou, as medidas protecionistas americanas enfraqueceram o dólar globalmente, aliviando parcialmente a pressão cambial sobre o Brasil. Contudo, incertezas fiscais internas, como o déficit público e a falta de clareza sobre reformas estruturais, mantêm o cenário econômico instável. O Copom destacou a necessidade de uma política monetária restritiva para ancorar as expectativas de inflação.

No contexto doméstico, o aumento dos preços de alimentos, como arroz e feijão, impacta diretamente o orçamento das famílias. A alta nos custos de produção, agravada por questões climáticas e logísticas, elevou os preços no varejo. Esses fatores obrigaram o Banco Central a agir de forma preventiva, ajustando a Selic para evitar uma espiral inflacionária.

Como o Brasil chegou ao topo do ranking

O Brasil já ocupava posições elevadas no ranking de juros reais nos últimos anos, mas a recente alta da Selic consolidou sua vice-liderança global. Em maio de 2025, o país estava na terceira posição, com juros reais de 8,65% e a Selic a 14,75%. A Turquia, líder do ranking, mantém uma taxa real de 14,44%, impulsionada por uma política monetária agressiva para combater sua própria inflação. A Rússia, com 7,63%, foi superada pelo Brasil, enquanto a Argentina, com 6,70%, surpreendeu ao subir da oitava para a quarta posição.

O cálculo do juro real considera a taxa nominal, como a Selic, menos a inflação projetada para o próximo ano. No caso brasileiro, a Selic de 15% e a inflação esperada de 5,5% resultam em um juro real de 9,53%. Esse indicador é crucial para investidores, pois reflete o retorno real de aplicações financeiras, descontada a perda de poder de compra.

  • Ranking dos maiores juros reais (junho de 2025):
    • Turquia: 14,44%
    • Brasil: 9,53%
    • Rússia: 7,63%
    • Argentina: 6,70%
    • África do Sul: 5,54%

A ascensão do Brasil no ranking reflete não apenas a alta da Selic, mas também a deterioração das condições econômicas em outros países. A Argentina, por exemplo, conseguiu melhorar sua posição devido a uma redução na inflação projetada, embora ainda enfrente desafios significativos.

Impactos na economia e nos investimentos

A elevação da Selic para 15% tem consequências diretas para diversos setores da economia. O custo do crédito, que já vinha subindo com as altas anteriores, torna-se ainda mais restritivo. Financiamentos imobiliários, empréstimos pessoais e linhas de crédito para empresas ficam mais caros, o que pode desacelerar o consumo e os investimentos produtivos.

Por outro lado, a alta dos juros torna o Brasil mais atraente para investidores estrangeiros, especialmente em títulos de renda fixa. Ativos como o Tesouro Selic e CDBs pós-fixados ganham destaque, oferecendo retornos competitivos em um cenário de juros elevados. No entanto, a valorização do real decorrente desse fluxo de capital pode prejudicar as exportações, afetando setores como o agronegócio.

A decisão do Copom também reflete um equilíbrio delicado. Embora a alta da Selic seja necessária para controlar a inflação, ela pode comprometer o crescimento econômico. Projeções do mercado apontam um PIB brasileiro em 2025 entre 1,5% e 2%, inferior ao potencial do país. A desaceleração econômica pode agravar o desemprego, que, embora em queda, ainda afeta cerca de 8% da população ativa.

Reações do mercado e da sociedade

A decisão de elevar a Selic gerou reações mistas. Setores produtivos, representados por entidades como a Confederação Nacional da Indústria (CNI), criticaram a medida, argumentando que o aumento dos juros encarece o crédito e desestimula investimentos. O presidente da CNI, Ricardo Alban, classificou a alta como “injustificada”, apontando que o Brasil mantém uma cultura de juros reais elevados, prejudicial ao crescimento de longo prazo.

Já no mercado financeiro, a decisão foi recebida com cautela, mas sem surpresas. Analistas já esperavam um ajuste na taxa, dado o cenário inflacionário e as sinalizações do Banco Central. A bolsa brasileira, representada pelo Ibovespa, operou em leve alta no dia do anúncio, refletindo a confiança de investidores em uma política monetária mais rígida.

Para a população, o impacto da Selic a 15% é sentido diretamente no bolso. O aumento do custo de financiamentos e cartões de crédito reduz o poder de compra, especialmente para as classes média e baixa. Entidades como a Central Única dos Trabalhadores (CUT) condenaram a decisão, destacando que a alta dos juros agrava as desigualdades sociais ao limitar o acesso ao crédito.

  • Setores mais afetados pela alta da Selic:
    • Varejo, devido à queda no consumo.
    • Construção civil, com financiamentos mais caros.
    • Indústria, impactada por custos elevados de capital.
    • Agronegócio, pressionado por um real valorizado.

Cenário global e perspectivas

No contexto internacional, o Brasil não é o único país a enfrentar pressões inflacionárias. A Turquia, líder do ranking, mantém uma taxa nominal de 45%, enquanto a Argentina lida com uma inflação ainda elevada, apesar de melhorias recentes. A Rússia, por sua vez, enfrenta sanções econômicas que limitam sua capacidade de reduzir juros.

A decisão do Federal Reserve, banco central americano, de manter os juros inalterados em 2025 também influencia o cenário global. A estabilidade da política monetária americana reduz a pressão sobre o dólar, mas não elimina os desafios para economias emergentes como o Brasil. A guerra comercial liderada pelos EUA continua a gerar incertezas, afetando o comércio global e os preços de commodities.

No Brasil, o Copom sinalizou que novas altas na Selic não estão descartadas, dependendo da evolução da inflação e do cenário fiscal. A próxima reunião, marcada para agosto de 2025, será crucial para definir os rumos da política monetária. Enquanto isso, o país enfrenta o desafio de equilibrar o combate à inflação com a necessidade de crescimento econômico, em um ambiente marcado por incertezas internas e externas.

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