Selic sobe para 14,75%: quanto rendem R$ 1.000 em poupança, CDB e Tesouro Direto
O Banco Central anunciou, em maio de 2025, um novo aumento na taxa básica de juros, elevando a Selic para 14,75% ao ano. A decisão, tomada pelo Comitê de Política Monetária (Copom), reflete a estratégia de contenção da inflação em um cenário de incertezas econômicas globais e pressões internas, como a desvalorização do real. Investidores, agora, voltam os olhos para a renda fixa, que ganha atratividade com a alta dos juros. Aplicações como poupança, CDB e Tesouro Selic, diretamente impactadas pela Selic, oferecem retornos mais robustos, mas com diferenças significativas.
A poupança, apesar de isenta de impostos, continua menos vantajosa frente a outras opções. CDBs de bancos médios, por exemplo, podem render até 110% do CDI, enquanto o Tesouro Selic acompanha de perto a taxa básica. O momento exige atenção aos detalhes de cada aplicação, como liquidez, tributação e proteção do Fundo Garantidor de Créditos (FGC).
O aumento de 0,5 ponto percentual na Selic, anunciado em 7 de maio de 2025, foi recebido com cautela pelos analistas financeiros. A decisão, embora esperada, reforça a postura conservadora do Banco Central sob a presidência de Gabriel Galípolo. Desde setembro de 2024, o Copom intensificou o ciclo de alta de juros, com cinco ajustes consecutivos, levando a taxa de 10,75% para os atuais 14,75%. A medida visa ancorar as expectativas de inflação, que subiram após o IPCA atingir 1,31% em fevereiro de 2025.
Mercados financeiros reagiram com volatilidade. O Ibovespa registrou leve alta no dia do anúncio, impulsionado por setores ligados à renda fixa, enquanto o dólar caiu para R$ 5,60. Gestores de fundos, no entanto, alertam para os riscos de um aperto monetário prolongado, que pode frear o crescimento econômico. A renda fixa, por sua vez, ganha destaque em carteiras de investimento, com CDBs e títulos públicos atraindo maior fluxo de recursos.
A caderneta de poupança, aplicação mais popular entre os brasileiros, mantém sua rentabilidade atrelada à regra estabelecida em 2012. Com a Selic acima de 8,5% ao ano, o rendimento é fixado em 0,5% ao mês, acrescido da Taxa Referencial, que, em 2025, voltou a contribuir para o retorno. Estimativas do buscador de investimentos Yubb apontam que a poupança rende aproximadamente 7,34% ao ano. Para uma aplicação de R$ 1.000, o investidor teria, após 12 meses, cerca de R$ 1.073,40, sem descontos de Imposto de Renda.
Apesar da simplicidade e da isenção fiscal, a poupança perde competitividade frente a outras opções de renda fixa. A ausência de taxas administrativas e a cobertura do FGC até R$ 250 mil por CPF mantêm seu apelo para investidores conservadores. No entanto, especialistas destacam que o retorno real, descontada a inflação, é significativamente menor que o de CDBs ou do Tesouro Selic.
A poupança também enfrenta desafios em cenários de longo prazo. Em simulações para 30 meses, o mesmo montante de R$ 1.000 alcançaria R$ 1.216,73, enquanto aplicações mais rentáveis superam esse valor com facilidade. A liquidez imediata, no entanto, continua sendo um diferencial para quem prioriza acesso rápido aos recursos.
Certificados de Depósito Bancário (CDBs) despontam como uma das opções mais atrativas no cenário de Selic a 14,75%. Atrelados ao CDI, que acompanha de perto a taxa básica, esses títulos oferecem retornos que variam conforme o emissor. Bancos médios, segundo cálculos de Michael Viriato, da Casa do Investidor, podem pagar até 110% do CDI, resultando em rendimentos líquidos de R$ 1.060,57 em seis meses para um investimento de R$ 1.000. Em 30 meses, o valor pode chegar a R$ 1.378,13, já descontado o Imposto de Renda.
CDBs de grandes bancos, por outro lado, costumam oferecer percentuais mais baixos, entre 85% e 100% do CDI. Para R$ 1.000 aplicados por um ano, o retorno líquido seria de aproximadamente R$ 1.121, considerando uma alíquota de 17,5% de IR para resgates após 361 dias. A escolha entre bancos médios e grandes envolve um equilíbrio entre rentabilidade e risco, embora ambos sejam protegidos pelo FGC até o limite de R$ 250 mil.
O Tesouro Selic, título público pós-fixado, é uma das opções mais seguras para investidores que buscam acompanhar a alta da Selic. Com rentabilidade atrelada diretamente à taxa básica, o título oferece um pequeno spread adicional, que em maio de 2025 varia entre 0,03% e 0,11%. Para um investimento de R$ 1.000, o retorno líquido após um ano seria de cerca de R$ 1.120, descontando a taxa de custódia de 0,2% da B3 e o IR de 17,5%.
A liquidez diária do Tesouro Selic atrai investidores que desejam flexibilidade sem abrir mão da segurança. Diferentemente de CDBs, o título não conta com a proteção do FGC, mas é considerado de risco praticamente nulo por ser emitido pelo governo federal. Em simulações para prazos mais longos, como cinco anos, R$ 10.000 aplicados podem render R$ 17.954,24 líquidos, segundo cálculos da XP.
A aplicação também é acessível, com aportes mínimos a partir de R$ 30, e não exige conhecimento avançado do mercado financeiro. Corretoras, no entanto, podem cobrar taxas adicionais, o que exige atenção do investidor na escolha da plataforma. O Tesouro Selic se destaca como uma alternativa para reservas de emergência ou investimentos de curto prazo.
Investir R$ 1.000 em diferentes modalidades de renda fixa revela disparidades claras. A poupança, com seu retorno de 7,34% ao ano, entrega R$ 1.073,40 após 12 meses. Um CDB a 102% do CDI, por outro lado, rende R$ 1.123 líquidos no mesmo período, enquanto o Tesouro Selic alcança R$ 1.120. Letras de Crédito Imobiliário (LCIs) e do Agronegócio (LCAs), isentas de IR, podem oferecer até R$ 1.140 para uma aplicação atrelada a 96% do CDI.
A decisão sobre onde investir R$ 1.000 envolve múltiplos aspectos. A liquidez, por exemplo, é crucial para quem precisa de acesso imediato aos recursos. O Tesouro Selic e alguns CDBs com liquidez diária atendem a essa demanda, enquanto LCIs e LCAs muitas vezes requerem prazos mínimos de resgate. A tributação também pesa: a poupança e as letras de crédito são isentas de IR, mas CDBs e Tesouro Selic seguem a tabela regressiva, com alíquotas que variam de 22,5% a 15%.
A segurança é outro ponto relevante. O FGC protege poupança, CDBs, LCIs e LCAs até R$ 250 mil, enquanto o Tesouro Selic tem garantia do governo federal. Investidores mais arrojados podem optar por CDBs de bancos médios, que oferecem maior rentabilidade, mas exigem análise do risco de crédito da instituição. A inflação, que acumula alta de 4,83% em 2024, também deve ser considerada para garantir retornos reais positivos.
Plataformas de investimento, como corretoras e bancos digitais, facilitam o acesso a essas aplicações, mas as taxas cobradas variam. O Nubank, por exemplo, oferece CDBs com rendimento de 100% do CDI, enquanto o PicPay disponibiliza opções a 102% do CDI. A comparação entre plataformas é essencial para maximizar os ganhos.
A escalada da Selic para 14,75% reflete um esforço contínuo do Banco Central para conter a inflação. O IPCA, índice oficial de preços, acelerou em 2025, impulsionado por fatores como a depreciação do real e a alta de commodities no mercado internacional. A desvalorização cambial, agravada pela eleição de Donald Trump nos Estados Unidos e suas políticas tarifárias, pressiona os custos de importação, impactando setores como combustíveis e alimentos.
O Copom, em sua última reunião, sinalizou cautela para os próximos meses. Embora o aumento de maio tenha sido menor que os anteriores, a expectativa do mercado é de que a Selic alcance 15% até o fim de 2025. A deterioração das contas públicas, com aumento do déficit primário, também contribui para a postura hawkish do Banco Central. Economistas consultados pelo Boletim Focus projetam um IPCA de 5,2% para 2025, acima da meta de 3,5%.
A política monetária restritiva, no entanto, gera efeitos colaterais. O crédito ficou mais caro, com taxas de juros de empréstimos pessoais subindo para 48% ao ano em algumas instituições. Pequenas empresas, especialmente no varejo, enfrentam dificuldades para financiar operações, enquanto o consumo das famílias mostra sinais de desaceleração.
Além de poupança, CDBs e Tesouro Selic, outros investimentos de renda fixa ganham espaço com a Selic elevada. Fundos DI, que acompanham o CDI, registraram captação líquida de R$ 12 bilhões em abril de 2025, segundo a Anbima. Esses fundos, no entanto, cobram taxas de administração que variam de 0,3% a 1%, o que pode reduzir a rentabilidade líquida. Para R$ 1.000 investidos, o retorno anual líquido seria próximo de R$ 1.115, dependendo da taxa cobrada.
Títulos prefixados e atrelados à inflação, como o Tesouro Prefixado e o Tesouro IPCA+, também se destacam. O Tesouro IPCA+ oferece retorno de 7% ao ano mais a variação do IPCA, enquanto o Tesouro Prefixado paga cerca de 14% ao ano. Essas opções são indicadas para investidores com horizonte de longo prazo, mas exigem cuidado com a marcação a mercado, que pode gerar perdas em resgates antecipados.
Pequenos investidores, com aportes como R$ 1.000, encontram na renda fixa um ambiente favorável em 2025. A diversificação entre diferentes aplicações é uma prática recomendada por planejadores financeiros. Alocar parte do capital em Tesouro Selic, para liquidez, e outra em CDBs de bancos médios, para maior retorno, pode equilibrar segurança e rentabilidade. LCIs e LCAs, por sua isenção fiscal, são ideais para quem aceita prazos de carência.
A educação financeira também ganha relevância. Plataformas como o Tesouro Direto oferecem simuladores gratuitos que ajudam a projetar rendimentos. Bancos digitais, como Inter e C6, disponibilizam CDBs com aplicação mínima de R$ 100, tornando a renda fixa acessível. A comparação de taxas e prazos é fundamental para evitar armadilhas, como CDBs com baixa rentabilidade ou fundos com taxas elevadas.
O cenário de juros altos, embora desafiador para o crédito, abre oportunidades para quem deseja proteger o capital da inflação. A Selic a 14,75% reforça a atratividade da renda fixa, mas exige planejamento para maximizar os ganhos. Investidores que acompanham o mercado e ajustam suas carteiras têm maior chance de obter retornos consistentes.
O ciclo de alta da Selic iniciado em setembro de 2024 reflete a resposta do Banco Central a um ambiente econômico volátil. Em setembro, a taxa subiu 0,25 ponto, para 10,75%. Em novembro, o aumento foi de 0,5 ponto, alcançando 11,25%. Dezembro trouxe uma elevação de 1 ponto, para 12,25%, seguida por ajustes de 1 ponto em janeiro (13,25%) e março (14,25%). O aumento de maio, de 0,5 ponto, indica uma desaceleração no ritmo, mas não o fim do aperto monetário.
Cada ajuste impactou diretamente os investimentos de renda fixa. Em novembro de 2024, por exemplo, a poupança rendia 7,04% ao ano, enquanto CDBs a 100% do CDI entregavam R$ 1.107,77 líquidos para R$ 1.000 investidos. O Tesouro Selic, na mesma época, oferecia R$ 1.111,79 após 12 meses. A progressão dos juros ampliou a vantagem dessas aplicações sobre a poupança, consolidando a renda fixa como protagonista no mercado.