Rio Branco (AC), 25 de abril de 2025 — Em um evento marcante realizado no último dia 25 de abril, o Sebrae Acre deu um passo decisivo na promoção da inclusão social e econômica das comunidades indígenas. O 1º Encontro dos Povos Indígenas no Acre foi mais do que uma celebração das culturas originárias: tornou-se uma verdadeira plataforma de estímulo ao empreendedorismo indígena, conectando saberes ancestrais a novas oportunidades de negócios e capacitação.
Com um ambiente vibrante e acolhedor, o evento reuniu artesãos, lideranças indígenas e mulheres empreendedoras em uma programação intensa, que incluiu oficinas, exposições e apresentações culturais. Além de incentivar o intercâmbio de experiências, destacou a valorização da cultura indígena, a integração ao mercado e o fortalecimento do empreendedorismo feminino nas aldeias acreanas.
Empreendedorismo e Visibilidade: um novo caminho para as mulheres indígenas
O encontro evidenciou o poder transformador do empreendedorismo inclusivo, com atenção especial às mulheres indígenas, que veem no artesanato e nas artes tradicionais meios de geração de renda e de promoção da autossuficiência familiar.
“O Sebrae está ajudando a conectar o trabalho das mulheres indígenas ao mercado, mostrando que o que é produzido nas aldeias tem valor também fora delas”, afirmou Júlci Ferreira, gestora do projeto Sebrae Delas.

A participação da Associação de Mulheres Indígenas Artesãs e Artesãos do Juruá foi um dos destaques, evidenciando o artesanato como principal fonte de sustento para muitas famílias.

Iakupã Apurinã, representante da associação, ressaltou a relevância da iniciativa para a valorização do trabalho artesanal indígena e chamou atenção para a falta de espaços adequados de exposição. “Eventos como este abrem portas e mostram que podemos construir um futuro melhor por meio do nosso trabalho e da nossa cultura”, afirmou.
Valdenira Hunikuin, artesã do território em Tarauacá, também compartilhou a realidade de seu povo, destacando que o artesanato é a principal fonte de renda para as mulheres indígenas. Ela explicou que o trabalho artesanal carrega grafismos ancestrais conhecidos como cunã, que representam proteção e medicina espiritual, sendo transmitidos de geração em geração.
Valdenira reforçou que muitas mulheres indígenas não possuem empregos formais e dependem do artesanato para sustentar suas famílias, tanto nas aldeias quanto nos centros urbanos. Ela elogiou a iniciativa do evento promovido pelo Sebrae, mas apontou a necessidade de espaços fixos para exposições permanentes e de maior divulgação para ampliar o público.

“Apoiar as mulheres indígenas deve ser feito com elas, e não apenas para elas”, destacou Valdenira, ao sugerir que futuros projetos contemplem todos os povos indígenas do Acre, fortalecendo a autonomia e o protagonismo feminino.
Inclusão e superação de desafios
Além de celebrar tradições, o encontro também promoveu conscientização sobre direitos fundamentais, como a proteção contra a violência doméstica. A Secretaria de Estado da Mulher (Semulher) apresentou a Lei Maria da Penha por meio de cartilhas adaptadas para as comunidades indígenas, traduzidas para línguas maternas como o Runicui e o Manchinérico.
Alessandra Machineri, responsável pela Divisão de Povos Originários da Semulher, reforçou o compromisso de proteção e empoderamento das mulheres indígenas, destacando a importância de políticas públicas que respeitem suas especificidades culturais.
Impacto econômico e cultural: olhos no futuro

A parceria com o Sebrae promete gerar frutos duradouros. Para Gemina (Xiú), representante da Organização Sitoakore, o impacto é claro:
“Este evento abre portas para que as comunidades indígenas tenham visibilidade e novas oportunidades de negócios. A esperança é que isso cresça e se transforme em um ciclo virtuoso de sustentabilidade e renda para as mulheres”, afirmou.
O Sebrae já planeja novas ações para dar continuidade ao apoio aos empreendedores indígenas, com cursos e capacitações adaptados às realidades das comunidades, visando ampliar ainda mais o impacto econômico.
Consolidando parcerias e oportunidades
O 1º Encontro dos Povos Indígenas reforçou que o fortalecimento do empreendedorismo indígena é resultado da união entre o setor privado e organizações governamentais. Com o Sebrae à frente, essa parceria tem sido essencial para transformar o empreendedorismo em uma ferramenta de protagonismo e autonomia para os povos indígenas.
O evento também evidenciou a necessidade de ampliar a visibilidade das mulheres indígenas, garantindo que seus produtos alcancem novos mercados e que sua cultura seja valorizada em todo o país.
Convite para o futuro
O encontro foi um convite para que o Acre, suas lideranças e sua população olhem com mais atenção e respeito para as culturas originárias, entendendo que as oportunidades de negócio e desenvolvimento devem ser acessíveis a todos.
Ao promover a integração entre tradição e inovação, o Sebrae reafirma seu compromisso em construir pontes para um futuro mais inclusivo, empoderando mulheres, fortalecendo economias locais e transformando realidades.
O sucesso do 1º Encontro dos Povos Indígenas marca apenas o início de uma trajetória de transformação e esperança, rumo a um futuro mais próspero e igualitário para todos.
Por: Fabio Lopes

