
O salário mínimo nacional foi reajustado para R$ 1.518 em 2025, um aumento de 7,5% em relação aos R$ 1.412 de 2024, conforme decreto do governo federal publicado em 30 de dezembro de 2024. A mudança, válida desde 1º de janeiro, beneficia trabalhadores formais, aposentados e beneficiários de programas sociais, com pagamentos ajustados a partir de fevereiro. O reajuste segue a política de valorização do piso, que considera a inflação medida pelo INPC e o crescimento do PIB de dois anos anteriores, agora com um limite de ganho real de 2,5%. Projeções indicam que o salário mínimo alcançará R$ 1.925 até 2029. O aumento impacta diretamente a economia, mas levanta debates sobre sustentabilidade fiscal e poder de compra.
A política de valorização, instituída pela Lei nº 14.663/2023 e ajustada em 2024, garante que o piso salarial mantenha ganhos reais, mesmo em cenários de baixo crescimento econômico. Em 2025, o cálculo considerou uma inflação de 4,84% (INPC de 2024) e um ganho real de 2,5%, totalizando os 7,5% de reajuste. Além disso, o governo federal já divulgou estimativas para os próximos anos, com base no Projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias (PLDO).
- Valores projetados:
- 2026: R$ 1.630 (aumento de 7,37%)
- 2027: R$ 1.724
- 2028: R$ 1.823
- 2029: R$ 1.925
- Impacto: Ajusta benefícios como aposentadorias, seguro-desemprego e BPC.
- Objetivo: Garantir poder de compra e estimular a economia.
Essas projeções refletem o compromisso do governo com a valorização gradual do salário mínimo, mas também consideram restrições fiscais impostas pelo arcabouço fiscal.
Política de valorização do piso salarial
A fórmula de reajuste do salário mínimo passou por mudanças significativas nos últimos anos. Desde 2023, o cálculo soma a inflação acumulada até novembro, medida pelo INPC, ao crescimento do PIB de dois anos anteriores. No entanto, uma nova regra aprovada em dezembro de 2024 limitou o ganho real a um intervalo de 0,6% a 2,5%, alinhando o aumento às metas do arcabouço fiscal. Essa alteração gerou economia estimada de R$ 15,3 bilhões até 2027, segundo o Ministério da Fazenda, já que o salário mínimo é referência para benefícios previdenciários e assistenciais.
O economista José Ronaldo Souza Jr., da Leme Consultores, destaca que a limitação do ganho real busca equilíbrio macroeconômico. Ele aponta que aumentos expressivos, sem crescimento sustentável da produtividade, podem elevar a informalidade e pressionar as contas públicas. Em 2025, o reajuste de 7,5% ficou abaixo do que seria aplicado sem o teto (cerca de 8,04%, considerando o PIB de 2023 de 3,2%), mas ainda garante ganho acima da inflação.
Impacto na renda dos trabalhadores
O novo piso de R$ 1.518 já é pago desde fevereiro de 2025, referente aos salários de janeiro. No entanto, o valor líquido recebido pelos trabalhadores é reduzido devido à contribuição obrigatória ao INSS, com alíquota de 7,5% para quem recebe um salário mínimo. Assim, o salário líquido fica em aproximadamente R$ 1.404,15, conforme cálculos do governo. Outros descontos, como vale-transporte ou contribuições sindicais, podem variar conforme o contrato de trabalho.
Para trabalhadores formais, o salário mínimo é a base para categorias como empregados domésticos, vigilantes e trabalhadores da construção civil. Além disso, o reajuste influencia:
- Aposentadorias e pensões: Cerca de 70% dos beneficiários do INSS (28 milhões de pessoas) recebem o piso nacional.
- Seguro-desemprego: Parcelas são recalculadas com base no novo valor.
- Abono salarial (PIS/Pasep): O teto para elegibilidade sobe para R$ 3.036 em 2025.
- Programas sociais: O Benefício de Prestação Continuada (BPC) e critérios do Cadastro Único são ajustados.
Salários mínimos regionais
Alguns estados brasileiros adotam pisos salariais próprios, superiores ao mínimo nacional, para categorias sem acordos coletivos. Em São Paulo, o salário mínimo estadual foi reajustado em 10% e alcançará R$ 1.804 a partir de 1º de julho de 2025. Já no Rio Grande do Sul, o piso regional varia entre R$ 1.656,52 e R$ 2.099,27, com reajuste de 5,25% aplicado desde dezembro de 2024.
No Rio de Janeiro, o salário mínimo regional permanece inalterado desde 2019, com faixas que vão até R$ 3.158,96 para categorias específicas. Santa Catarina também mantém um piso regional, com valores entre R$ 1.612 e R$ 1.844,40, mas não anunciou reajustes para 2025. Esses pisos regionais refletem as particularidades econômicas de cada estado, mas também geram debates sobre competitividade e custo para empregadores.
Projeções para os próximos anos
As estimativas do governo para o salário mínimo até 2029, divulgadas no PLDO, consideram cenários macroeconômicos, como inflação projetada e crescimento do PIB. Para 2026, o valor de R$ 1.630 reflete uma alta de 7,37%, impulsionada por uma inflação esperada de cerca de 4,5% e o teto de ganho real de 2,5%. Os anos seguintes seguem a mesma lógica:
- 2027: R$ 1.724, com alta projetada de 5,77%.
- 2028: R$ 1.823, aumento de 5,74%.
- 2029: R$ 1.925, crescimento de 5,60%.
Esses valores podem ser ajustados caso a inflação ou o PIB superem as projeções. O governo destaca que a política de valorização busca manter o poder de compra, mas a limitação do ganho real reflete preocupações com a sustentabilidade fiscal, já que cada R$ 1 de aumento no salário mínimo gera um impacto de R$ 392 milhões nos gastos públicos.
Desafios do salário mínimo ideal
O Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) calcula que o salário mínimo ideal para sustentar uma família de quatro pessoas (dois adultos e duas crianças) seria de R$ 6.439,62 em 2024, considerando necessidades básicas como moradia, alimentação, educação e saúde. Em 2025, o piso de R$ 1.518 representa apenas 23,6% desse valor, evidenciando a distância entre o salário mínimo real e o necessário.
O Dieese baseia seu cálculo na Constituição Federal, que define que o salário mínimo deve atender às necessidades vitais do trabalhador e sua família. No entanto, especialistas apontam que alcançar esse valor exigiria ganhos significativos de produtividade e crescimento econômico sustentável, condições que o Brasil ainda não reúne. Aumentos expressivos também poderiam elevar a informalidade, já que muitas empresas, especialmente pequenas, enfrentariam dificuldades para arcar com os custos.

Reajuste e economia
O aumento do salário mínimo tem efeitos diretos na economia. Por um lado, ele amplia o poder de compra, estimulando o consumo e movimentando setores como comércio e serviços. Por outro, pressiona as contas públicas, já que benefícios como aposentadorias, pensões e o BPC são indexados ao piso. Em 2025, o reajuste de R$ 106 gerou um impacto estimado de R$ 41,5 bilhões nos gastos do governo, segundo cálculos do Ministério da Fazenda.
A nova regra de limitação do ganho real, aprovada em 2024, busca mitigar esse impacto. Sem o teto de 2,5%, o salário mínimo de 2025 seria cerca de R$ 1.525, considerando o PIB de 2023 (3,2%). A economia gerada com a limitação, de aproximadamente R$ 2 bilhões em 2025, será direcionada para o cumprimento das metas fiscais, conforme o arcabouço fiscal.
Benefícios sociais atrelados
O salário mínimo é referência para diversos benefícios sociais, o que amplia seu impacto. O Benefício de Prestação Continuada (BPC), pago a idosos de baixa renda e pessoas com deficiência, passa a R$ 1.518 em 2025. O seguro-desemprego, que usa o piso como base para cálculo, também é ajustado, beneficiando trabalhadores demitidos sem justa causa.
No caso do abono salarial (PIS/Pasep), o reajuste eleva o valor máximo pago, que corresponde a um salário mínimo, e redefine a faixa de elegibilidade. Em 2025, trabalhadores com renda de até dois salários mínimos (R$ 3.036) terão direito ao benefício, com um total estimado de R$ 30,7 bilhões distribuídos a 25,8 milhões de pessoas.
Piso salarial e mercado de trabalho
O salário mínimo também influencia o mercado de trabalho formal. Categorias como empregados domésticos, trabalhadores rurais e da construção civil, que frequentemente recebem o piso, são diretamente impactadas. O reajuste de 7,5% em 2025 eleva os custos para empregadores, mas também garante maior renda para esses trabalhadores, muitos dos quais estão em setores essenciais.
No setor público, o piso nacional serve como referência para servidores de nível básico, embora muitos estados e municípios adotem salários superiores. A indexação de benefícios e salários ao mínimo, no entanto, gera pressões fiscais em governos locais, especialmente em regiões com arrecadação limitada.
Perspectiva histórica do salário mínimo
O salário mínimo foi instituído no Brasil em 1940, durante o governo de Getúlio Vargas, com o objetivo de garantir uma remuneração mínima para trabalhadores formais. Até 1988, havia 14 valores diferentes no país, refletindo disparidades regionais. A Constituição de 1988 unificou o piso nacional, estabelecendo que ele deve atender às necessidades básicas do trabalhador e sua família.
Ao longo das décadas, o salário mínimo passou por períodos de forte desvalorização, especialmente durante crises econômicas, e momentos de recuperação, como na década de 2000, quando a política de valorização elevou seu poder de compra. Em 2025, o piso de R$ 1.518 reflete um ganho real, mas ainda está longe do valor ideal apontado pelo Dieese.
Planejamento fiscal e debates
A limitação do ganho real a 2,5%, introduzida em 2024, gerou debates entre economistas e representantes sindicais. Para o governo, a medida é essencial para conter o crescimento dos gastos obrigatórios, que representam cerca de 90% do orçamento federal. Críticos, no entanto, argumentam que a restrição reduz o impacto da política de valorização, especialmente para trabalhadores de baixa renda, que dependem do salário mínimo para necessidades básicas.
O senador Rogério Marinho, líder da oposição, criticou a indexação de benefícios ao salário mínimo, chamando-a de “armadilha fiscal”. Ele defende que a vinculação pressiona as finanças públicas e limita a capacidade de investimento do governo. Por outro lado, o governo Lula mantém o compromisso com ganhos reais, ainda que limitados, como forma de reduzir desigualdades.





