Rio Branco, capital do Acre, enfrenta um cenário preocupante com a interrupção da captação de água nas Estações de Tratamento de Água (ETA I e ETA II). Essas unidades, responsáveis por abastecer grande parte da população, estão fora de operação, gerando impactos diretos na vida de milhares de moradores. Neste artigo, exploramos a situação atual, os dados divulgados pelo Serviço de Água e Esgoto de Rio Branco (Saerb) e pela Prefeitura Municipal, além das consequências para a cidade em 13 de março de 2025.
A ETA I, localizada no bairro Sobral, e a ETA II, essencial para o Segundo Distrito, são pilares do abastecimento hídrico da capital acreana. Juntas, elas respondem por cerca de 100% da água tratada distribuída em Rio Branco. A ETA II, por exemplo, abastece 60% da cidade, atendendo mais de 250 mil pessoas em mais de 50 bairros, segundo informações do Saerb publicadas no site da Prefeitura de Rio Branco (www.riobranco.ac.gov.br). Já a ETA I complementa os 40% restantes, mas ambas enfrentam problemas estruturais crônicos.
Em 2024, a ETA II sofreu um desabamento em julho, conforme noticiado pelo G1 Acre, devido à erosão causada pela rápida queda do nível do Rio Acre após a cheia de março. Apesar das obras de reparo prometidas, a situação se agravou. Hoje, 13 de março de 2025, o Saerb confirma que ambas as estações estão inoperantes, resultado de falhas elétricas na ETA I e novos danos estruturais na ETA II. “Estamos trabalhando 24 horas para resolver, mas a estrutura é precária”, declarou Enoque Pereira, diretor-presidente do Saerb, em entrevista recente ao G1.
De acordo com a Prefeitura de Rio Branco, a paralisação total das ETAs deixou aproximadamente 400 mil habitantes sem água encanada. Bairros como Segundo Distrito, Calafate, Estação Experimental e Sobral estão entre os mais afetados. O Saerb estima que a capacidade de produção, que deveria ser de 1.600 litros por segundo (somando as duas unidades), caiu para zero desde o início desta semana. “Sem as ETAs, dependemos de reservatórios, mas eles não suportam a demanda”, explica Antônio Lima, diretor técnico da autarquia, em comunicado no portal oficial da prefeitura.
A crise hídrica não é novidade. Em abril de 2024, um decreto de emergência foi assinado pelo prefeito Tião Bocalom, com validade de 180 dias, para agilizar a compra de insumos sem licitação. Contudo, passados quase 11 meses, os problemas persistem, evidenciando a fragilidade do sistema. O nível do Rio Acre, que em março de 2024 atingiu 17,89 metros, hoje está em 2,10 metros (dados da Defesa Civil Municipal), dificultando ainda mais a captação.
Moradores como Jorge Luiz, do bairro Chico Mendes, relatam ao G1 que “a água chega a cada três dias, e com pouca pressão”. Sem as ETAs, a situação piorou drasticamente. Escolas suspenderam aulas, e pequenos comerciantes, como donos de lanchonetes, enfrentam dificuldades para manter os negócios. “Não temos como cozinhar ou limpar sem água”, desabafa Maria Silva, residente do Segundo Distrito.
A falta de saneamento básico, já um ponto crítico – apenas 20,6% da população tem acesso a tratamento de esgoto, segundo o Ranking do Saneamento 2023 –, agrava os riscos à saúde pública. A Prefeitura anunciou a distribuição de caminhões-pipa, mas a logística não atende toda a demanda.
O Saerb e a Prefeitura prometem ações emergenciais, como a instalação de bombas flutuantes e a busca por recursos federais. “Estamos em Brasília desde o ano passado pedindo ajuda”, afirma Enoque Pereira. Contudo, especialistas questionam a ausência de um plano de longo prazo para modernizar as ETAs, construídas há décadas.
Enquanto as autoridades correm contra o tempo, a população de Rio Branco clama por água. A crise das ETA I e ETA II expõe a urgência de investimentos em infraestrutura hídrica. Até lá, a capital acreana segue refém de um sistema à beira do colapso.
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