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Rio Branco amarga 23ª posição no Índice de Progresso Social 2024 e escancara falhas da atual gestão

O IPS, referência internacional para avaliação de qualidade de vida, mede três dimensões: Necessidades Humanas Básicas, Fundamentos do Bem-Estar e Oportunidades. Em todos esses pilares, Rio Branco ficou aquém do esperado, consolidando um cenário preocupante de retrocessos sociais.

Redação - Cidade AC News - Eliton Muniz

Baixos índices em saneamento, saúde e transparência revelam ausência de políticas públicas eficazes; vereadores criticam e secretarias são apontadas como ineficientes

RIO BRANCO (AC) — O mais recente levantamento do Índice de Progresso Social (IPS) 2024 revelou um dado alarmante: a capital acreana ocupa a 23ª posição entre as 27 capitais brasileiras, com uma pontuação de 60,39 pontos numa escala de até 100. O resultado evidencia a estagnação social e estrutural do município, reflexo direto da falta de planejamento estratégico e da inoperância da atual gestão, liderada pelo prefeito Tião Bocalom (PL).

O IPS, referência internacional para avaliação de qualidade de vida, mede três dimensões: Necessidades Humanas Básicas, Fundamentos do Bem-Estar e Oportunidades. Em todos esses pilares, Rio Branco ficou aquém do esperado, consolidando um cenário preocupante de retrocessos sociais.


Desempenho insuficiente nos principais pilares sociais

Necessidades Humanas Básicas

Em indicadores como nutrição, moradia e segurança pessoal, Rio Branco ocupa modestamente o 18º lugar entre as capitais. A saúde pública, com precariedade no atendimento básico e na infraestrutura hospitalar, continua sendo um dos principais gargalos, agravado pela ineficácia das ações da Secretaria Municipal de Saúde.

Fundamentos do Bem-Estar

A capital amarga a 20ª posição em acesso à informação e comunicação, refletindo o apagão digital que atinge sobretudo a periferia. O indicador ambiental é um dos mais críticos: Rio Branco figura na 23ª colocação, resultado das sucessivas crises de queimadas, alagamentos e do descaso ambiental. A educação básica também é motivo de preocupação, com uma colocação apenas intermediária e sem sinais concretos de melhora.

Oportunidades

Apesar de apresentar alguma evolução na inclusão social (12ª posição) e no acesso ao ensino superior (10ª posição), o município segue mal posicionado em liberdades individuais, consequência de uma gestão marcada por pouca transparência e escassa participação social.


Saneamento e transparência: as maiores deficiências

O maior vexame de Rio Branco está no saneamento básico, onde ocupa a 24ª posição, superando apenas Macapá, Porto Velho e Boa Vista. O sistema de abastecimento de água e o tratamento de esgoto são falhos, com milhares de moradores convivendo diariamente com a falta de água e o esgoto a céu aberto.

Na dimensão da governança, o panorama é igualmente desolador. A avaliação da Transparência Internacional classificou Rio Branco como “Ruim”, com nota 34,5/100, ficando na 22ª posição entre as 25 capitais avaliadas. O município não regulamentou a Lei Anticorrupção e carece de políticas de proteção a denunciantes, elementos essenciais para a promoção de uma gestão pública íntegra.


Enquanto Rio Branco estagna, cidades semelhantes avançam

A comparação com cidades de porte semelhante evidencia o atraso. Palmas (TO), por exemplo, figura entre as 10 melhores cidades em saneamento do país; Franca (SP) é referência nacional em segurança pública e gestão ambiental. Ambas são exemplos claros de que gestão eficiente e vontade política podem mudar a realidade urbana — algo que falta em Rio Branco.


Atuação parlamentar: críticas contundentes e poucas soluções

Parlamentares locais têm feito críticas recorrentes à atual gestão, sobretudo nas áreas de saneamento, transparência e infraestrutura.

  • Fábio Araújo (MDB) criticou a falta de transparência, considerando a avaliação da Transparência Internacional “vergonhosa”.

  • Zé Lopes (Republicanos) buscou alternativas para o saneamento junto ao senador Alan Rick.

  • Lene Petecão (União Brasil) e Samir Bestene (PP) promoveram audiência pública sobre a crise hídrica, cobrando soluções imediatas da prefeitura.

  • A Câmara aprovou a reestruturação do SAERB, mas a medida não apresentou resultados práticos até o momento.

Apesar das iniciativas parlamentares, nenhuma política pública efetiva foi implementada pela gestão Bocalom para alterar o quadro crítico.


Onde Rio Branco Falhou no IPS 2024?

O desempenho decepcionante de Rio Branco no Índice de Progresso Social (IPS) 2024, ocupando a 23ª posição entre as 27 capitais brasileiras, é um reflexo direto da ineficiência crônica das secretarias municipais. Responsáveis por implementar políticas públicas que deveriam impulsionar o desenvolvimento social, essas pastas falharam em planejar, executar e monitorar ações efetivas, agravando indicadores de saúde, educação, saneamento, meio ambiente, infraestrutura, assistência social e transparência. Abaixo, detalhamos como cada secretaria contribuiu para o retrocesso social da capital acreana, destacando ações insuficientes ou inexistentes e o impacto direto no IPS.


Saúde: Um Sistema à Beira do Colapso

Secretário: Rennan Biths de Lima Lima
Contexto de Falhas: A saúde pública em Rio Branco é um dos pilares mais frágeis do IPS, com a cidade na 18ª posição em Necessidades Humanas Básicas. A falta de estrutura em unidades de saúde, a escassez de profissionais e a ausência de um planejamento estratégico resultam em atendimentos precários, longas filas e insuficiência de medicamentos.
Ações (ou Inações): A Secretaria Municipal de Saúde não conseguiu implementar programas robustos para melhorar o atendimento básico ou modernizar a infraestrutura hospitalar. Projetos como a ampliação de UBSs ou a capacitação de equipes de saúde da família ficaram apenas no papel. A falta de investimento em prevenção e a demora na resposta a emergências de saúde pública, como surtos de dengue, agravaram a situação.
Impacto no IPS: A baixa pontuação em nutrição e saúde básica reflete diretamente a incapacidade da gestão de priorizar o bem-estar da população, deixando milhares de cidadãos sem acesso a serviços essenciais.


Educação: Ausência de Liderança e Visão

Responsável: Paulo Machado (adjunto)
Contexto de Falhas: A educação básica de Rio Branco figura em uma posição intermediária no IPS, mas sem sinais de progresso. A ausência de um titular efetivo na Secretaria de Educação reflete a despriorização do setor, enquanto a falta de políticas estruturantes impede avanços em indicadores educacionais.
Ações (ou Inações): Não há registros de iniciativas significativas para melhorar a qualidade do ensino, como a capacitação de professores, modernização de escolas ou ampliação do acesso à educação infantil. Programas de combate à evasão escolar ou de reforço à alfabetização são inexistentes ou ineficazes, enquanto a merenda escolar enfrenta críticas constantes por qualidade e logística.
Impacto no IPS: A estagnação na educação básica compromete o pilar Fundamentos do Bem-Estar, limitando o desenvolvimento intelectual e social das futuras gerações.


Meio Ambiente: Descasso com a Sustentabilidade

Secretária: Flaviane Agustini Stedille
Contexto de Falhas: Rio Branco ocupa a 23ª posição em indicadores ambientais, um dos piores desempenhos no IPS. As crises de queimadas, alagamentos sazonais e a má gestão de resíduos evidenciam a falta de compromisso com a sustentabilidade.
Ações (ou Inações): A Secretaria de Meio Ambiente falhou em implementar planos de prevenção a queimadas ou de recuperação ambiental. A ausência de políticas para gestão de resíduos sólidos resulta em lixões a céu aberto, enquanto a falta de fiscalização ambiental permite o avanço do desmatamento e da poluição. Projetos de reflorestamento ou educação ambiental são praticamente inexistentes.
Impacto no IPS: O desempenho ambiental pífio reforça a baixa pontuação em Fundamentos do Bem-Estar, prejudicando a qualidade de vida e a saúde da população.


Infraestrutura e Mobilidade: Uma Cidade Paralisada

Secretário: Antônio Cid Rodrigues Ferreira
Contexto de Falhas: A infraestrutura urbana de Rio Branco é marcada por ruas esburacadas, obras inacabadas e falta de mobilidade urbana, impactando diretamente a qualidade de vida dos moradores.
Ações (ou Inações): A Secretaria de Infraestrutura não conseguiu avançar em projetos de pavimentação, drenagem ou transporte público eficiente. Obras essenciais, como pontes e viadutos, permanecem estagnadas, enquanto a manutenção de vias públicas é insuficiente, agravando problemas de acessibilidade, especialmente na periferia.
Impacto no IPS: A precariedade da infraestrutura contribui para a baixa pontuação em Necessidades Humanas Básicas, dificultando o acesso a serviços e comprometendo a segurança pessoal.


Assistência Social: Vulneráveis Desamparados

Secretário: João Marcos de Souza da Luz
Contexto de Falhas: Apesar de avanços tímidos em inclusão social (12ª posição no IPS), os programas de assistência social não conseguem alcançar efetivamente as populações vulneráveis, como famílias em situação de pobreza extrema ou pessoas em condição de rua.
Ações (ou Inações): A Secretaria de Assistência Social não ampliou programas como o Bolsa Família municipal ou serviços de acolhimento. A falta de articulação com outras pastas e a ausência de um cadastro atualizado das populações vulneráveis limitam a eficácia das ações.
Impacto no IPS: A ineficiência no atendimento às populações mais necessitadas compromete os indicadores de Oportunidades, perpetuando desigualdades sociais.


Serviço de Água e Esgoto (SAERB): Um Sistema Colapsado

Responsável: Enoque Pereira de Lima
Contexto de Falhas: Rio Branco está na 24ª posição em saneamento básico, superando apenas Macapá, Porto Velho e Boa Vista. A falta de água potável e o esgoto a céu aberto são realidades diárias para milhares de moradores.
Ações (ou Inações): O SAERB não implementou melhorias significativas no abastecimento de água ou no tratamento de esgoto. A reestruturação aprovada pela Câmara Municipal não trouxe resultados práticos, e a falta de investimentos em infraestrutura básica mantém o sistema em colapso.
Impacto no IPS: O desempenho desastroso em saneamento impacta diretamente Necessidades Humanas Básicas, comprometendo a saúde pública e a dignidade da população.


Controladoria Geral do Município: Transparência Inexistente

Responsável: Willian Afonso Ferreira Filgueira
Contexto de Falhas: Rio Branco obteve nota 34,5/100 na avaliação da Transparência Internacional, sendo classificada como “Ruim” e ocupando a 22ª posição entre 25 capitais. A ausência de políticas de transparência e controle interno reflete a falta de compromisso com a governança.
Ações (ou Inações): A Controladoria não regulamentou a Lei Anticorrupção, não implementou mecanismos de proteção a denunciantes nem ampliou o acesso a informações públicas. A falta de portais de transparência atualizados e a baixa participação cidadã agravam o cenário.
Impacto no IPS: A má governança compromete o pilar Oportunidades, minando a confiança da população na administração pública.

A Necessidade de Ação Imediata

As secretarias municipais de Rio Branco, sob a gestão Tião Bocalom, falharam em entregar resultados que atendam às necessidades da população. A ausência de planejamento estratégico, a falta de execução de políticas públicas e a incapacidade de inovação perpetuam um ciclo de estagnação social. Enquanto cidades como Palmas (TO) e Franca (SP) avançam com gestão eficiente, Rio Branco permanece refém de uma administração marcada por inércia. A superação desse quadro exige lideranças comprometidas, investimentos prioritários e uma gestão transparente que coloque a qualidade de vida da população em primeiro lugar.


Histórico: uma década de estagnação

A análise histórica do IPS revela que, mesmo com gestões anteriores marcadas por limitações, a administração atual manteve — e em alguns aspectos agravou — o cenário de paralisia administrativa. Veja a trajetória de Rio Branco no ranking:

Ano

Prefeito(a)

Partido

Posição no IPS*

2015

Marcus Alexandre

PT

Sem dados oficiais

2016

Marcus Alexandre

PT

Sem dados oficiais

2017

Marcus Alexandre

PT

Sem dados oficiais

2018

Marcus Alexandre / Socorro Neri

PT / PSB

Sem dados oficiais

2019

Socorro Neri

PSB

Sem dados oficiais

2020

Socorro Neri

PSB

Sem dados oficiais

2021

Tião Bocalom

PP

Sem dados oficiais

2022

Tião Bocalom

PP

Sem dados oficiais

2023

Tião Bocalom

PP

Sem dados oficiais

2024

Tião Bocalom

PL

23ª entre 27 capitais

*Observação: até 2020, o IPS não publicava ranking oficial por capitais de forma anualizada.

A urgência de um novo rumo

O resultado do IPS 2024 expõe com clareza a ineficiência da atual gestão municipal de Rio Branco. Falta planejamento, capacidade técnica e, sobretudo, vontade política para transformar indicadores e promover qualidade de vida à população.

Enquanto outras cidades caminham rumo à sustentabilidade e ao progresso social, Rio Branco permanece presa a um modelo ultrapassado de administração, marcado pela inércia e falta de resultados concretos.

A população merece mais. E o futuro da capital só será possível com lideranças comprometidas, políticas públicas inovadoras e gestão transparente e participativa.


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