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Relatório revela que 10% das brasileiras enfrentam violência ao circular à noite para atividades de lazer

Foto: Reprodução

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Uma pesquisa recente revelou um cenário alarmante sobre a experiência das brasileiras ao circular pela cidade durante a noite em momentos de lazer. O levantamento mostra que a imensa maioria das mulheres — praticamente todas — já sofreu algum tipo de violência nesses deslocamentos, especialmente investidas de caráter sexual, como cantadas invasivas, assédio e importunação. Entre elas, uma parcela significativa enfrentou situações mais graves, incluindo estupro.

Os dados indicam que, para cerca de 10% das entrevistadas, sair para relaxar ou se divertir acabou resultando em violência extrema, como estupro — percentual que dobra quando se trata de mulheres da comunidade LGBTQIA+. Em outras palavras, atividades comuns como ir a bares, eventos culturais ou casas noturnas tornam-se, para muitas, experiências marcadas pelo medo e pela vulnerabilidade.

O estudo, desenvolvido pelo Instituto Patrícia Galvão em parceria com o Locomotiva e com apoio da Uber, reforça que a sensação de insegurança relatada por 98% das brasileiras não é fruto de exagero. A combinação de machismo, racismo e LGBTfobia agrava a exposição à violência, especialmente entre mulheres negras e jovens. Entre olhares insistentes, abordagens indesejadas e agressões físicas, as mulheres pretas foram as mais atingidas em todos os tipos de violência mencionados.

Além do assédio, muitas também lidaram com crimes como assaltos, furtos e sequestros relâmpago — experiência vivida por 34% das entrevistadas. A discriminação por outros motivos que não a cor da pele atingiu quase um quarto das mulheres, mas esse número praticamente dobra entre aquelas que fazem parte da comunidade LGBTQIA+. A insegurança atinge especialmente quem se desloca a pé ou de ônibus, embora nenhum meio de transporte esteja totalmente livre de riscos.

Diante desse cenário, as mulheres têm adotado diversas estratégias para tentar se proteger: avisam alguém sobre seus trajetos, evitam ruas pouco movimentadas, buscam companhia para ir e voltar e, muitas vezes, mudam a forma de se vestir para se sentirem menos expostas. Mesmo com esses cuidados, boa parte delas já considerou desistir de sair à noite por medo, e muitas presenciaram ou viveram episódios de violência de gênero. Ainda assim, poucas procuram a polícia, e a maioria acaba recebendo apoio apenas de pessoas próximas ou de desconhecidos presentes no local.

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