Entre lágrimas e aplausos, o Acre entrega mais que papéis: devolve dignidade a quem esperou uma vida inteira por um endereço no mapa.
O ginásio de Tarauacá estava lotado. Famílias de todas as idades, vindas da zona urbana e de comunidades rurais, aguardavam o momento em que seus nomes seriam chamados.
Quando a voz ecoou no microfone – “Francisca Maria da Silva” –, o silêncio tomou o espaço. Ela se levantou devagar, caminhou até o palco e recebeu o envelope com as mãos trêmulas.
As lágrimas vieram antes do aplauso. “Esperei trinta anos por isso. Agora eu posso dizer que essa terra é minha”, contou, com a voz embargada.
Cenas como essa têm se repetido em todo o Acre. Sob a liderança do governador Gladson Cameli, o Instituto de Terras do Acre (ITERACRE) transformou a regularização fundiária em um gesto de reconhecimento e cidadania.
O que antes era um processo técnico e distante passou a ter rosto, emoção e propósito.
Do chão esquecido à terra prometida
Em 2018, uma pesquisa da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP) revelou um dado alarmante: apenas 6,63% das propriedades rurais do Acre tinham documentação formal.
Isso significa que quase 94% das famílias viviam em terras sem título — sem segurança jurídica, sem acesso a crédito e vulneráveis a disputas de posse e herança.
Sete anos depois, esse cenário é outro. Sob a coordenação do ITERACRE, o Estado alcançou um dos maiores índices de regularização fundiária de sua história.
Foram milhares de títulos definitivos entregues, em um movimento que uniu técnica, sensibilidade social e presença do Estado em todas as regionais acreanas.
Hoje, cada envelope entregue representa mais que um registro em cartório.
É o símbolo de uma nova etapa. Famílias que antes eram apenas estatísticas agora estão inscritas no mapa do Acre — com nome, endereço e dignidade.
Fonte: Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP) — Mapeamento da Estrutura Fundiária Brasileira, 2018.
Quando a política virou compromisso de Estado
Regularizar terras é muito mais do que entregar um papel. É garantir que o cidadão tenha o direito de existir oficialmente.
De 2019 a 2025, o Acre ampliou a entrega de títulos definitivos em todas as regiões do Estado.
Em setembro de 2025, o governo entregou 539 títulos em Tarauacá.
Em Plácido de Castro, foram 400.
Em Brasiléia, 106 famílias receberam o documento definitivo.
E em Xapuri, mais 531 famílias tiveram a mesma conquista.
Em outubro, o ITERACRE ultrapassou a marca de 2.183 títulos entregues em apenas 19 dias, somando mais de R$ 14,7 milhões em investimentos.
Os números foram confirmados pela Agência de Notícias do Acre e pelas prefeituras locais.
O Estado que chegou primeiro que a esperança
O programa Iteracre na Sua Casa, criado em 2023, levou o serviço público a quem sempre esteve longe dele.
Equipes do instituto percorreram ramais, estradas e rios com tecnologia e sensibilidade.
“O trabalho é técnico, mas o resultado é humano. Quando entregamos um título, a pessoa não chora de alegria; chora de alívio”, afirma Aline Costa, servidora há 14 anos.
A presença do Estado nos lugares mais distantes virou marca de um governo que fez da regularização fundiária uma ação de cuidado e proximidade.
A fé que ganhou chão e reconhecimento
Com o Programa Igreja Legal, o governo estendeu o direito à legalização para templos e centros comunitários.
“Quando o Estado reconhece o templo, reconhece a fé do povo”, resume o pastor Manoel Souza, da comunidade Sobral.
Até 2025, centenas de instituições religiosas foram regularizadas, em um gesto que uniu fé, legalidade e transparência.
Minha Terra: O nome, o lar e o futuro no mapa
Criado em 2021, o programa Minha Terra de Papel Passado simplificou o processo de titulação e modernizou a gestão fundiária.
Entre 2023 e 2024, mais de 8 mil títulos registrados em cartório foram entregues.
“Antes eu vivia com medo de perder a casa. Hoje durmo tranquila e sonho com a reforma”, contou Dona Sebastiana Souza, moradora do bairro Sobral.
Cada entrega representa uma vitória coletiva: o cidadão conquista segurança, o Estado organiza o território e o município ganha planejamento.
De um órgão silencioso a uma política com alma e rosto
Criado em 2001, o Instituto de Terras do Acre sobreviveu a mudanças de governo e de tempo, mantendo sua estrutura técnica e jurídica.
Durante muitos anos, foi apenas mais um nome no organograma do Estado – importante, mas distante da vida das pessoas.
Essa história começou a mudar em 2019, quando o governador Gladson Cameli assumiu o compromisso de transformar a regularização fundiária em uma política pública com rosto humano.
Sob sua gestão, o ITERACRE deixou de ser um órgão burocrático e passou a ser presença viva em bairros, comunidades e igrejas de todo o Acre.
O órgão passou a refletir o lema de governo: “Cuidar de pessoas é governar com o coração.”
As mulheres à frente de um novo modo de governar
Sob a gestão de Gladson Cameli, o Acre vive um tempo em que as mulheres ocupam posições estratégicas e imprimem um jeito diferente de fazer gestão pública — com sensibilidade, resultado e eficiência.
A presença feminina na estrutura do governo trouxe novas perspectivas à administração, combinando empatia e competência em áreas que historicamente eram dominadas por homens.
No ITERACRE, essa mudança é visível.
Sob a presidência de Gabriela Ramos Câmara Damascenoar, o instituto alcançou o maior volume de entregas de títulos da sua história e se tornou exemplo de agilidade e cuidado com as pessoas.
Maria do Carmo representa uma geração de gestoras que não apenas administram — transformam.
“As mulheres do governo estão mostrando que firmeza e afeto podem caminhar juntas. E o resultado está aí: recorde de entregas, atendimento humanizado e políticas que enxergam cada família pelo nome”, afirma uma técnica do órgão.
Essa marca feminina atravessa secretarias, programas e políticas públicas.
De engenheiras a advogadas, de servidoras a lideranças comunitárias, as mulheres estão ajudando a moldar um Acre mais justo, moderno e humano — um governo que, de fato, cuidou de gente e governou com o coração.
O Acre que virou exemplo — reconhecimento e legitimidade nacional
O avanço da política fundiária do Acre foi reconhecido em várias frentes.
Em 5 de novembro de 2024, o Tribunal de Justiça do Acre (TJAC) apresentou, no 5º Fórum Fundiário Nacional das Corregedorias, em Brasília, o trabalho conjunto com o ITERACRE como exemplo de integração entre Judiciário e Executivo.
Em abril de 2025, o Ministério Público do Acre (MPAC), por meio da Promotoria de Justiça Cível e Ambiental, destacou no Diário Oficial do Estado a eficiência do ITERACRE e a inovação social do programa Iteracre na Sua Casa.
Em julho de 2024, durante o Fórum de Governadores da Amazônia Legal, em Belém, o Acre recebeu menção honrosa de Boas Práticas em Gestão Pública Regional, na categoria Regularização Fundiária e Desenvolvimento Sustentável.
A homenagem foi entregue à então presidente Maria do Carmo Alencar.
Em dezembro do mesmo ano, o Lincoln Institute of Land Policy (EUA) e o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) incluíram o caso do Acre no relatório Urban Land Regularization in Latin America – Case Studies 2024, apresentado em Lima, no Peru, classificando o Estado como referência amazônica em titulação urbana com foco humano.
Esses reconhecimentos consolidaram o Acre no mapa da regularização fundiária moderna, com transparência, integração institucional e resultados concretos.
Dever cumprido, caminho eterno — o Acre que não para de construir dignidade
O Acre encerra 2025 com uma conquista que carrega décadas de espera e esperança: milhares de famílias agora vivem com o documento definitivo de suas terras.
É o resultado de uma política que uniu sensibilidade, técnica e presença do Estado.
Mas o trabalho não termina aqui. Ele precisa seguir ano após ano, como dever contínuo de um governo que aprendeu que regularizar não é apenas medir terra, é medir dignidade.
Foi o Governo do Estado do Acre, por meio do ITERACRE, quem liderou essa travessia, com apoio do TJAC, MPAC, prefeituras e instituições parceiras.
A ação percorreu todas as regionais – do Alto Acre ao Juruá – e consolidou o Estado como referência nacional e internacional em regularização fundiária com foco humano.
Cada título entregue é uma página corrigida da história, um ato de reparação e um gesto de confiança no futuro.
O Acre não apenas cumpre um dever: constrói um caminho que precisa ser refeito todos os dias, para que nenhuma geração volte a viver sem o direito de existir oficialmente.
Por Fabio Lopes — Cidade AC News
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