O salário mínimo nacional foi reajustado para R$ 1.518 em 2025, um aumento de R$ 106 em relação ao valor de R$ 1.412 praticado em 2024, representando uma correção de 7,5%. O novo valor, que começou a vigorar em 1º de janeiro, foi creditado aos trabalhadores pela primeira vez em fevereiro, devido à prática de pagamento referente ao mês anterior. A medida, sancionada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva em abril, após aprovação do orçamento de 2025, beneficia cerca de 59 milhões de brasileiros, incluindo trabalhadores formais, aposentados e beneficiários de programas sociais. O cálculo considerou a inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) e um ganho real limitado a 2,5%, conforme nova regra aprovada pelo Congresso. A política de valorização busca garantir a manutenção do poder de compra, além de ajustar benefícios previdenciários e assistenciais.
A elevação do piso salarial reflete um esforço do governo federal para equilibrar o aumento do poder aquisitivo com a sustentabilidade fiscal. A nova fórmula de reajuste, estabelecida pela Lei nº 15.077/2024, limita o ganho real a 2,5%, mesmo em anos de maior crescimento econômico. Em 2025, o ajuste foi baseado em uma inflação de 4,84% acumulada até novembro de 2024 e no crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) de 2023, que atingiu 3,2%, mas foi restringido ao teto estipulado.
- Impacto direto: O novo valor afeta salários de trabalhadores formais e informais.
- Benefícios sociais: Aposentadorias, pensões e programas como o Benefício de Prestação Continuada (BPC) são ajustados.
- Cronograma de pagamento: O valor entrou em vigor em janeiro, mas foi pago a partir de fevereiro.
Novo cálculo do reajuste
A política de valorização do salário mínimo, retomada em 2023 pela Lei nº 14.663, passou por mudanças significativas com a aprovação da Lei nº 15.077 em dezembro de 2024. O cálculo agora combina a inflação acumulada nos 12 meses anteriores, medida pelo INPC, com um ganho real baseado no crescimento do PIB de dois anos antes, limitado a 2,5%. Para 2025, o INPC registrou 4,84%, e o PIB de 2023, que cresceu 3,2%, foi ajustado ao teto de 2,5%, resultando no aumento de 7,5%.
Essa nova regra foi introduzida como parte de um pacote de contenção de despesas do governo federal, visando reduzir o impacto fiscal do aumento do salário mínimo, que influencia diretamente os gastos com benefícios previdenciários e assistenciais. Caso a fórmula anterior fosse mantida, o reajuste teria sido maior, com o piso chegando a cerca de R$ 1.525, segundo estimativas do governo.
- Inflação (INPC): 4,84% acumulados até novembro de 2024.
- Crescimento do PIB: 3,2% em 2023, limitado a 2,5% pelo novo teto.
- Economia fiscal: A limitação deve gerar R$ 110 bilhões em economia até 2030.
- Período de vigência: A regra valerá de 2025 a 2030.
Benefícios atrelados ao piso
O salário mínimo serve como referência para diversos benefícios sociais e trabalhistas no Brasil. Aproximadamente 19 milhões de aposentados e pensionistas do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) recebem o piso nacional, o que representa cerca de 70% do total de beneficiários. Além disso, programas como o Benefício de Prestação Continuada (BPC), pago a idosos de baixa renda e pessoas com deficiência, e o abono salarial (PIS/Pasep) também são ajustados com base no novo valor.
O seguro-desemprego, outro benefício vinculado, tem seu cálculo mínimo atualizado para refletir o piso de R$ 1.518. A medida impacta diretamente a renda de milhões de brasileiros, especialmente em regiões onde o custo de vida é mais elevado.
- Aposentadorias e pensões: 19 milhões de beneficiários do INSS recebem o mínimo.
- BPC: Pago a idosos acima de 65 anos e pessoas com deficiência de baixa renda.
- Abono salarial: Trabalhadores com carteira assinada que ganham até dois salários mínimos.
- Seguro-desemprego: Parcela mínima ajustada ao novo piso.
Salários mínimos regionais
Alguns estados brasileiros adotam pisos salariais regionais, que superam o valor do salário mínimo nacional, para adequar a remuneração às diferenças de custo de vida e produtividade local. Em São Paulo, o salário mínimo regional permanece em R$ 1.640 para 2025, sem reajustes anunciados até o momento. No Paraná, os valores variam conforme a categoria profissional, indo de R$ 1.984 a R$ 2.275, conforme definido pela Lei Estadual nº 21.350/2023.
Outros estados, como Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e Santa Catarina, também possuem pisos regionais, mas o Rio de Janeiro segue adotando o salário mínimo nacional de R$ 1.518, sem atualizações regionais desde 2019. Esses pisos regionais são aplicáveis a categorias sem acordos coletivos ou leis federais específicas, garantindo uma remuneração mínima mais adequada às condições locais.
- São Paulo: R$ 1.640, sem previsão de reajuste para 2025.
- Paraná: Faixas de R$ 1.984 a R$ 2.275, dependendo da ocupação.
- Rio de Janeiro: Adota o piso nacional de R$ 1.518.
- Outros estados: Rio Grande do Sul e Santa Catarina variam por categoria.
Histórico de reajustes
O salário mínimo no Brasil passou por diversas mudanças desde sua criação, em 1940, durante o governo de Getúlio Vargas. Inicialmente, existiam 14 valores diferentes, refletindo as disparidades regionais. A unificação nacional foi consolidada pela Constituição de 1988, que estabeleceu o piso como referência para todos os trabalhadores formais, urbanos e rurais.
Nos últimos anos, os reajustes têm seguido políticas de valorização, especialmente desde 2004, com a introdução de ganhos reais acima da inflação. Em 2023, o piso passou de R$ 1.302 para R$ 1.320, e em 2024, chegou a R$ 1.412. O aumento para R$ 1.518 em 2025 é o terceiro reajuste do atual mandato do presidente Lula, totalizando uma elevação de 16,5% desde o início de 2023.
- 1940: Criação do salário mínimo com valores regionais.
- 1988: Unificação nacional pela Constituição.
- 2023: Aumento de R$ 1.302 para R$ 1.320.
- 2024: Elevação para R$ 1.412.
- 2025: Novo valor de R$ 1.518.

Deduções e salário líquido
Os trabalhadores que recebem o salário mínimo estão isentos do Imposto de Renda, mas enfrentam a dedução obrigatória da contribuição ao INSS, com uma alíquota de 7,5%. Com o piso de R$ 1.518, o desconto mensal é de R$ 113,85, resultando em um salário líquido de R$ 1.404,15, caso não haja outros descontos, como vale-transporte ou contribuições sindicais.
Essa redução impacta diretamente o poder de compra, especialmente em cidades com custo de vida elevado, como São Paulo, onde o aluguel médio de um imóvel de 45 m² varia entre R$ 1.700 e R$ 1.870. Em contrapartida, cidades como Pelotas, no Rio Grande do Sul, apresentam custos mais acessíveis, com aluguéis médios de R$ 837,45 para imóveis semelhantes.
- Contribuição ao INSS: 7,5%, equivalente a R$ 113,85.
- Salário líquido: R$ 1.404,15, sem outros descontos.
- Custo de vida: Aluguéis variam de R$ 837,45 (Pelotas) a R$ 1.870 (São Paulo).
Necessidade versus realidade
O Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) estima que o salário mínimo necessário para suprir as necessidades básicas de uma família de quatro pessoas, incluindo alimentação, moradia, saúde, educação, transporte, lazer e previdência, seria de R$ 7.156,15 em janeiro de 2025. Esse valor é quase cinco vezes superior ao piso nacional de R$ 1.518, evidenciando a distância entre a remuneração mínima e o custo real de vida no Brasil.
A pesquisa do Dieese considera o Decreto-Lei nº 399 de 1938, que regula o salário mínimo e define a composição da cesta básica. Apesar do aumento de 7,5%, o valor atual cobre apenas uma fração das despesas básicas, especialmente em áreas urbanas de alta densidade populacional.
- Salário mínimo necessário: R$ 7.156,15, segundo o Dieese.
- Cesta básica: Baseada em alimentos definidos em 1938.
- Despesa familiar: Inclui moradia, saúde, educação e lazer.
Previsões para os próximos anos
O governo federal já divulgou projeções para o salário mínimo nos próximos anos, com base na política de valorização e nas estimativas econômicas. Para 2026, o piso está previsto para alcançar R$ 1.630, um aumento de 7,37%. Nos anos seguintes, os valores estimados são:
- 2027: R$ 1.724.
- 2028: R$ 1.823.
- 2029: R$ 1.925.
Essas projeções constam no Projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias (PLDO) de 2026, elaborado pelos ministérios da Fazenda e do Planejamento e Orçamento. Os valores podem sofrer alterações dependendo da inflação e do crescimento econômico nos anos correspondentes.
Gastos públicos e equilíbrio fiscal
O aumento do salário mínimo gera um impacto significativo nas contas públicas, já que benefícios previdenciários e assistenciais são atrelados ao piso. Estima-se que cada R$ 1 de aumento no salário mínimo represente uma despesa adicional de R$ 392 milhões ao governo. A nova regra, que limita o ganho real a 2,5%, foi projetada para conter esses gastos, com uma economia prevista de R$ 2 bilhões em 2025 e até R$ 110 bilhões até 2030, segundo a Tendências Consultoria.
O orçamento de 2025, sancionado em abril, destinou R$ 9,3 bilhões adicionais para cobrir despesas obrigatórias, como benefícios previdenciários, abono salarial e seguro-desemprego, ajustados ao novo piso. A Lei Orçamentária Anual (LOA) também prevê R$ 226,4 bilhões para educação e R$ 245,1 bilhões para saúde, respeitando os limites do Regime Fiscal Sustentável.
- Despesa por real: R$ 392 milhões adicionais por R$ 1 de aumento.
- Economia prevista: R$ 2 bilhões em 2025; R$ 110 bilhões até 2030.
- Orçamento 2025: R$ 9,3 bilhões extras para benefícios sociais.
Importância do piso salarial
O salário mínimo é um dos pilares do sistema econômico e social brasileiro, estabelecido pela Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) para uma jornada de 44 horas semanais. Ele garante uma remuneração mínima para trabalhadores formais e serve como base para benefícios sociais, impactando diretamente a renda de milhões de pessoas. A política de valorização, retomada em 2023, busca corrigir perdas inflacionárias e promover ganhos reais, ainda que limitados pela nova legislação.
A unificação do piso, consolidada em 1988, marcou um avanço na redução das desigualdades salariais regionais. Hoje, o salário mínimo é um instrumento essencial para movimentar a economia, estimular o consumo e assegurar condições mínimas de sustento, conforme previsto na Declaração Universal dos Direitos Humanos.
- CLT: Define o piso para jornadas de 44 horas semanais.
- Constituição de 1988: Unificou o salário mínimo nacionalmente.
- Direitos humanos: Garante sustento básico como direito universal.