Do seringal em Xapuri à pauta global da Amazônia: a trajetória de Chico Mendes mostra por que sua luta segue atual e indispensável.
Conheça a história de Chico Mendes, líder seringueiro do Acre, e entenda por que sua luta pela Amazônia continua atual e inspiradora.
Introdução
Em dezembro de 1988, o mundo parou para ouvir o nome de um seringueiro do interior do Acre: Chico Mendes. Para alguns, era apenas um líder sindical de Xapuri. Para outros, já se tornara um ícone global. Sua morte brutal não enterrou uma causa, mas deu vida a um movimento que continua ecoando em debates ambientais e sociais no Brasil e fora dele.
Três décadas depois, Chico Mendes permanece atual. A luta pela floresta amazônica, pelos povos da floresta e contra o desmatamento descontrolado continua sendo manchete. A diferença é que agora, em tempos de aquecimento global e COP30, o alerta que ele fez ecoar do Acre chega ao coração da política mundial.
Origens humildes
Francisco Alves Mendes Filho nasceu em 15 de dezembro de 1944, no seringal Porto Rico, em Xapuri. Filho de seringueiros pobres, cresceu entre estradas de seringa, barracões improvisados e a dura rotina da extração do látex. Desde cedo, entendeu o peso da floresta na vida da comunidade: era dela que vinham alimento, renda e dignidade.
Chico só aprendeu a ler aos 20 anos, com ajuda de amigos professores. O atraso escolar não impediu que se tornasse leitor voraz e militante engajado. Essa descoberta da palavra escrita o transformou: deu-lhe instrumentos para articular ideias, unir pessoas e desafiar estruturas de poder.
A luta dos seringueiros
Na década de 1970, a floresta amazônica começou a ser invadida pelo avanço da pecuária. Fazendeiros compravam terras, derrubavam seringais e expulsavam famílias tradicionais. Chico Mendes percebeu que, sozinho, cada seringueiro não tinha força. Organizado, o povo poderia resistir.
Foi assim que surgiram os empates: correntes humanas que se posicionavam diante de tratores e motosserras para impedir o desmatamento. Era uma forma de resistência pacífica e inovadora, que ganhou apoio dentro e fora do Acre. A estratégia rendeu vitórias e projetou Chico como liderança natural.
Em 1975, foi eleito presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Xapuri. Sua atuação ia além do sindicalismo: defendia escolas comunitárias, postos de saúde e alternativas sustentáveis de uso da floresta.
Reconhecimento internacional
A causa extrativista, liderada por Chico, rapidamente ultrapassou as fronteiras do Acre. Ele começou a receber convites para falar em universidades, congressos e encontros ambientais pelo mundo.
Em 1987, foi premiado pela ONU com o Global 500 Award, reconhecimento internacional por sua luta socioambiental. Estava claro que Chico Mendes não era mais apenas uma voz regional — era uma referência mundial na defesa da Amazônia e dos povos da floresta.
O assassinato que virou símbolo
A ascensão de Chico incomodou os grandes fazendeiros. As denúncias internacionais afetavam negócios bilionários de terra e gado. As ameaças se multiplicaram. Em 22 de dezembro de 1988, Chico Mendes foi assassinado na porta de sua casa, em Xapuri, com tiros de escopeta.
A notícia correu o mundo. Jornais como The New York Times e The Guardian estamparam seu rosto. Ambientalistas, artistas e políticos protestaram. O Brasil foi pressionado a dar respostas: investigar o crime, punir culpados e repensar suas políticas ambientais.
Seu assassinato não matou a causa — pelo contrário, a transformou em bandeira planetária.
Legado vivo
Dois anos depois de sua morte, em 1990, foi criada a Reserva Extrativista Chico Mendes, no Acre, área de 970 mil hectares destinada a famílias que vivem da floresta sem destruí-la. O modelo se espalhou pelo Brasil e tornou-se exemplo internacional de uso sustentável dos recursos naturais.
Hoje, Chico Mendes é lembrado em escolas, livros, documentários e até nas negociações climáticas internacionais. Seu nome está associado à resistência ambiental, à justiça social e à defesa dos direitos humanos.
Atualidade da sua luta
Por que Chico Mendes segue tão atual? Porque os problemas que ele denunciou — desmatamento, grilagem de terras, violência no campo — continuam. Pior: ganharam escala industrial.
Em tempos de COP30 e acordos climáticos, o Acre volta a ser citado como laboratório de soluções ambientais. As palavras de Chico, ditas em 1988, soam quase proféticas: “No começo pensei que estava lutando para salvar seringueiras, depois pensei que estava lutando para salvar a Amazônia. Agora percebo que estou lutando pela humanidade.”
Recursos visuais sugeridos
- Foto histórica de Chico Mendes em Xapuri.
- Infográfico: linha do tempo (1944–1990).
- Mapa da Reserva Extrativista Chico Mendes.
Conclusão
A vida de Chico Mendes ensina que a luta pela floresta é, antes de tudo, a luta pela vida. Seu legado ultrapassou fronteiras, desafiou governos e inspirou gerações. Do Acre para o mundo, sua voz ainda ecoa como alerta: preservar a Amazônia não é escolha — é condição de sobrevivência.
Por Eliton Lobato Muniz — Cidade AC News
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