quinta-feira, 18 dezembro, 2025

Protestos de agricultores colocam o acordo UE-Mercosul no centro de uma crise na Europa

A capital da Bélgica foi tomada por tratores, fumaça e tensão nesta quinta-feira (18/12). Conforme informações da imprensa internacional, agricultores de vários países europeus ocuparam ruas próximas ao Parlamento Europeu para protestar contra o acordo comercial entre a União Europeia (UE) e o Mercosul e contra mudanças na política agrícola do bloco.

A mobilização coincidiu com a reunião dos chefes de Estado e de governo dos 27 países da UE, considerada decisiva para o futuro do tratado negociado há mais de duas décadas. O pacto prevê a redução gradual de tarifas entre a Europa e os países do Mercosul, como Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai, e pode ser formalizado nos próximos dias.

Veja as fotos

Reprodução: X/@KieraDiss
Protesto em Bruxelas terminou em pneus queimados, vias bloqueadas e choque com a polícia localReprodução: X/@KieraDiss
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Protesto em Bruxelas terminou em pneus queimados, vias bloqueadas e choque com a polícia localReprodução: X/@KieraDiss
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Protesto em Bruxelas terminou em pneus queimados, vias bloqueadas e choque com a polícia localReprodução: X
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Protesto em Bruxelas terminou em pneus queimados, vias bloqueadas e choque com a polícia localReprodução: X
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Protesto em Bruxelas terminou em pneus queimados, vias bloqueadas e choque com a polícia localReprodução: X

O clima do protesto rapidamente se deteriorou. Imagens na internet mostram manifestantes incendiando pneus, arremessando batatas, pedras e outros objetos contra a polícia e causando danos a prédios da região da Praça de Luxemburgo. As forças de segurança reagiram com gás lacrimogêneo e canhões de água. Pelo menos uma pessoa ficou ferida, segundo autoridades locais.

Em um dos episódios mais tensos, um trator avançou em direção a uma linha de policiais de choque, sem deixar feridos. Jornalistas que cobriam o ato também foram alvo de hostilidade. A polícia de Bruxelas afirmou ter autorizado a presença de apenas 50 tratores, mas contabilizou mais de mil veículos agrícolas e cerca de 7 mil manifestantes.

Os agricultores afirmam que o acordo ameaça diretamente setores sensíveis da produção europeia, como carne bovina, aves, açúcar e soja. Eles alegam que produtores sul-americanos não estão sujeitos às mesmas exigências ambientais e sociais impostas pela União Europeia, o que, segundo os sindicatos, cria concorrência desleal.

O descontentamento também é alimentado por crises sanitárias recentes, como o surto de dermatose nodular contagiosa na França, que levou ao abate preventivo de rebanhos e ampliou a tensão entre produtores e autoridades.

No campo político, o acordo enfrenta resistência. França e Itália já indicaram oposição à assinatura imediata. O presidente francês, Emmanuel Macron, defende o adiamento da decisão e a inclusão de salvaguardas mais robustas para proteger os agricultores. A primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni, classificou a assinatura como “prematura” sem garantias adicionais.

Enquanto países como Alemanha e Espanha apoiam o pacto, a divisão interna torna o desfecho incerto. Para ser aprovado, o acordo precisa do apoio de pelo menos dois terços dos Estados-membros, que representam 65% da população da UE. No Brasil, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva vê o tratado como um ganho estratégico e diplomático, mas já sinalizou que pode desistir da assinatura caso o impasse se prolongue, em reunião ministerial recente.

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