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O clima do protesto rapidamente se deteriorou. Imagens na internet mostram manifestantes incendiando pneus, arremessando batatas, pedras e outros objetos contra a polícia e causando danos a prédios da região da Praça de Luxemburgo. As forças de segurança reagiram com gás lacrimogêneo e canhões de água. Pelo menos uma pessoa ficou ferida, segundo autoridades locais.
Em um dos episódios mais tensos, um trator avançou em direção a uma linha de policiais de choque, sem deixar feridos. Jornalistas que cobriam o ato também foram alvo de hostilidade. A polícia de Bruxelas afirmou ter autorizado a presença de apenas 50 tratores, mas contabilizou mais de mil veículos agrícolas e cerca de 7 mil manifestantes.
Os agricultores afirmam que o acordo ameaça diretamente setores sensíveis da produção europeia, como carne bovina, aves, açúcar e soja. Eles alegam que produtores sul-americanos não estão sujeitos às mesmas exigências ambientais e sociais impostas pela União Europeia, o que, segundo os sindicatos, cria concorrência desleal.
O descontentamento também é alimentado por crises sanitárias recentes, como o surto de dermatose nodular contagiosa na França, que levou ao abate preventivo de rebanhos e ampliou a tensão entre produtores e autoridades.
No campo político, o acordo enfrenta resistência. França e Itália já indicaram oposição à assinatura imediata. O presidente francês, Emmanuel Macron, defende o adiamento da decisão e a inclusão de salvaguardas mais robustas para proteger os agricultores. A primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni, classificou a assinatura como “prematura” sem garantias adicionais.
Enquanto países como Alemanha e Espanha apoiam o pacto, a divisão interna torna o desfecho incerto. Para ser aprovado, o acordo precisa do apoio de pelo menos dois terços dos Estados-membros, que representam 65% da população da UE. No Brasil, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva vê o tratado como um ganho estratégico e diplomático, mas já sinalizou que pode desistir da assinatura caso o impasse se prolongue, em reunião ministerial recente.









