A companhia aérea Azul enfrentou um primeiro trimestre de 2025 desafiador, com um prejuízo líquido ajustado de R$ 1,816 bilhão, um salto de 460,4% em relação ao mesmo período de 2024. Apesar disso, a empresa registrou um lucro líquido sem ajustes de R$ 783,1 milhões, revertendo o prejuízo de R$ 1,118 bilhão do ano anterior. Fatores como a desvalorização do real, alta nos preços de combustíveis e aumento da capacidade impulsionaram os números, mas também pressionaram os resultados financeiros. Este cenário reflete as dificuldades do setor aéreo, que lida com custos elevados e volatilidade econômica.
A receita líquida da Azul cresceu 15,3%, alcançando R$ 5,39 bilhões, impulsionada por um aumento de 15,6% na capacidade medida em assentos-quilômetro oferecidos (ASK). O destaque foi o crescimento de 39,2% nas operações internacionais, que compensaram parcialmente os desafios domésticos. No entanto, o Ebitda caiu 2,1% em base anual, totalizando R$ 1,385 bilhão, refletindo pressões de custo. A seguir, detalhamos os principais aspectos do balanço e os fatores que influenciaram os resultados.
- Crescimento robusto: Receita líquida subiu 15,3%, atingindo R$ 5,39 bilhões.
- Expansão internacional: Operações fora do país cresceram 39,2%.
- Pressão de custos: Combustíveis e câmbio impactaram o Ebitda.
- Prejuízo ajustado: Alta de 460,4% reflete ajustes financeiros.

Resultados financeiros detalhados
O balanço do primeiro trimestre de 2025 da Azul revelou um cenário misto. A companhia aérea conseguiu reverter o prejuízo líquido sem ajustes, registrando um lucro de R$ 783,1 milhões, contra uma perda de R$ 1,118 bilhão no mesmo período de 2024. Esse resultado foi impulsionado por uma forte demanda por passagens e pelo aumento da receita unitária (RASK), que atingiu R$ 42,14 centavos, mesmo com a expansão da capacidade.
No entanto, o prejuízo líquido ajustado de R$ 1,816 bilhão destacou os desafios financeiros enfrentados pela empresa. A desvalorização do real em relação ao dólar elevou os custos operacionais, especialmente aqueles ligados a combustíveis e contratos de leasing de aeronaves, que são denominados em moeda estrangeira. Além disso, a inflação pressionou despesas como salários e manutenção, impactando a margem operacional.
O Ebitda, que mede o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização, caiu 2,1% em relação ao primeiro trimestre de 2024, ficando em R$ 1,385 bilhão. Apesar do crescimento de 29,4% no Ebitda bruto, os ajustes contábeis e as pressões de custo limitaram o desempenho. A margem Ebitda, que reflete a eficiência operacional, também foi afetada, caindo para 25,7%.
- Lucro sem ajustes: R$ 783,1 milhões, revertendo prejuízo anterior.
- Ebitda bruto: Crescimento de 29,4%, mas ajustes reduziram o número final.
- Custos em alta: Câmbio e combustíveis foram os principais vilões.
- Margem pressionada: Ebitda caiu para 25,7%, refletindo desafios operacionais.
Fatores que pressionaram o balanço
A Azul enfrentou um ambiente econômico adverso no primeiro trimestre de 2025. A desvalorização do real frente ao dólar foi um dos principais fatores de pressão, já que grande parte dos custos operacionais da companhia, como combustível e arrendamento de aeronaves, é dolarizada. Em 2025, o dólar atingiu picos acima de R$ 5,60, encarecendo essas despesas.
Os preços dos combustíveis de aviação também subiram, impulsionados pela volatilidade no mercado internacional de petróleo. Dados do setor indicam que o querosene de aviação (QAV) representou cerca de 35% dos custos operacionais das companhias aéreas no período. Para a Azul, que opera uma frota diversificada em rotas domésticas e internacionais, esse aumento foi particularmente impactante.
Além disso, a inflação doméstica elevou os custos com mão de obra e serviços. A companhia, que emprega milhares de funcionários em todo o país, enfrentou reajustes salariais e despesas adicionais com treinamento e manutenção. Esses fatores, combinados com a necessidade de manter tarifas competitivas, comprimiram as margens de lucro.
Crescimento da capacidade e operações internacionais
Apesar dos desafios financeiros, a Azul ampliou significativamente sua capacidade no primeiro trimestre de 2025. A oferta de assentos-quilômetro (ASK) cresceu 15,6% em relação ao mesmo período de 2024, com destaque para as operações internacionais, que registraram um aumento de 39,2%. Esse crescimento reflete a estratégia da companhia de diversificar suas rotas e capturar a demanda por viagens ao exterior.
As rotas internacionais, especialmente para destinos na América do Sul, Europa e Estados Unidos, foram impulsionadas pela recuperação do turismo e pela retomada de viagens corporativas. A Azul opera voos para cidades como Lisboa, Orlando e Buenos Aires, utilizando aeronaves modernas como o Airbus A330. A expansão dessas rotas contribuiu para o aumento da receita líquida, que atingiu R$ 5,39 bilhões.
No mercado doméstico, a Azul manteve sua liderança em número de destinos atendidos, operando em mais de 150 cidades. A companhia também investiu na renovação de sua frota, incorporando aeronaves mais eficientes, como o Embraer E2, que reduz o consumo de combustível. Apesar disso, a concorrência acirrada com outras companhias aéreas limitou o crescimento das tarifas.
- Expansão internacional: Crescimento de 39,2% em ASK fora do país.
- Liderança doméstica: Mais de 150 destinos atendidos no Brasil.
- Frota renovada: Uso de aeronaves Embraer E2 para maior eficiência.
- Concorrência acirrada: Pressão sobre tarifas no mercado interno.
Desempenho das ações na bolsa
As ações da Azul (AZUL4) sofreram forte volatilidade em 2025, especialmente após a divulgação do balanço do primeiro trimestre. Na véspera do anúncio, os papéis dispararam 10%, impulsionados por expectativas otimistas de analistas. No entanto, após a publicação dos resultados, as ações caíram 13% na abertura do pregão, refletindo a surpresa negativa com o prejuízo ajustado de R$ 1,816 bilhão.
Em abril de 2025, as ações da Azul já haviam desabado 41%, impactadas por uma oferta pública de ações que captou R$ 1,66 bilhão, bem abaixo do esperado. A emissão, destinada a reduzir a dívida de R$ 11 bilhões, provocou diluição dos acionistas e pressionou o valor de mercado da companhia, que chegou a furar o piso de R$ 1 bilhão.
O JPMorgan, em relatório de abril, retirou o preço-alvo para as ações da Azul, que anteriormente era de R$ 9,50, citando incertezas sobre a reestruturação financeira. Apesar disso, alguns analistas mantêm projeções positivas, destacando o crescimento da receita e a força operacional da companhia.
Estratégias de reestruturação financeira
A Azul avançou em seu plano de reestruturação da dívida em 2025, buscando aliviar a pressão financeira. Em abril, a companhia anunciou um aumento de capital de R$ 1,6 bilhão a R$ 4,1 bilhões, com a conversão de títulos em ações representando a maior parte do montante. A oferta, no entanto, ficou aquém do esperado, captando apenas R$ 1,66 bilhão.
A reestruturação incluiu a liquidação de instrumentos de capital com locadores, resultando em um desconto de R$ 1,8 bilhão, e a emissão de nova dívida de US$ 525 milhões. A companhia também planeja converter até US$ 785 milhões em títulos de 2029 e 2030 em ações, reduzindo o endividamento. Essas medidas visam melhorar a liquidez e sustentar os investimentos em frota e expansão.
Apesar dos esforços, a dívida líquida da Azul permanece elevada, em cerca de R$ 11 bilhões. A companhia enfrenta o desafio de equilibrar os investimentos em crescimento com a necessidade de reduzir o endividamento, em um contexto de alta de juros e volatilidade cambial.
- Aumento de capital: Oferta captou R$ 1,66 bilhão, abaixo da meta.
- Conversão de dívida: Títulos de 2029/30 serão transformados em ações.
- Desconto com locadores: Redução de R$ 1,8 bilhão no passivo.
- Dívida persistente: Total de R$ 11 bilhões pressiona o balanço.
Reação do mercado e expectativas
O mercado reagiu com cautela aos resultados da Azul no primeiro trimestre de 2025. Analistas do BTG Pactual estimavam um prejuízo líquido menor, de R$ 342 milhões, e ficaram surpresos com o salto no prejuízo ajustado. A receita líquida, no entanto, superou as projeções, atingindo R$ 5,39 bilhões contra os R$ 5,2 bilhões esperados.
A disparada de 10% nas ações na véspera do balanço refletiu otimismo com a recuperação da demanda por viagens e a expansão internacional. Porém, a queda de 13% após a divulgação dos números mostrou a preocupação com os custos operacionais e a dívida. Posts no X destacaram a dualidade dos resultados, com a receita em alta, mas o prejuízo ajustado surpreendendo negativamente.
Alguns analistas mantêm uma visão otimista, apontando que a Azul está bem posicionada para capturar o crescimento do setor aéreo. A demanda por viagens internacionais e a renovação da frota são vistos como pontos fortes. No entanto, a gestão da dívida e a contenção de custos serão cruciais para melhorar os resultados futuros.
Operações e frota em destaque
A Azul opera uma das frotas mais diversificadas do setor aéreo brasileiro, com aeronaves da Embraer, Airbus e ATR. No primeiro trimestre de 2025, a companhia incorporou novos jatos Embraer E2, que oferecem maior eficiência no consumo de combustível. A frota, composta por mais de 180 aeronaves, permite à Azul atender tanto rotas regionais quanto destinos internacionais.
A companhia também investiu em tecnologia para melhorar a experiência do cliente. Sistemas de check-in online e serviços de bordo personalizados foram implementados em voos internacionais, aumentando a satisfação dos passageiros. A Azul mantém uma taxa de ocupação média de 80%, uma das mais altas do setor.
No mercado doméstico, a Azul opera voos para cidades de pequeno e médio porte, muitas vezes sem concorrência direta. Essa estratégia fortalece sua posição em nichos regionais, mas também exige altos investimentos em manutenção e infraestrutura.
Cenário do setor aéreo em 2025
O setor aéreo brasileiro enfrenta um ano de recuperação, mas com desafios significativos. A demanda por viagens cresceu 12% no primeiro trimestre de 2025, impulsionada pela retomada do turismo e eventos corporativos. No entanto, os custos operacionais subiram devido à alta do querosene de aviação e à desvalorização do real.
A concorrência entre as companhias aéreas se intensificou, com promoções de tarifas para atrair passageiros. A Azul, que lidera em número de destinos domésticos, enfrenta pressão de rivais como Gol e Latam, que também investem em expansão. Além disso, a instabilidade econômica global, com incertezas sobre taxas de juros, afeta o planejamento das empresas.
A Gol, por exemplo, enfrentou uma queda de 25,21% em suas ações após anunciar um aumento de capital, impactando também a Azul devido à combinação de negócios em andamento. O setor como um todo busca equilibrar crescimento e sustentabilidade financeira em um ambiente volátil.
- Demanda em alta: Crescimento de 12% no tráfego de passageiros.
- Custos elevados: Querosene de aviação subiu 15% no período.
- Concorrência intensa: Promoções de tarifas limitam margens.
- Volatilidade global: Juros e câmbio afetam o setor.
Investimentos em sustentabilidade
A Azul tem se destacado por iniciativas de sustentabilidade no setor aéreo. Em 2025, a companhia anunciou a meta de reduzir emissões de carbono em 20% até 2030, investindo em combustíveis sustentáveis (SAF) e aeronaves mais eficientes. O uso do Embraer E2, que consome até 25% menos combustível, é parte dessa estratégia.
A companhia também participa de programas de compensação de carbono, permitindo que passageiros neutralizem suas emissões por meio de contribuições voluntárias. Essas ações reforçam a imagem da Azul como uma empresa comprometida com práticas ambientais, atraindo investidores e clientes preocupados com sustentabilidade.
No primeiro trimestre, a Azul assinou parcerias com produtores de biocombustíveis para garantir o fornecimento de SAF em rotas selecionadas. Embora o custo desses combustíveis seja mais alto, a companhia espera que a demanda por voos sustentáveis compense o investimento.
Perspectivas operacionais
A Azul planeja continuar expandindo suas operações internacionais, com novos destinos na Europa e América do Norte previstos para o segundo semestre de 2025. A companhia também aposta no crescimento do turismo doméstico, com promoções para destinos como Porto Seguro e Recife.
A renovação da frota seguirá como prioridade, com a entrega de mais aeronaves Embraer E2 e Airbus A320neo ao longo do ano. Esses investimentos visam melhorar a eficiência operacional e reduzir os custos unitários, embora exijam capital significativo em um momento de alta dívida.
A companhia também está aprimorando seus serviços de carga, que registraram crescimento de 10% no primeiro trimestre. A divisão Azul Cargo opera em mais de 100 cidades, transportando desde produtos perecíveis até equipamentos médicos, e é uma fonte crescente de receita.