Obras inacabadas, insegurança e êxodo populacional expõem falhas acumuladas em duas décadas de poder do PT no Estado.
📍 Rio Branco – AC | Atualizado em 02/10/2025

Durante 20 anos de hegemonia política no Acre, os governos do PT não estruturaram programas consistentes para a juventude. O resultado, segundo críticos, é visível: falta de oportunidades, crescimento da população carcerária entre 18 e 32 anos, insegurança pública e um êxodo estimado em mais de 34 mil acreanos, conforme dados oficiais do IBGE – Censo 2022.
Juventude esquecida
A juventude acreana nunca esteve no centro das prioridades de governo ao longo de duas décadas de gestões petistas. Enquanto Jorge Viana tenta retornar ao Senado, a ausência de políticas públicas consistentes para jovens entre 15 e 29 anos se revela uma das marcas mais pesadas do passado recente.
Hoje, a realidade fala por si: a maior parte da população carcerária do Acre é formada por jovens adultos. Muitos nasceram ou cresceram justamente durante os anos em que PT esteve no poder. O vácuo de programas de inclusão, cultura, esporte, capacitação profissional e geração de renda contribuiu para empurrar milhares de jovens para a marginalidade ou para o desemprego.
Êxodo populacional
De acordo com o Censo 2022/IBGE, o Acre perdeu entre 34 e 39 mil moradores por migração líquida no período de 2017 a 2022. O saldo negativo é um reflexo da falta de oportunidades, da insegurança e da baixa industrialização. Famílias inteiras têm se mudado para Rondônia, Amazonas, Goiás, Mato Grosso e até para o Sudeste, em busca de uma vida melhor.
Herança das obras inacabadas

O portal Cidade AC News vem mostrando, semana após semana, exemplos de estruturas que viraram “elefantes brancos” no Acre. Entre elas, a ZPE do Acre, anunciada como motor de desenvolvimento econômico. Após anos de atraso, foi regularizada e entrou em fase de alfandegamento em 2025 — mas ainda carrega a pecha de oportunidade perdida.
Outros exemplos são a Escola de Gastronomia da Cidade do Povo, a NATEX – Fábrica de preservativos de Xapuri e o Complexo Industrial de Xapuri, todos projetos que consumiram milhões e não entregaram resultados proporcionais.
Projetos que não foram pra frente (fracassos documentados)
| Projeto | Status atual | Onde travou / falhou |
|---|---|---|
| Peixes da Amazônia S.A. | Falência decretada em 2024, em leilão | Cadeia invertida (fábrica antes de produção), dívidas, abandono, mercado sem fôlego. |
| NATEX – Fábrica de preservativos (Xapuri) | Operação intermitente; atualmente paralisada | Má gestão, falta de continuidade política, promessa de modernização sem base real. |
| Complexo de Xapuri | Estrutura existe, mas subutilizada | Projeto mal estruturado, pouca fiscalização, baixa produção e falta de gestão continuada. |
| Piscicultura no Amazonas | Retrocesso (-25% produção 2023–2024) | Crédito escasso, insegurança jurídica, licenciamento caro, mercado incerto. |
| Carcinicultura com camarão japonês | Descontinuado (anos 80) | Espécie mal adaptada, custos altos, inviabilidade ecológica. |
Projetos em teste de fogo (existem, mas podem virar problema)
| Projeto | Status atual | Risco de virar fracasso / potencial de sucesso |
|---|---|---|
| Escola de Gastronomia da Cidade do Povo | Funcionando, com cursos e oficinas | Estrutura entregue e ativa, mas depende de verba pública, escala pequena e integração real com mercado de trabalho. |
Projetos que deram certo (com ressalvas)
| Projeto | Status atual | Comentário rápido |
|---|---|---|
| Parque da Maternidade Bárbara Heliodora | De pé, ativo e símbolo urbano | Urbanizou, embelezou e trouxe cultura. Mas precisa de manutenção constante e programação de uso pra não degringolar. |
Insegurança como marca
O Acre foi diretamente impactado pela expansão de facções criminosas como PCC e CV, que chegaram ao estado em meados da década de 2010. Essa penetração rápida e agressiva transformou o cenário da violência local: em 2016 e 2017, o estado registrou recordes de homicídios e figurou entre os mais violentos do país. O que antes eram conflitos pontuais se converteu em domínio territorial, com facções recrutando jovens, controlando bairros inteiros e disputando rotas do tráfico de drogas.
O crescimento da criminalidade não foi obra do acaso. É reflexo direto da política no Acre, marcada pela ausência quase absoluta de programas estruturados voltados para a juventude. Em vez de esporte, cultura, qualificação profissional e prevenção, milhares de jovens acreanos foram empurrados para a marginalidade, tornando-se alvo fácil do crime organizado. Cada estatística de homicídio traduz uma história interrompida pela falta de oportunidades e pela negligência estatal.
Esse ciclo vicioso é cruel: famílias acuadas, comunidades reféns, jovens sem perspectiva e um sistema de segurança pública que sempre corre atrás do prejuízo. A política no Acre não conseguiu reagir com inteligência, integração e firmeza. Ao contrário, muitas vezes as medidas foram improvisadas, fragmentadas e reativas, sem atacar a raiz do problema.
Hoje, os resultados estão à vista de todos. A violência não é apenas uma manchete, mas uma realidade cotidiana que restringe a liberdade, provoca medo e atinge a economia, o turismo e a confiança da população. O Acre carrega a marca da insegurança porque falhou em compreender que combater facções não se faz apenas com armas e prisões — mas também com investimento em gente, em educação, em trabalho e em esperança. A herança da política no Acre é, portanto, também a herança da insegurança.
Desafios gerais em todo o Estado
- Isolamento geográfico: quatro municípios (Jordão, Santa Rosa do Purus, Porto Walter e Marechal Thaumaturgo) só são acessíveis por avião ou barco, sem ligação rodoviária.
- Falta de medicamentos: o CRM-AC constatou em 2022 a ausência de dipirona injetável e furosemida na UPA do 2º Distrito, além da falta de ambulância para transporte a hospitais de referência.
- Colapso em situações extremas: em 2021, os leitos de UTI chegaram a 100% da capacidade durante a pandemia, forçando o estado a decretar calamidade (Agência de Notícias do Acre).
- Escassez de mão de obra: dificuldade histórica de fixar médicos, enfermeiros e especialistas em regiões isoladas.
Resumo geral — UPAs que funcionaram vs. falhas estruturais
| Unidade / Contexto | Status Ativo? | Pontos Positivos | Falhas ou Riscos perceptíveis |
|---|---|---|---|
| UPA do 2º Distrito – Rio Branco | Funciona | Atendimento ágil, equipe dedicada, fluxo alto | Falta de insumos básicos, desgaste da equipe |
| UPA do Juruá – Cruzeiro do Sul | Funciona | Habilitada como média/alta complexidade, R$ 2,7 mi/ano | Ainda precisa mostrar na prática toda essa estrutura |
| Outras UPAs rurais (22 municípios) | Parcial | Estrutura básica local | Falta de médicos, equipamentos e condições precárias |
| Situações extremas (enchentes, pandemia) | Colapso | Mobilização emergencial | UTI saturada, sem retaguarda |
Comparação nacional e discurso político
Assim como ocorre no Brasil, quando se tenta atribuir todos os problemas atuais a um único governo recente, no Acre o discurso político insiste em ignorar os efeitos acumulados de 20 anos de escolhas equivocadas.
Consequência prática para o leitor
Essas heranças não são apenas números ou estatísticas distantes. Afetam a vida cotidiana:
- Menos oportunidades para jovens que buscam o primeiro emprego.
- Famílias separadas pelo êxodo forçado.
- Escolas e projetos comunitários abandonados que poderiam servir à população.
- Aumento da violência que restringe a liberdade de ir e vir.
Conclusão
O Acre carrega uma conta alta deixada pela inércia e pelos equívocos de duas décadas de gestão. Juventude esquecida, obras inacabadas, insegurança e êxodo populacional são marcas que ainda pesam no presente.
A pergunta que não quer calar é: quem assume a responsabilidade por 20 anos de heranças que ainda custam caro ao povo acreano?
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Por Eliton Lobato Muniz — Cidade AC News
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Editorial do Portal
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